O Episcopado venezuelano reiterou suas críticas ao processo de elaboração da reforma constitucional empreendida pelo Governo deste país dado que "não acolhe de forma suficiente o espírito de participação exigido pela Constituição" asseverando, além disso, que "a Venezuela necessita que se aplique a Constituição vigente, não uma nova".

A Venezuela "vive um dos momentos mais cruciais de sua história", dada a pretensão do Executivo de gerar "mudanças de grande magnitude" na Constituição Bolivariana de 1999 para "instaurar" o "socialismo do século XXI" assinalaram os prelados em sua "Exortação Apostólica da Plenária da Conferência Episcopal" ao finalizar este sábado a 88ª Assembléia Ordinária Plenária de Bispos.

Os bispos criticaram "sobre tudo a forma do processo de elaboração" da reforma porque, indicaram, "não acolhe de forma suficiente o espírito de participação exigido pela Constituição" e "arroja sérias dúvidas sobre o aspecto democrático" da mesma.

"Venezuela necessita bênçãos, não impropérios", assinalaram em alusão, embora sem mencioná-lo explicitamente, aos insultos que lançasse na terça-feira passada o Presidente Hugo Chávez contra os bispos. "Venezuela necessita que se aplique a Constituição vigente, não uma nova, com ela (a atual) basta para construir, entre todos, uma democracia social, humanista, transcendente, inclusiva e solidária", assinalou o episcopado.

Educação ideologizada e outros

Sobre o tema educativo, a Exortação expressou a preocupação episcopal pelo conteúdo "ideológico" do projeto de lei de Educação, atualmente em segunda discussão na Assembléia Nacional.

A respeito, os bispos assinalaram que embora tal projeto "contenha elementos positivos, oferece graves omissões em assuntos importantes como a finalidade da educação, os direitos dos docentes, os subsídios a instituições e o direito dos pais a decidir sobre a educação religiosa de seus filhos", entre outros.

"E o mais importante, –ressaltaram– existe preocupação sobre a pretensão de ministrar uma educação com uma única e determinada orientação política e ideológica, que afetaria gravemente direitos e deveres dos educandos e dos pais de família", adicionou o Episcopado.

Além de expressar sua preocupação pelo problema da violência no país, os bispos assinalaram que "a pobreza, o desemprego, a falta de moradia, a carência dos hospitais, os deficientes serviços públicos, crianças da ruas, idosos sem atenção, continuam sendo verdadeiros problemas sociais".

Por último, o Episcopado qualificou como "atentado à liberdade de expressão" a recente medida do Executivo de não renovar a licença de transmissão à cadeia privada RCTV, dado que "reduz os espaços de livre comunicação e favorece uma hegemonia indevida do governo em matéria de comunicação social".