O órgão de informação da Arquidiocese de Guadalajara, El Semanario, advogou pela liberdade para expressar opiniões que questionam a eficácia do uso do preservativo para evitar as gravidezes entre as adolescentes e prevenir as doenças sexualmente transmissíveis (DST) em meio de um acalorado debate aberto recentemente no estado de Jalisco.

O Governador Emilio González Márquez recebeu uma avalanche de críticas por sugerir que se considere a abstinência sexual e a fidelidade ao casal como forma de prevenção da AIDS e por opinar que não corresponde ao Estado distribuir preservativos entre os jovens.

"Entre a comunidade homossexual sim terá que seguir apoiando: entre os jovens, em geral, eu acredito que não corresponde ao Estado distribuir camisinhas", expressou González, que também anunciou que durante sua gestão se deixarão de distribuir preservativos como, por exemplo, na "Feira da Camisinha de Jalisco", organizada pelo Conselho Estatal para a Prevenção da AIDS (Coesida).

Em seu editorial intitulada "Proteção antidemocrática", O Semanário recorda que "uma verdadeira democracia deve garantir que todos os cidadãos possam divulgar suas opiniões" e assinala que "embora nem todos estejam de acordo, a tolerância nos permite escutar e dissentir de maneira civilizada, expressando nossas opiniões e, sobre tudo, nosso raciocínio".

O informativo arquidiocesano assinala que na controvérsia sobre o uso do preservativo, "por desgraça, os que estão a favor da promoção, sem controle, do uso destes elementos, não aceitam que alguém não esteja de acordo em sua posição. Esta é uma medida antidemocrática, porque não deixam que outro se expresse de maneira diferente, seja governante ou governado".

"Inclusive, aqui, sem tratar o relativo a pouca efetividade que tiveram como remédio à gravidez de adolescentes e transmissão de doenças, e sem mencionar todas as verdades pela metade que se dizem sobre os preservativos, bastaria assinalando que todos temos o direito e o dever de divulgar nossa postura e nossos julgamentos, sempre de forma responsável", afirma.

"Não se mencionou nenhum argumento religioso; baseamos-nos, confiamos, na razão, com a intenção de participar dentro do marco democrático que supomos em nossa Nação", conclui O Semanário.