Na Índia, o cada vez mais comum uso de tecnologias que permitem às mães conhecer o sexo de seus bebês aumentou rapidamente os abortos de meninas no país, conforme informam ativistas e membros da administração pública.

Procedimentos como as ecografias e a amniocentese que permitem conhecer o sexo do bebê são ilegais na Índia. Entretanto muitas mulheres os usam e em muitos casos, ao conhecer que esperam uma menina, abortam-na. Segundo cifras do governo, cerca de 10 milhões de meninas foram assassinadas desta forma nos últimos 20 anos.

"A seleção do sexo foi o principal culpado de que descenda o rateio de natalidade feminina no país", manifestou Pravir Krishna, um porta-voz do Ministério da Saúde em um encontro sobre o papel das provas de comprovação de sexo na morte das meninas não nascidas. "A tecnologia nos deu muitos benefícios, mas este é um aspecto da tecnologia que nos deu um sério problema", afirmou.

Um grande setor da população na Índia considera que os meninos trazem um pão sob o braço e que cuidarão de seus pais ao crescer, e vê às filhas como uma carga pela qual terão que pagar caros dotes para que se casem, razão de peso na hora de decidir acabar com a vida de suas pequenas.

Por outro lado, um censo realizado em 2001 revelou que haviam 927 meninas para cada mil meninos no grupo de idade de menores de seis anos, frente às 945 de 1991.

No mês passado, a polícia descobriu 30 bolsas que continham partes do corpo de bebês abortadas e recém-nascidos em um poço abandonado perto de uma clínica no leste da Índia, o que gerou um árduo debate no país.