O conhecido sacerdote italiano Pierino Gelmini, de 82 anos e fundador de uma comunidade para dependentes de drogas, anunciou que perdoou que coração" aos dependentes de drogas expulsos de sua instituição que o acusaram de "abuso sexual" com o fim de vingar-se dele e exigir dinheiro.

O Pe. Gelmini, fundador da comunidade "Incontro", dedicada exitosamente à reabilitação de dependentes de drogas, foi recentemente investigado pela promotoria de Terni, no centro da Itália, logo depois de ser denunciado, pela primeira vez em seu mais do meio século de serviço sacerdotal, por supostos abusos sexuais por antigos internos que foram expulsos.

O sacerdote foi declarar a promotoria, onde revelou que tinha recebido insistentes chamadas dos denunciantes nas quais pediam dinheiro "em troca de retirar as acusações".

O Pe. Gelmini demonstrou que as denúncias tinham sido feitas por um grupo de jovens que tinham estado em tratamento na comunidade e que foram expulsos logo depois de roubar reiteradamente.

"Quando partiram –contou o sacerdote octogenário– me disseram: ‘o faremos pagar por isso’, mas eu os perdoei porque são pessoas que sofreram na vida’".

O sacerdote só lamentou que a notícia de sua investigação tenha saído à luz pública porque "sofri uma execução mediática", em que pese a que a maioria dos meios de comunicação se retrataram ao comprovar a seriedade da defesa do Pe. Gelmini.

A comunidade "Incontro" tem 287 centros abertos em diversos países e, segundo o médico Alessandro Meluzzi, amigo do Pe. Gelmini, "são os jovens que vivem neles as vítimas principais deste escândalo, pois podem ver em perigo sua recuperação".

Em declarações a Rádio Vaticano, o Pe. Pierino assinalou que, face às acusações, mantém o lema de sua vida: "acreditar no homem apesar de tudo, inclusive quando isto implique suportar acusações. Deus vê tudo. Sabe qual é o tribunal mais seguro? Sua consciência. Inclusive se alguém resultasse absolvido e a consciência estivesse suja, do que serviria? Se em troca sou acusado mas minha consciência permanece limpa, então seria capaz de agüentar tudo por amor a Deus".

O Pe. Gelmini relatou, também, a rádio que um dos moços escreveu uma carta pouco depois de sair do cárcere "em que me dizia que ‘a melhor vingança é o perdão’, como me dizendo: ‘Padre Perino me perdoe!".

Este jovem, que retirou as acusações, apresentou novamente ao não receber uma compensação econômica de parte do sacerdote.

"Eu fui procurá-lo em seu atual trabalho e disse que eu não tenho por que dar dinheiro por retirar as acusações, porque disse a verdade. Então, ele, molesto, reafirmou as acusações que tinha retirado. Então é evidente que devo aceitar minha cruz".

O sacerdote lamentou que os juízes responsáveis pelo caso filtrassem à imprensa as acusações; entretanto, assinalou que "o que mais me assombrou é a solidariedade que recebi dos moços residentes e dos já recuperados; enviaram-me entradas para o cinema, cartas muito belas de apoio; e recebi tanta gente que inclusive sem me conhecer, quis expressar sua solidariedade".

Mas o Pe. Pierino explica a Rádio Vaticano que não são estes gestos o que dão fortaleza, "mas sim a fé em Deus. Não me deterei ante estas acusações, seguirei o exemplo de Padre Pio (de Pietrelcina), que soube aceitar este momento. Parece-me que é São Francisco quem diz: ‘nem sempre que cobrem de imundície fazem mal’".

"Se Cristo entre os Doze teve quem o negou e o traiu, nós devemos manter os olhos fixos em quem é o ponto de referência de nossa vida, Cristo, e devemos saber aceitar tudo no nome de seu amor", concluiu.