O Bispo de Baucau, Dom Basílio do Nascimento, condenou duramente a onda de violência que açoita Timor Leste ocasionada por militantes da Frente Revolucionária do Timor Leste Independente (Fretilin), e exigiu que se investigue o ataque contra o orfanato e o colégio salesiano São João Bosco, ocorrido em 10 de agosto, no qual foram violadas várias alunas.

"É um momento muito triste para mim e para a população de Baucau e de todo Timor Leste, por causa da violência que impera. Ninguém tem respeito pelo próximo como ser humano. Comportam-se como animais, por interesses políticos", expressou o Prelado à agência EFE.

O Bispo denunciou "a atitude irresponsável e imoral de certas pessoas, que destroçam e queimam" edifícios públicos e centros religiosos. Por isso, exigiu às autoridades que "prendam os suspeitos e autores intelectuais destes atos de vandalismos, e os levem ante a justiça".

Por outro lado, o Superior dos Salesianos, Pe. Basilio Maria Ximenes, disse que o ataque o realizaram militantes de Fretilin. "Os jovens desses grupos que atacaram o convento e a escola são militantes do partido Fretilin. Meu pessoal e estudantes reconheceram a alguns dos sujeitos que violaram meus estudantes no convento", assinalou.

O Superior dos Salesianos indicou que os membros deste partido consideram sacerdotes e religiosas como seus inimigos. "Condeno esta tragédia, que a chamo assim porque ocorreu no convento, em um lugar sagrado e as meninas entre as quais há uma que tem apenas oito anos", expressou.

Os distúrbios no Timor Leste começaram logo que o Presidente José Ramos Horta nomeou como Primeiro-ministro a Xanana Gusmao, do Conselho Nacional para a Reconstrução de Timor Leste (CNRT); e não a algum representante de Fretilin, formado principalmente por muçulmanos. O Fretilin ganhou as eleições legislativas de 30 de junho. Entretanto, a aliança de quatro partidos permitiu a nomeação de Gusmao como Primeiro-ministro.

Timor Leste, país de maioria católica, foi primeiro colônia portuguesa até obter sua liberação a finais da década de 70. Entretanto, imediatamente foi anexada pelo Indonésia, país muçulmano que delegou o poder de Timor à minoria islâmica.

Durante esse período houve abusos contra os católicos, sobre tudo logo que no referendum de 1999 se decidisse a separação da Indonésia. Isto provocou que tropas islâmicas financiadas pelo Governo indonésio perseguissem e matassem a milhares de católicos. Finalmente, graças à mediação da Santa Sé, a Organização das Nações Unidas ordenou a intervenção de uma força de paz comandada pela Austrália. Em 2002 Timor Leste obteve sua independência.