O Arcebispado do México assinalou que a iniciativa legal para modificar as leis que regem as associações religiosas provém do Colégio de Advogados Católicos, uma associação da sociedade civil, e não do Cardeal Norberto Rivera ou da hierarquia, "embora tenha recebido o beneplácito" dos bispos e de várias associações religiosas.

Através de um comunicado, assegurou que o Cardeal não tem considerado apresentar ante o Congresso ou o Senado "nenhuma iniciativa de reforma de lei para modificar o atual marco jurídico que rege as Associações Religiosas e que tenha que ver com o ensino religioso nas escolas públicas, a posse de meios de comunicação e muito menos o financiamento às Igrejas via impostos como se faz em alguns países desenvolvidos".

O comunicado, emitido "a propósito da confusão" gerada por algumas opiniões do Cardeal a um jornal local, esclareceu que o que o Cardeal manifestou foi à necessidade de "ampliar o conceito de liberdade religiosa se quisermos que o México cresça em seu itinerário democrático", com uma legislação que se adéqüe à Carta Magna, que garante direitos humanos como os de expressão e reunião.

"As reformas ao marco jurídico atual têm um fim absolutamente legal e humanitário" para que a Constituição não se contradiga ao garantir direitos a alguns e negue a outros, assinalou; e explicou que "trata-se de respeitar os direitos e liberdades dos ministros de culto que até a data seguem sendo considerados cidadãos de segunda" e que "são feitos vítimas de uma incompreensível discriminação religiosa".

Esclareceu que a Igreja não pede privilégios mas sim o tratamento igualitário aos ministros de culto para que "gozem do exercício de suas garantias individuais e não sejam ameaçados ou perseguidos por professar sua fé ou iluminar a realidade social dos valores da Palavra de Deus".

Do mesmo modo, assinalou que ao opinar sobre o direito dos ministros de culto de serem votados, o Arcebispo expressou que isso é algo que não pode ser negado a nenhum cidadão mas, "deixou perfeitamente claro que a Igreja Católica não tem interesse algum em levar a prática este direito por não convir nem à Igreja nem à sociedade, e por outra parte, a lei canônica proíbe estritamente a todos os sacerdotes a concorrer a postos de eleição".

Também "afirmou que a Igreja não tem interesse em associar-se politicamente, e quando emerge uma critica a algum partido político é porque seus princípios ou plataformas eleitorais atentam contra os valores cristãos e ao Evangelho, e põe em risco a saúde espiritual dos fiéis laicos. Não se trata de uma intromissão política mas sim de uma missão profética que é inerente à missão pastoral da Igreja".

O Cardeal, assinalou o texto, expressou que o critério dos pastores para opinar sobre temas nacionais sempre será a busca do bem comum e a proteção dos valores cristãos.

O comunicado assegurou que o Arcebispo deixou claro na entrevista que o principal trabalho dos pastores é serem ministros do Evangelho, aproximar os homens a Deus e procurar sua salvação eterna; "entretanto, os fiéis cristãos estão neste mundo e seus pastores não podem desentender-se de seus problemas concretos. A missão da Igreja não pode sujeitar-se ao interior dos templos e a pratica do culto".

Finalmente, afirmou que a Arquidiocese "tem clara a conveniência da separação da Igreja e do Estado e ao emitir suas opiniões e críticas ao atual marco jurídico que rege as Associações Religiosas não pretende debilitar o Estado laico e muito menos pretende instaurar um Estado confessional, a única coisa que pede é uma autêntica liberdade religiosa que proteja os direitos humanos dos ministros de culto que, por desgraça, no México ainda não são reconhecidos em sua totalidade".