O Conselho Indigenista Missionário (CIMI), que suscitou uma importante controvérsia ao publicar sem autorização as conclusões da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano de Aparecida em seu site, ainda deve adaptar-se às novas normas da Conferência Nacional de Bispos do Brasil, conforme revelou em uma entrevista o Secretário Geral da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa.

Em uma entrevista concedida ao correspondente em Belo Horizonte da agência mexicana Notimex,  Diego de Jesus Hernández, Dom Lara Barbosa assinalou sua surpresa e desagrado pela decisão do CIMI, que teoricamente depende da CNBB, de publicar em seu site o documento que no dia 11 de junho foi entregue ao Papa Bento XVI pelos Presidentes da V Conferência.

A assessoria de imprensa do CIMI decidiu retirar o documento –ligado a estrita confidencialidade até que o Santo Padre autorize sua publicação– do site, logo depois das denúncias e do pedido do Notimex de falar com algum de seus diretores para pedir alguma explicação.

Segundo o correspondente do Notimex, Dom Dimas Lara Barbosa qualificou a decisão do CIMI como "um fato grave que não deveu ter acontecido".

"O Prelado não tinha conhecimento da publicação antes de ser questionado pelo Notimex, mostrou-se surpreso e pediu tempo para verificar site e chamar as autoridades do CIMI para pedir explicações", relata o correspondente da agência.

O CIMI é presidido atualmente por Dom Erwin Kräutler, Bispo da prelatura do Xingu, na região amazônica do país e tem como seu principal assessor teológico o teólogo Paulo Suess, porta-voz oficial do CIMI e dirigente do grupo "Ameríndia".

Quando o correspondente do Notimex inquiriu por eles, a resposta é que ambos se encontravam em viaje na Áustria, de onde Dom Kräutler é originário.

"Consultado pelo Notimex –escreve o correspondente– o próprio vice-presidente do CIMI, Saulo Feitosa, negou-se a realizar qualquer declaração a respeito sem antes consultar  os dois religiosos mencionados 'pois são os únicos com autoridade para falar' pelo organismo".

Sempre, segundo Notimex, "a assessoria de imprensa sugeriu a princípio que o arquivo tinha sido colocado na página por Suess e depois que advertiu que se tratava de um texto confidencial, assegurou desconhecer quem autorizou e colocou o texto. Apontou que 'quem o fez no CIMI o fez sem dúvida de boa fé' e destacou que a entidade esta sempre em 'contato permanente com a CNBB' pelo que o fato não pode ser interpretado como um desacato à autoridade eclesiástica".

Entretanto, Dom Lara Barbosa declarou à agência mexicana que o CIMI "é um órgão que até o momento goza de certa autonomia, e que não entrou ainda no processo que está encaminhado, de formalizar a autoridade que a CNBB tem sobre entidades como esta".

"O estatuto da CNBB assinala que os órgãos que queiram continuar vinculados a ela deverão entregar suas constituições ou documentos normativos para serem harmonizados e aprovados e o CIMI ainda não entrou neste processo", concluiu o Prelado.