2 de fevereiro: Apresentação do Senhor e o Dia da Vida Consagrada
REDAÇÃO CENTRAL, 02/02/2021 (ACI).- Neste dia 2 de fevereiro, a Igreja celebra a Apresentação de Jesus no Templo, quando se realizou o encontro com Simeão e Ana, o qual se entende como o encontro do Senhor com o seu povo, e também aconteceu o ritual de purificação da Virgem Maria.
Naquela época, quando nascia o primogênito, era levado após quarenta dias ao Templo para sua apresentação, como descreve a Lei de Moisés. Assim, desde o nascimento do Verbo encarnado, em 25 de dezembro, até 2 de fevereiro, José e Maria cumpriram o tempo e levaram o menino para se consagrar.
O Evangelho de São Lucas relata: “Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor” (Lc 2,22).
Ao chegar ao Templo, eles encontraram Simeão, a quem o Espírito Santo havia prometido que não morreria antes de ver o Salvador do mundo, e foi o Espírito que disse ao profeta que aquele menino era o Redentor e Salvador da humanidade.
Após tomar o menino nos braços e bendizer ao Senhor, o profeta disse à Maria: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma” (Lc 2,34-35).
Também neste dia, encontrava-se no Templo a filha de Fanuel, da tribo de Aser, chamada Ana, de idade já avançada. Ana ficou viúva sete anos depois de ter se casado e assim permaneceu até 84 anos de idade. Ficava dia e noite no Templo servindo a Deus e oferecia jejum e oração. Ao ver a criança, Ana louvou a Deus e faloudo menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém.
Neste dia, a Igreja recorda também o Dia Mundial da Vida Consagrada. Ao celebrar esta festa em 2014, o Papa Francisco convidou, “à luz desta cena evangélica, a considerar a vida consagrada como um encontro com Cristo: é Ele que vem até nós, trazido por Maria e José, e somos nós que vamos até Ele, guiados pelo Espírito Santo. Mas no centro está Ele. É Ele que move tudo, é Ele que atrai ao Templo, à Igreja, onde podemos encontrá-lo, reconhecê-lo, recebê-lo e também abraçá-lo”.
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A Igreja celebra em 2 de fevereiro Festa de Nossa Senhora da Candelária
REDAÇÃO CENTRAL, 02/02/2021 (ACI).- A festa da "Candelária" é celebrada neste dia 2 de fevereiro, coincidindo com a celebração da Apresentação do Senhor e com a purificação ritual da Virgem Maria. Em meados do século V, esta celebração era conhecida como a "Festa das Luzes".
Alguns argumentam que começou no Oriente com o nome de "Encontro" e depois se espalhou para o Ocidente no século VI, chegando a ser celebrada em Roma com caráter penitencial.
Não se sabe ao certo quando começaram as procissões com velas relacionadas a esta festa, mas já no século X celebravam solenemente.
A devoção mariana de Nossa Senhora da Candelária ou Virgem das Candeias teve sua origem em Tenerife (Espanha). Segundo a tradição, a Virgem apareceu em 1392 a dois nativos "Guanches” que pastoreavam seu rebanho. Quando chegaram à beira de um barranco, viram que os gados não avançavam.
Um dos pastores avançou para ver o que estava acontecendo e viu uma pequena imagem de madeira de uma mulher, com cerca de um metro de altura. Na imagem, a senhora carregava uma vela na mão esquerda e uma criança no braço direito, que segurava um pássaro de ouro.
A Virgem das Candeias é a padroeira das Canárias e venerada na Basílica de Nossa Senhora da Candelária em Tenefire. Mais tarde, esta devoção se estendeu por toda a América.
Focolares elegem Margaret Karram, uma árabe-cristã da Terra Santa, como nova presidente
Roma, 02/02/2021 (ACI).- O Movimento dos Focolares elegeu Margaret Karram, de 58 anos, nascida em Haifa (Israel), como sua nova presidente após obter mais de dois terços dos votos dos 359 participantes da Assembleia Geral do Movimento, realizada no dia 31 de janeiro. A nomeação foi confirmada pelo Dicastério para os Leigos, Família e Vida no dia 1º de fevereiro.
