Em um enérgico comunicado divulgado nesta quarta-feira, os bispos da Guatemala assinalaram que a campanha para legalizar o aborto no mundo lançada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é "uma guerra dos capitalistas contra os mais fracos".

O documento de quatro páginas recorda que em 2003 a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um documento que leva por título:  "Aborto sem Riscos, Guia técnico e de políticas para Sistemas de Saúde", cuja finalidade, segundo os Prelados  é "promover, nos estados membros, o treinamento e equipamento dos serviços de saúde para assegurar que os abortos sejam seguros e acessíveis".

Logo depois de expor os orçamentos pró abortistas do documento, os Bispos da Guatemala assinalam que estes "servem de apóio para indicar que o prover serviços adequados para um aborto cedo salva a vida das mulheres e evita os custos, usualmente substanciais, do tratamento de complicações previsto no aborto inseguro". 

"Também constitui uma proposta do documento que se realizem abortos em hospitais escola, o qual é considerado particularmente importante para assegurar que um conjunto relevante de profissionais seja competente na prestação de serviços de aborto durante os plantões de treinamento clínico", acrescenta o comunicado episcopal.

Segundo o episcopado o documento da OMS, alenta que se acreditam políticas que facilitem o acesso a serviços de aborto sem riscos em todos os casos nos quais permita a lei assim como a criação e facilitação de ambientes políticos que permitam a aprovação do aborto seguro e a eliminação de barreiras administrativas e regulatórias existentes".

O comunicado do episcopado guatemalteco responde a esta proposta recordando que "todo homem, aberto sinceramente à verdade e ao bem, até entre dificuldades e incertezas, com a luz da razão e não sem o influxo secreto da graça, pode chegar a descobrir na lei natural escrita em seu coração, o valor sagrado da vida humana desde seu início até seu término".

Os bispos assinalam que no caso da campanha abortista lançada pela OMS  "se pode falar de uma guerra dos capitalistas contra os fracos", porque "a vida que exigiria mais acolhida, amor e cuidado é tida por inútil, ou considerada como um peso insuportável e, portanto, desprezada de muitos modos.  Se desencadeia assim uma espécie de conjura contra a vida". 

Os bispos denunciam que "se acusa à Igreja católica de favorecer de fato o aborto ao continuar obstinadamente ensinando a ilicitude moral da anticoncepção"; mas assinalam que "os anti-valores inerentes à mentalidade anticoncepcional, bem diversa do exercício responsável pela paternidade e maternidade, respeitando o significado pleno do ato conjugal, são tais que fazem precisamente mais forte esta tentação, ante a eventual concepção de uma vida não desejada". 

Os bispos reafirmam que "entre todos os delitos que o homem pode cometer contra a vida, o aborto procurado tem características que o torna um delito particularmente grave";  por isso, "a aceitação do aborto na mentalidade, nos costumes e na mesma lei é sinal evidente de uma perigosíssima crise do sentido moral, que é cada vez mais incapaz de distinguir entre o bem e o mal, inclusive quando está em jogo o direito fundamental à vida".