O Arcebispo de Buenos Aires, Cardeal Jorge Mario Bergoglio, denunciou que na sociedade atual "não há vocação de cidadão", logo depois de qualificar como "uma vergonha" a alta percentagem de abstenções que se registraram nas eleições portenhas do dia 24 de junho.

Ao participar da Semana Social de Mar del Plata intitulada "Ser cidadão. Cultura cidadã: Cumprindo deveres, defendendo direitos", o Cardeal chamou a "assumir o desafio de converter-se de habitante a cidadão" antes que se "queime a mente e se volte indolente o coração" e a lutar antes de queixar-se, para o que expôs lhe dizer "não ao ateísmo, não à hegemonia dos capitalistas, não ao progressísmo ante-histórico".

Mais adiante o Primaz argentino insistiu em crescer em cidadania recordando que "o tudo é superior à parte, o tempo superior ao espaço, a realidade é superior à idéia e a unidade é superior ao conflito", e recordou que para alcançar a irmandade é necessário "construir pontes e não abismos".

Ao referir-se ao "terrorismo demográfico", o Cardeal Bergoglio afirmou que "há mães que matam seus filhos e parlamentos em todo mundo que aprovaram a liberdade da mãe de fazê-lo" e advertiu que "dentro de alguns anos vão aprovar a liberdade dos filhos a matarem seus pais".

Quanto à "eutanásia explícita" disse que "já é um fato" e pelo que devemos nos preocupar é por sua forma "encoberta", que se evidencia quando se "deposita os idosos nos asilos ou as obras sociais os descartam".