Como nova presidente dos Focolares, Karram sucede à fundadora do Movimento, Chiara Lubich, e à sua sucessora, Maria Voce, presidente por dois mandatos de um total de 12 anos.
Segundo um comunicado de imprensa do Movimento dos Focolares, Margaret Karram terá de enfrentar muitos compromissos e desafios nos próximos anos: “as funções de governo e orientação de um Movimento de dimensões mundiais como os Focolares, profundamente imerso nas realidades e nos desafios locais e globais da humanidade, a partir desse tempo de pandemia”.
De acordo com o comunicado, os Estatutos do Movimento dos Focolares estabelecem que a presidência “será sobretudo presidência da caridade porque deverá ser a primeira a amar e a servir os próprios irmãos, recordando as palavras de Jesus ‘(...) quem quiser ser o primeiro entre vocês será o servo de todos’”.
“O empenho primário da Presidente é aquele de ser construtora de pontes e porta voz da mensagem central da espiritualidade dos Focolares, pronta a praticá-la e difundi-la também a custo da própria vida”, especifica o comunicado de imprensa.
Promotora de diálogo inter-religioso
Natural da Terra Santa, Margaret Karram é uma árabe-cristã. Ele se formou em Hebraísmo pela Universidade Hebraica de Los Angeles, Estados Unidos, e ocupou vários cargos no Movimento dos Focolares em Los Angeles e Jerusalém. Fala árabe, hebraico, italiano e inglês.
Como parte de seu trabalho, tem se envolvido na promoção do diálogo inter-religioso por meio de sua participação em várias comissões e organizações para a promoção do diálogo entre as três religiões monoteístas (Cristianismo, Judaísmo e Islã), assim como na Comissão Episcopal para o Diálogo Inter-religioso, na Assembleia dos Católicos Ordinemios da Terra Santa e na organização do Conselho de Coordenação Inter-religiosa em Israel, ICCI.
Além disso, por 14 anos, Karram trabalhou no Consulado Geral da Itália, em Jerusalém. Desde 2014, trabalha como conselheira para a Itália e Albânia no Centro Internacional dos Focolares e é corresponsável pelo Diálogo entre os movimentos eclesiais e as novas comunidades católicas.
Seu trabalho em prol do diálogo inter-religioso foi reconhecido com o Prêmio Internacional S. Rita de 2016 por ter favorecido o diálogo entre cristãos, judeus e muçulmanos; israelenses e palestinos, promovendo atividades conjuntas na vida diária.
O comunicado dos Focolares explica que "a Presidente, é escolhida entre as focolarinas (consagradas, com votos perpétuos) e será sempre uma mulher".
Ressalta-se que o presidente “é sinal da unidade do Movimento; isso significa que representa a grande variedade religiosa, cultural, social e geográfica daqueles que aderem à espiritualidade dos Focolares em 182 Países onde o Movimento está presente e se reconhecem na mensagem de fraternidade da fundadora, Chiara Lubich, inspirada no Evangelho ‘Pai, que todos sejam uma coisa só’”.
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Crianças e jovens se vestem de santos salesianos em homenagem a São João Bosco
MANILA, 02/02/2021 (ACI).- A equipe pastoral da “Don Bosco Academy” de Mabalacat (Filipinas) realizou um concurso de fantasias no dia 29 de janeiro, onde alunos do ensino fundamental e médio se vestiram de santos e beatos salesianos.
Na sexta-feira, em preparação para a celebração da festa de São João Bosco, padroeiro dos jovens, a escola fez uma transmissão ao vivo, onde crianças e jovens apresentaram seus trajes.
Os participantes apresentaram um resumo da vida do santo escolhido, entre os quais estão São João Bosco, São Domingos Sávio, a Beata Laura Vicuña, São Luigi Guanella, entre outras pessoas que chegaram aos altares e pertenciam à família salesiana.
O sacerdote salesiano José Armando Cortez felicitou a equipe pastoral pelo trabalho com os jovens e agradeceu a todos aqueles que se animaram a participar desta iniciativa inovadora que nos permite aprender mais sobre os santos da Igreja.
“Aos Bosconians que aderiram ao concurso, estamos orgulhosos de vocês por suas vestimentas, fotografias e pesquisas sobre a vida dos santos e beatos. Que Deus os abençoe sempre!”, assinalou.
