O Bispado de Getafe pediu a suspensão de um vídeo promocional da equipe de futebol local que ridiculariza a religião católica. Os "criativos" de Getafe não tiveram melhor idéia que alentar as contribuições dos seguidores da equipe expondo o fanatismo esportivo como uma opção maior que a fé.

No polêmico vídeo Abraão, Moisés, Adão e o próprio Jesus negam sua devoção a Deus e reconhecem que só se sacrificarão por sua equipe de futebol. 

O spot mostra Abraão, que se dispõe a sacrificar seu filho Isaac, enquanto diz que nunca o faria por mandato divino. Depois, aparece Moisés no deserto, que também perde a fé e assegura que não está disposto que passar quarenta anos pelo deserto em busca da terra prometida. Em seguida, Adão diz não estar disposto a ceder uma de suas costelas para criar à mulher, e recorda que só o faria por sua equipe, que "está antes que qualquer outra coisa". O anúncio termina com o primeiro plano de um crucificado junto ao slogan da campanha "Primeiro está minha equipe" e o brasão de Getafe que, paradoxalmente brilha no Sagrado Coração de Jesus.

Através de uma nota de imprensa, a diocese de Getafe recolhe o "mal-estar generalizado" que suscitou o spot, adverte o "clamor popular, que considera as imagens claramente irreverentes e blasfemas", considera que esta publicidade "não é acertada" e espera, "do bom critério e sentido comum dos responsáveis pela entidade, que suspendam sua emissão".

Além disso, o Bispado, Marcial Cuquerella, presidente do Observatório para a Liberdade Religiosa, declarou à agência Europa Press que a imagens supõem uma "banalização da história do cristianismo" que ataca não só os católicos mas também "todos os que têm sua raiz na Bíblia, dos judeus até os protestantes".

O jornal La Razón recolheu a reação do presidente do Centro Jurídico Tomás Moro, Javier Pérez-Roldán , para quem "o mais grave desta situação" é que pouco a pouco vai impregnando na sociedade a idéia de que as ofensas à Igreja Católica "não só não transgridem as normas da ordem jurídica espanhola e as regras de bom gosto, mas inclusive são amostra de certo bom tom cultural".

Até o momento, o Getafe reconheceu que seu spot é polêmico mas não pretende retirá-lo porque não o considera ofensivo. Fontes oficiais do clube asseguraram La Razón que receberam queixa. "Sabemos que é um exagero e entendemos que haja setores que o considerem irreverente, mas não pretendíamos ofender ninguém. Há que ver o lado metafórico dentro de um marco pictórico. De verdade, não se tem feito com má intenção", indicaram.

Os criativos Ángel Torres e Lucas Paulino, a cargo de toda a publicidade do clube justificaram o ofensivo spot. "É um claro exercício de exagero, onde a afeição é a grande protagonista. A idéia que tentamos transmitir é a de que se for sacrificar, faça-o por sua equipe", sustentam no site oficial de Getafe.