O Arcebispo de Caracas, Cardeal Jorge Urosa Sabino, advertiu que há indícios que indicam que o "Socialismo do século XXI" que impulsiona o Presidente Hugo Chávez na Venezuela vai "pela linha do socialismo marxista, estatista totalitário", e que se assim fosse, a Igreja Católica no país o rechaçaria.

Em entrevista com o canal estatal Venezuelana de Televisão (VTV), o Cardeal assinalou que "nosso interesse é porque o país marche bem, nosso propósito é trabalhar pelo bem do país e nossas preocupações são por algumas coisas que poderiam incidir negativa do país, entre elas o problema de qual é a característica do Socialismo do século XXI que promove o Presidente".

"Há certos indícios que dão conta de que isto parece ir pela linha do socialismo marxista, estatista totalitário; parecesse que fosse isso. Se for isso, nós não estaríamos de acordo; se não o for, terei que definir".

No diálogo com o VTV, o Cardeal Urosa considerou que se o projeto chavista consistir em um socialismo democrático no que não se absolutiza o rol do Estado, "onde este não se fizesse onipresente, por exemplo, como ocorreu na China, país onde o Estado inclusive diz quantos filhos pode ter uma família", poderiam estar de acordo. Entretanto, reiterou, a Igreja não poderia estar a favor de um sistema que "foi arruinando cada uma destas nações dentro do socialismo marxista".

"Esse socialismo marxista não queremos para a Venezuela. Não se dá como um fato que isso seja o que se quer, mas se expressa uma grande preocupação".

A Igreja não entra em conspirações políticas

Igualmente, o Cardeal Arcebispo de Caracas rechaçou como falsa a versão difundida pelo canal estatal que assinala à Igreja como parte de planos de conspiração de tipo político contra o atual governo venezuelano.

"Escutei em um programa do canal oito que o núcleo da conspiração contra o governo está na Conferência Episcopal da Venezuela e a Universidade Católica Andrés Bello", disse, assegurando imediatamente que "nada mais longe da verdade; nós não temos nada a ver com conspirações, com conciliábulos políticos, com colocações ou o que possa fazer um determinado grupo; isso está longe dos bispos".

"O Episcopado venezuelano não está alinhado com uma postura de oposição, mas sim com a missão de trabalhar pelo bem do país, mestres da verdade, levar a paz no país", concluiu.