O evento fez parte das “Foundation Days Celebrations”, que aconteceram de 28 a 31 de janeiro, e incluiu outras atividades como concursos de cantos, novenas, concursos de arte e conhecimento da vida de São João Bosco e dos Salesianos.
A equipe organizadora indicou que o propósito da celebração destes dias é “promover o nosso chamado à santidade e viver este chamado na nossa vida cotidiana”.
“A santidade é o chamado da Igreja. Este é também o desafio de Dom Bosco aos jovens no seu oratório e nas paróquias, centros juvenis, escolas, centros de formação e casas de formação de hoje”, acrescentou.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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Sacerdote que atende lar de idosos é denunciado por ser vacinado sem estar na lista prioritária
Lisboa, 02/02/2021 (ACI).- O Padre João Paulo Marques, pároco da freguesia de Valongo do Vouga, em Águeda (Portugal), foi denunciado por ter recebido a primeira dose da vacina contra Covid-19 sem integrar lista prioritária; entretanto o sacerdote atende lar de idosos e lhe disseram que só poderia continuar com este serviço se estivesse vacinado.
Segundo o ‘Jornal de Notícias’ a Secção Regional do Centro (SRCentro) da Ordem dos Enfermeiros recebeu uma denúncia sobre este caso, bem como de outros, como familiares de enfermeiros ou funcionários do lar que não lidam diretamente com casos de Covid-19, que teriam se vacinado indevidamente.
Pe. João Paulo tem 59 anos e foi vacinado nas instalações do lar de idosos da Fundação da Nossa Senhora da Conceição, onde presta serviço regularmente.
Ao ‘JN’, o presbítero confirmou que recebeu a primeira dose da vacina e pontuou: “Mas dou a minha vacina a quem quiser fazer o meu trabalho. A instituição disse-me que eu não podia entrar lá se não fosse vacinado, por isso é que aceitei”.
O sacerdote explicou ainda que, embora a instituição não esteja ligada à sua paróquia, presta serviços “de forma totalmente gratuita”, sempre que é chamado, o que ocorre regularmente, “podem ser duas, três ou quatro vezes por semana”.
“Rezo Missas, converso com os velhos, confesso-os. Sempre que um velho me chama, eu vou. Quer a essa instituição, quer a outras. E nunca me recusei a fazê-lo, mesmo quando há lá dentro pessoas infectadas com Covid-19”, declarou.
Além do lar de idosos da Fundação da Nossa Senhora da Conceição, o sacerdote também presta serviços a outas instituições de idosos, crianças, bem como visita frequentemente a casa das pessoas que o chamam, sobretudo as de idade mais avançada.
Por outro lado, sublinhou que não recebeu a vacina de forma escondida. “Enviaram-me os papéis, que preenchi, a dizer direitinho quem sou. Não houve uma autoridade que os lesse e dissesse que eu não podia tomar a vacina?”, questionou.
Ressaltou ainda que "nunca foi tão importante a presença de um padre junto dos mais idosos, muitos deles sem verem as famílias há muitos meses”.
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Papa institui a celebração dos santos irmãos Marta, Maria e Lázaro
Vaticano, 02/02/2021 (ACI).- O Papa Francisco promulgou um decreto da Congregação para o Culto Divino com o qual instituiu a celebração dos santos irmãos Marta, Maria e Lázaro no Calendário Romano Geral da Igreja.
Desta forma, a Igreja Católica Universal celebrará todos os anos no dia 29 de julho a memória dos três irmãos de Betânia juntos no mesmo dia.
No decreto assinado pelo prefeito, Cardeal Robert Sarah, e pelo secretário, Dom Arturo Roche, fica estabelecido que “é com esta denominação, que esta memória deverá figurar em todos os Calendários e Livros Litúrgicos para a celebração da Missa e da Liturgia das Horas” e que “as variações e acréscimos a serem adotados nos textos litúrgicos, anexos a este decreto, devem ser deverão ser traduzidos, aprovados e, depois de confirmados por este Dicastério, publicados pela Conferência Episcopal”.
