O Vice-presidente da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV), Dom Roberto Lückert, disse que as últimas ações autoritárias do Governo, como o fechamento da RCTV, geraram desilusão na população que já não acredita nos processos eleitorais porque os considera perder o tempo em algo "que não vai ter nenhum resultado".

"O povo perdeu a ilusão e o desejo de ir votar. Parece ridículo perder o tempo e perder o dinheiro para ir a um referendo no qual se sabe que não vai ter nenhum resultado. O povo não está acreditando nos processos eleitorais neste país, vamos de desencanto em desencanto", afirmou.

As declarações de Dom Lückert se dão após o Conselho Nacional Eleitoral propor um referendum revocatório de autoridades locais, que entretanto não teve a acolhida esperada por parte da população.

Do mesmo modo, respaldou os protestos dos estudantes em defesa da liberdade de expressão e da autonomia universitária, pois "estão saindo às ruas para defender os direitos constitucionais". Disse que estas manifestações são o "oxigênio da juventude" logo depois de anos de letargia ante os problemas do país.

"A juventude está dando lutando pela Venezuela, pela liberdade, pelo respeito aos direitos constitucionais dos venezuelanos", expressou o também Arcebispo de Coro.

Dom Lückert afirmou que as ameaças do Presidente Hugo Chávez contra a autonomia universitária se devem ao rechaço que tem por "tudo aquilo que possa dissentir, criar sombra ao poder hegemônico e autocrático, que de socialismo só tem o 'S', porque isto é uma autocracia militar. Eles querem levar este país ao mar da felicidade cubana, ali não há autonomia universitária, liberdade de expressão".

Ao referir-se ao fechamento da RCTV, o Vice-presidente da CEV disse que esta ação arbitrária do Governo originou um sentimento de frustração na população porque "as esperanças que tinham no Presidente da Republica e seu projeto veio ao chão, e o povo percebe que isto de fechar RCTV, porque lhe dá a vontade (anuncia que) virão outras medidas deste tipo".

Finalmente, o Prelado indicou que em sua próxima reunião, o Episcopado tratará a problemática do país.