Em declarações a um jornal salvadorenho, o Arcebispo de Caracas, Cardeal Jorge Urosa Savino, lamentou que o Presidente Hugo Chávez "não tenha lido bem" a mensagem que o Papa Bento XVI pronunciou no Brasil e seu afã por enfrentar o povo venezuelano com o Santo Padre.

Há alguns dias, Chávez exigiu ao Papa que se desculpe com os povos indígenas da América Latina por ter "negado", em seu discurso inaugural da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, "o holocausto aborígine".

"Aqui ocorreu algo muito mais grave que o holocausto na Segunda guerra mundial e ninguém pode negar a nós essa verdade, nem sua Santidade pode vir aqui, a nossa própria terra, negar o holocausto aborígine", disse na sexta-feira por rádios e televisões venezuelanas.

Entretanto, o Arcebispo de Caracas explicou ao 'El Diario de Hoy' (Jornal de Hoje) que este "é um tema que foi superado. trata-se de algo que ocorreu há 400 anos. Temos problemas mais importantes na Venezuela e na América, e não entendo esse afã de querer contrapor ao povo católico venezuelano contra o Supremo Pontífice".

O Cardeal Urosa pediu ao Chávez respeitar ao pastor de mais de um bilhão de católicos no mundo. "Ao menos por isso, o Papa Bento XVI merece respeito", adicionou.

Do mesmo modo, considerou que "Chávez não tem lido bem o discurso do Papa. Isso não tocou em nenhum momento a violência que houve nesse processo porque simplesmente falou da evangelização e da aceitação da fé por parte dos povos indígenas".

O Cardeal também narrou as dificuldades de trabalhar pastoralmente sob ataque. "Mantemos nossa linha de autonomia e independência defendendo sob a linha do Evangelho, os direitos humanos e os da Igreja", explicou.

"O caminho não é fácil. O importante é que todos os venezuelanos saibam que só em Jesus Cristo podemos ter salvação, independentemente da simpatia política que tenhamos", concluiu.