O Bispo de Maracay e Arcebispo eleito de Valência, Dom Reinaldo del Prette, advertiu que o Governo de Hugo Chávez não tem argumentos sólidos para fechar Rádio Caracas Televisão (RCTV) e recordou que um país democrata deve outorgar aos meios a maior liberdade possível.

"Os bispos venezuelanos têm manifestado em nosso último documento que em um país democrata deve outorgar-se o aos meios de comunicação o maior clima de liberdade possível, já que a liberdade de expressão do país é uma das liberdades fundamentais de todo sistema democrático", afirmou o Prelado a um meio local.

Dom Prette disse que o Governo de Chávez fechará RCTV nesta segunda-feira, dia 28, apesar de não existir argumentos sólidos. Meses atrás, ao anunciar a não renovação de licença para o canal, Hugo Chávez disse que o fazia porque se trata de um meio "golpista" que serve aos interesses dos Estados Unidos. Isto gerou o protesto de instituições dentro e fora da Venezuela, do Parlamento Europeu e de outros governos.

O Prelado disse que se tratar de retirar a licença por ser, segundo o mandatário, um canal "golpista", "a medida deveria ser em tudo caso contra todos os meios de comunicação do país, que durante os fatos de abril (de 2002) resenharam de maneira quase idêntica os fatos que se estavam registrando na nação", em referência ao golpe de estado que retirou ao Chávez da presidência por 48 horas.

Nesse sentido, recordou que "os governantes estão em um cargo público para governar inclusive a seus adversários, por isso um presidente deve decidir em função de todo um país e não de grupos afeiçoados a sua gestão". Do mesmo modo, pediu que as manifestações que se realizem pelo fechamento da RCTV sejam dentro de um clima democrático.

Chávez quer manipular os meios

Por outro lado, um sacerdote que por razões de segurança pediu permanecer no anonimato, disse via Telefônica a Ajuda a Igreja que Sofre (AIS), que Chávez está atentando contra a liberdade de expressão ao fechar RCTV e que seu objetivo é criar outro canal, Televisora Venezuelana Social (TVES), sob supervisão absoluta do Governo.

"O Governo não quer renovar as permissões, porque considera que o canal RCTV, ao que qualifica de 'pró-americano' e 'golpista', opõe-se a ele. Estas acusações carecem de tudo fundamento. Aqui nos encontramos simplesmente ante um típico exemplo de arbitrariedade estatal", expressou.

Por sua parte, AIS indicou que possui informações que advertem de recortes de abastecimento na capital e que "existe o temor de que a situação se descontrole como já ocorreu faz dois anos com ocasião do referendum".