Além disso, recorda que "na casa de Betânia o Senhor Jesus experimentou o espírito de família e a amizade de Marta, de Maria e de Lázaro. Por isso, o Evangelho de São João afirma que Ele os amava".
“Marta ofereceu-Lhe generosamente hospitalidade, Maria ouviu atentamente as suas palavras e Lázaro saiu de imediato do sepulcro a convite d’Aquele que aniquilou a morte”, descreve o texto.
No entanto, o decreto do Vaticano reconhece que ao longo dos anos houve uma “tradicional incerteza da Igreja latina sobre a identidade de Maria – a Madalena, a quem Cristo apareceu após a sua Ressurreição, a irmã de Marta, a pecadora a quem o Senhor perdoou seus pecados” por isso que somente Santa Marta foi inscrita em 29 de julho no Calendário Romano.
Esta questão foi resolvida "em estudos e tempos recentes, como testemunha o atual Martirológio Romano, que também comemora Maria e Lázaro nesse mesmo dia", além disso, "em alguns calendários particulares os três irmãos são celebrados juntos nesse dia".
Portanto, o Papa Francisco “considerando o importante testemunho evangélico dos três irmãos, que ofereceram ao Senhor Jesus a hospitalidade da sua casa, prestando-lhe uma atenção dedicada, e acreditando que Ele é a ressurreição e a vida” e “acolhendo a proposta deste Dicastério, decidiu que no dia 29 de julho seja inscrito no calendário Romano Geral a memória dos Santos Marta, Maria e Lázaro”.
Por fim, o decreto indica que esta disposição se estabelece “sem que nada obste em contrário”.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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— ACI Digital (@acidigital) November 20, 2018
Líder dos Cavaleiros de Colombo recebe importante prêmio pró-vida
WASHINGTON DC, 02/02/2021 (ACI).- O Cavaleiro Supremo dos Cavaleiros de Colombo, Carl Anderson, foi premiado com o Prêmio Legado Pró-Vida 2021 durante a celebração da 39º March For Life (Marcha pela Vida), nos Estados Unidos.
Anderson foi homenageado em 29 de janeiro em reconhecimento a "uma vida profissional excepcional em defesa da dignidade inerente da pessoa humana por nascer".
“Ninguém fez mais para promover a causa pró-vida do que Carl Anderson. Ele é um verdadeiro guerreiro pró-vida, e seu trabalho e dedicação incansável à causa é um exemplo para todos nós”, disse Jeanne Mancini, presidente da March for Life.
Anderson disse que "todos temos a nossa própria razão para fazer parte desta grande causa pró-vida". “Para mim, é melhor resumir com o ditado: 'Quem salva uma vida, salva o mundo'”, acrescentou.
Os Cavaleiros de Colombo, a maior organização leiga do mundo, destacaram em um comunicado que "a história de liderança pró-vida do Cavaleiro Supremo Anderson abrange mais de 50 anos".
“Antes de liderar os Cavaleiros de Colombo, serviu na Casa Branca como Assistente Especial do Presidente Ronald Reagan e como Diretor Interino do Escritório de Relações Públicas da Casa Branca, período durante o qual defendeu fortemente as políticas pró-vida. O Sr. Anderson também serviu por quase uma década como membro da Comissão de Direitos Civis dos Estados Unidos”, afirmou a publicação.
Também recorda que Anderson "foi repetidamente reconhecido por sucessivos Papas por sua liderança em assuntos de vida". “O Papa João Paulo II nomeou o Sr. Anderson como membro da Pontifícia Academia para a Vida em 1998, e o Papa Francisco o renomeou em 2017. O Papa Bento XVI o nomeou membro do Pontifício Conselho para a Família em 2008. Além disso, é consultor do Comitê de Atividades Pró-Vida da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos desde 2002”.
O comunicado explica que o Cavaleiro Supremo foi capaz de “redobrar o apoio dos Cavaleiros à Marcha pela Vida anual e em 2009 lançou a Iniciativa de Ultrassom dos Cavaleiros de Colombo que, desde então, colocou mais de 1.330 máquinas de ultrassom que salvam vidas em centros de gravidez em todo o país”.
