Ante a cobertura mediática "superdimensionada" dos casos de abuso sexual protagonizados por membros do clero, o Arcebispo de Bucaramanga, Dom Víctor Manuel López Forero, recordou que estes episódios "aberrantes som a exceção" e lamentou que muitos meios difamem à Igreja com o apoio das pessoas "menos indicadas".

Em uma reflexão publicada pelo jornal El Frente, Dom López explicou que "merecem recriminação os meios de comunicação, que nesta matéria e para sentar doutrina, vão a pessoas pouco solventes moralmente e, menos, autorizadas para opinar sobre o tema", acrescentou.

Para o Arcebispo, "um laico ateu ou ressentido, um clérigo movido por sentimentos de ódio e de vingança, ou um sacerdote que renuncia a seu ministério por faltas graves no campo do celibato e a castidade, ou um seminarista que por parecidas razões é excluído do Seminário são as pessoas menos indicadas e autorizadas para falar sobre a fidelidade sacerdotal. Tão pouco se pode ter como doutrina reta a novelesca opinião de um escrito ou imagem televisiva que procura celebridade e ‘se faz propaganda’ denegrindo de outros, especialmente do clero e da Igreja".

"É injusto e desconsiderado, portanto, generalizar, como o vieram fazendo alguns meios de comunicação falados e escritos, superdimensionando os fatos e aproveitando-os para continuar seu malévolo e áspero propósito de difamar à Igreja, fazendo ornamento de seu ateísmo e de seu inconfundível radicalismo com traços de maçonaria, distorcendo a verdade, e confundindo à Igreja com uma ONG ou com uma associação qualquer", indicou.

Do mesmo modo, afirmou que "o sacerdote não é um ermitão, mas sim um homem que indevidamente vive dentro de um mundo cada dia mais erotizado, onde as noções e valores do sexo deram um tombo total, cujos efeitos quase que agora não começam a perceber-se. Não é que o sacerdote, por essa razão, esteja pedindo tolerância para suas faltas. Mas sim espera algo mais de lógica e de sentido humano ao julgar os fatos e ao sugerir as penas, especialmente por parte de alguns legisladores e comunicadores, que generalizam e exigem alguns castigos violatórios da dignidade de toda pessoa humana -assim sejam criminais- e de seus fundamentais direitos: por exemplo, castrações e publicações ignominiosas".

Neste sentido, esclareceu que "para os que pertencemos à Igreja, uma falta como as quais comentamos constitui uma verdadeira pena de família. Desgraçadamente, entre os comunicadores abundam os que parecem deleitar-se com a dor alheia e em rasgar a ferida ainda lhe sangrem, nem sempre procurando o ‘esplendor da verdade’. Agora bem, aos que simplesmente têm à Igreja como objeto de sua antipatia, e às vezes de seu ódio, só lhes dizemos que de parte nossa não encontrarão correspondência a esses sentimentos: porque somos cristãos e os cristãos perdoam e não devolvemos mal por mal".

O Arcebispo esclareceu que os bispos não começarão a "organizar sistemas de espionagem contra os sacerdotes, que em sua imensa maioria são homens amadurecidos e virtuosos, que no desempenho de sua missão contam com a confiança dos superiores e com a aceitação do povo cristão".

Recordou que além das sanções civis, há diretivas eclesiásticas "provocadas pelo repúdio a esses fatos vergonhosos" que contemplam "penas tão graves como a expulsão do sacerdócio e a redução ao estado laico", proporcionadas à gravidade dos delitos, mas que "não podem ser aplicadas com desconhecimento do direito natural e canônico, que estabelece procedimentos apropriados para esses casos".

"Não poucas vezes os meios de comunicação social, ao ventilar um problema de um sacerdote ou de um religioso, neste plano, generalizam e a mancha de um a estendem a todos. Este proceder, a mais de equívoco e de causar bastante dano, é carente de ética e injusto com a imensa maioria de sacerdotes e religiosos que lutam por ser fiéis a seus compromissos e dão exemplo de vida honesta e virtuosa", assinala.

O Arcebispo recordou que "frente a um sacerdote que falha são muitíssimos mais os que se levantam a cada manhã com a intenção de oferecer a vida inteira no serviço à Igreja como testemunhas de Jesus".

"Deve ficar claro aos fiéis católicos e a toda a comunidade que os bispos, sacerdotes e religiosos nos sentimos profundamente doídos e seriamente preocupados com o escândalo dado por alguns clérigos, que, embora escassos em número, produziram um grave e irreparável dano com seus pecados e delitos sexuais. Estamos convencidos de que a esta dolorosa realidade a única resposta é a Santidade de vida", concluiu.

Se desejar ler o texto na íntegra, em espanhol, visite: http://www.elfrente.com.co/index.php?option=com_content&task=view&id=958&Itemid=498