SANTIAGO, 18 de jul de 2007 às 08:52
O Arcebispo de Concepción (Chile), Dom Ricardo Ezzati, assinalou que a motivação de fundo do Motu Proprio Summorum Pontificum de Bento XVI que liberaliza o Missal de 1962 aprovado pelo então Papa João XXIII não é uma "nostalgia de museu" de tipo arqueológico litúrgico mas sim um autêntico zelo pastoral que busca a comunhão na Igreja.
"Não se trata de uma nostalgia quase de museu, de tipo arqueológico litúrgico. Aqui se trata de uma intencionalidade autenticamente pastoral e se houver motivações desse tipo e de pessoas que conhecem o latim e podem participar frutuosamente da celebração da eucaristia, por que não lhes dar a possibilidade", assinalou o Prelado em uma entrevista ao jornal El Sur da cidade de Concepción.
Ao refletir sobre as motivações de fundo do documento pontifício, o Arcebispo assinalou que este deve entender-se como "a abertura da Igreja Católica para grupos mais tradicionalistas que tinham estado separados desta" e destacou que "aqui, a grande finalidade do Papa é a comunhão".
Do mesmo modo, Dom Ezzati pediu para não interpretar este documento como a volta das missas em latim, porque isso seria ficar só no lingüístico. Neste sentido esclareceu que a Eucaristia, segundo o Missal de uso comum antes da reforma litúrgica, realiza-se nessa língua, mas implica além disso uma estrutura distinta da contemplada no Missal aprovado por Paulo VI.
Dom Ezzati afirmou que a Missa em latim segundo o Missal de Pio V, reformado por João XXIII em 1962 nunca foi juridicamente suspensa e sempre esteve permitida depois do Concílio Vaticano II. Entretanto, até agora se necessitava a autorização expressa do bispo para utilizá-lo em uma cerimônia.
Por último, o Arcebispo assinalou que Bento XVI, ao promulgar seu documento, fez insistência em que o retorno a usos tradicionais não implicava nenhum deterioro ao resolvido no Concílio Vaticano II nem de "uma de suas reformas essenciais, a reforma litúrgica", e que o uso da língua vernácula na Missa, em nosso caso o espanhol, seguia sendo "o normal", e o latim, "o extraordinário".