O Conselho Indigenista Missionário (CIMI), um órgão da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNNB), divulgou em seu site a última versão do documento final da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe.

A quarta e última redação do documento de 573 parágrafos e 118 páginas, que esta segunda-feira foi apresentado oficialmente ao Papa Bento XVI pela Presidência da V Conferência durante uma audiência no Vaticano, não deveria tornar-se pública a não ser até a aprovação ou a autorização de sua publicação por parte da Santa Sé.

Entretanto, o CIMI pôs em seu site, no dia 4 de junho, a versão completa do documento onde pode ser feito download por qualquer usuário em formato PDF.

Segundo os estatutos internos da V Conferência, o documento final não deveria ser publicado para permitir que a Santa Sé possa, se for o caso e como em Conferências anteriores, sugerir mudanças ou precisões. Os mesmos estatutos consideram que a violação da discrição é uma falta grave.

Uma cópia do texto conclusivo foi entregue aos 266 participantes da V Conferência sob o título de "versão não oficial", com o compromisso de que o mesmo não seria divulgado.

Três bispos que participaram da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano consultados pela ACI Digital confirmaram que o documento colocado a disposição pelo CIMI em seu site corresponde ao texto final que receberam na assembléia, mas insistiram em que sua publicação por parte do organismo dependente da CNBB é uma violação da discrição que mereceria a intervenção do CELAM.

O CIMI é dirigido atualmente pelo Bispo austríaco Erwin Kräutler, que desde 1981 está à frente da prelatura do Xingu, na região amazônica do Brasil.

Dom Kräutler foi um dos 29 bispos brasileiros que participaram da V Conferência em Aparecida.

Conforme explica o site do CIMI, a decisão de publicar o documento proveio da "assessoria teológica" do organismo. O principal assessor teológico do CIMI é o teólogo alemão radicado no Brasil Paulo Suess; quem participou ativamente na Conferência de Aparecida como um dos líderes do grupo "Ameríndia", uma organização que reúne intelectuais vinculados à teologia da libertação de teor marxista.

Sob a liderança de Suess, "Ameríndia" proporcionou assessoria a alguns bispos durante a V Conferência, e se encarregou de impulsionar "modos" laudatórios à teologia da libertação e às Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), assim como denegrir a presença e ação no Continente dos novos movimentos e associações eclesiais.