O jornal El Tiempo da Colômbia publicou a coluna de um sacerdote que assegura ter visto várias vezes o DVD com a última excursão mundial da cantora Madonna, defende sua polêmica "crucificação", reivindica o uso de nus e propõe seu show como modelo de evangelização.

Em sua coluna intitulada "Madonna: uma sugestiva apresentação de Jesus", o sacerdote Carlos Novoa S.J., ex-decano da Faculdade de Teologia da Universidade Javeriana, diz estar impactado pela profunda espiritualidade" de algumas coreografias da Madonna e sustenta que sua paródia da crucificação "não se trata de uma brincadeira à cruz mas sim de justamente o contrário: Uma exaltação do mistério da morte e ressurreição de Jesus em seu esforçar-se por seus prediletos, os mais sofridos, de uma fatura estética, artística e criativa lhe impactem absolutamente".

"Sua última montagem artística, The Confessions Tour (A excursão das confissões), é algo digno de ver-se dada sua alta qualidade estética. Sua versão em DVD já se encontra no mercado e tive a possibilidade de contemplá-la e analisá-la várias vezes", sustenta antes de descrever com detalhe o polêmico show da Madonna.

Para o sacerdote, "Lleve to Tell (a canção em que a cantora se 'crucifica') é dos melhores sermões que presenciei em minha vida" e desafia aos católicos a seguir o exemplo da cantora.

"Em um mundo pós-moderno, cético, onde tanta gente aborrece a fé ou simplesmente não interessa, nós teremos ministros servidores da Igreja e católicos em geral esta audácia e esta criatividade para comunicar um Jesus que realmente sacuda o interior dos povos?", questiona Novoa.

Nus e erotismo

O sacerdote jesuíta também faz uma férrea defesa do "nu feminino e masculino" mas "o erótico belo e gratuito e não a sua versão pornográfica barata ou publicitária pedestre que nos inunda".

Novoa compara as coreografias e nus que Madonna emprega em seus shows com a obra de Miguel Ángel Buonarroti que "encheu de fascinantes nus femininos e masculinos seus afrescos da abóbada e a parede do altar maior, da Capela Sixtina, o sacrossanto lugar onde se escolhe o Santo Padre".

"Conotados artistas e críticos de arte constatam que a atriz americana Madonna é uma das melhores coreógrafas de nossos dias. Em suas excelentes postas em cena, ela recorre às vezes ao nu de ambos os sexos, o que escandaliza a alguns, como no caso do Buonarroti", sustenta.

Novoa vai mais à frente e admite "que algumas atuações da Madonna possam ser extravagantes e heterogêneo". Entretanto, reivindica-a e assegura que "isto mesmo disseram do grande Beethoven quando estreou várias de suas melhores composições, e de Picasso, um dos grandes marcos da arte atual, quando apresentou em 1907 uma de suas exímias obras mestras: Eles Demoiselles d'Avignon (As senhoritas de Avignon)".