Ao receber hoje em Castel Gandolfo os bispos de Benin (África) que acabam de realizar sua visita "ad limina", o Papa Bento XVI pediu para evitar que "introduzam-se na liturgia elementos culturais incompatíveis com a fé cristã ou ações que possam gerar confusão".

Aludindo ao contexto cultural deste país da África ocidental, colônia francesa até 1960, o Santo Padre destacou a necessidade de que "a presença da Igreja se manifeste por meio de sinais visíveis que indiquem o sentido autêntico de sua missão entre os entes humanos", ressaltando especialmente as celebrações litúrgicas. Estas, disse, "são um eloqüente testemunho de fé de suas comunidades no próprio coração da sociedade".

A respeito, o Pontífice advertiu que para evitar que "se introduzam na liturgia elementos culturais incompatíveis com a fé cristã ou ações que possam gerar confusão, deve-se assegurar aos seminaristas e aos sacerdotes uma sólida formação litúrgica, permitindo aprofundar no conhecimento dos fundamentos, do significado e do valor teológico dos ritos litúrgicos".

Em seu discurso, o Papa falou sobre a influência das tradições na vida social, assinalando que "é necessário estimular seus melhores aspectos e rechaçar as manifestações que causam prejuízo, alimentam o medo e excluem ao próximo". Assim, afirmou que "para ajudar aos fiéis a confrontar a fé com as crenças da tradição é importante uma sólida formação cristã", que também "lhes permita aprender a rezar com confiança".

Em outro momento de seu discurso breve, o Santo Padre elogiou a valente defesa dos valores da vida e a família que os bispos benineses tinham realizado em meio a circunstâncias adversas, enfrentando-se a "ideologias que propõem modelos e atitudes opostas a uma autêntica concepção da vida humana".

Ao refletir nos diversos âmbitos nos que deve dar uma correta relação entre a fé e a cultura, o Pontífice se referiu ao matrimônio. "As dificuldades para comprometer-se no matrimônio cristão e para viver em fidelidade aos compromissos adquiridos, obstáculos freqüentemente relacionados com a cultura e as tradições, exigem não só uma séria preparação a este sacramento, mas também um acompanhamento permanente das famílias, em particular nos momentos de maior dificuldade".

Por último, Bento XVI expressou sua satisfação pela "atmosfera de compreensão recíproca que caracteriza as relações entre cristãos e muçulmanos" neste país, assinalando que para evitar a intolerância e a violência "terá que perseguir um diálogo sincero, baseado em um conhecimento recíproco cada vez mais autêntico".