Cavaleiros de Colombo é uma das maiores organizações fraternas e de serviço do mundo, com 2 milhões de membros em mais de 16 mil conselhos paroquiais. Durante o ano passado, os Cavaleiros de todo o mundo doaram mais de 77 milhões de horas de serviço e 187 milhões de dólares para causas nobres em suas comunidades.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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— Ronaldo da Silva (@ronaldocn) January 26, 2021
Frente ao fechamento de igrejas no Peru, bispo destaca que saúde espiritual também é relevante
Lima, 02/02/2021 (ACI).- O Arcebispo de Arequipa (Peru), Arcebispo Javier Del Río Alba, indicou que a medida do governo de fechar as igrejas devido à pandemia do coronavírus evidencia a visão limitada que o Estado tem sobre a “pessoa humana”, e destacou que a saúde espiritual dos peruanos é tão relevante como a saúde física.
Em um comunicado, Dom Del Río Alba indicou que as novas medidas tomadas pelo governo peruano para frear o avanço da pandemia Covid-19 “mostram, mais uma vez, que nossos dirigentes não entendem a sociedade peruana nem aqueles que a integramos”.
“Se aqueles que detêm os poderes do Estado têm uma visão limitada e incompleta da 'pessoa humana', não serão capazes de defendê-la nem de respeitar a sua dignidade. E se, além disso, essa visão for diferente à da maioria dos peruanos, estariam governando de costas para eles", indicou.
À raiz da segunda onda do coronavírus e do colapso do sistema de saúde em diferentes partes do país, o presidente Francisco Sagasti anunciou uma série de medidas, como a classificação das regiões em três níveis: alto, muito alto e extremo, de acordo com a gravidade da pandemia.
Para as regiões classificadas como extremas, como Áncash, Pasco, Huánuco, Junín, Huancavelica, Ica, Apurímac, Lima Região, Lima Metropolitana e Callao, foi estabelecida uma quarentena de 31 de janeiro a 14 de fevereiro, na qual se proibiu a abertura de igrejas, shopping centers, academias, restaurantes, entre outros.
Da mesma forma, nas regiões classificadas com o nível muito alto, as igrejas ainda estão fechadas; mas é permitido entrar em restaurantes, centros comerciais e lojas de departamento. No nível alto, os templos poderão receber pessoas com até 20% de sua capacidade, abaixo dos 30% de capacidade de cassinos, academias e cinemas.
Arequipa está classificada como nível muito alto, junto com Tumbes, Amazonas, Cajamarca, Ayacucho, Cusco, Puno, Moquegua e Tacna.
Em 30 de janeiro, os casos de coronavírus no Peru somavam mais de 1.138.000, com 2.974 nas últimas 24 horas. O número de mortos, segundo dados oficiais, é de mais de 41 mil pessoas.
Dom Del Río indicou que segundo o censo de 2017 "95% dos peruanos professam alguma religião segundo a qual a 'pessoa humana' não é apenas matéria, mas é um ser corporal e espiritual".
“Os cristãos, que constituem quase todo esse 95% dos peruanos, acreditam que a unidade da alma e do corpo é tão profunda que sua união constitui uma única natureza”, frisou.
O Prelado lamentou que, diante desse panorama, os governantes acrescentem à "já criticada oposição entre saúde e economia" uma oposição sem fundamento "entre saúde física e saúde espiritual".
“Assim, ordenaram o fechamento total de templos e centros de culto em quase todo o Peru, enquanto nos mesmos locais é permitido o funcionamento de bancos, shopping centers e até restaurantes, com capacidade que pode chegar a 50%”, destacou.
Além disso, ressaltou que a proibição de que os fiéis possam rezar individualmente nos templos “viola a dignidade dos peruanos e os desampara diante de suas necessidades espirituais”.
“Ao contrário do individualismo materialista próprio da 'cultura do descarte', que inclui o aborto e a eutanásia promovidos pelo partido no poder, o incontável número de mártires nos vinte e um séculos de vida da Igreja é testemunho da importância que tem para os cristãos escutar juntos a Palavra de Deus, participar na celebração da Eucaristia e ir livremente ao templo”, acrescentou.
O Prelado indicou que é preocupante que os governantes “não reconheçam esta necessidade vital da maioria dos peruanos e até deem menos importância a ela do que os encontros meramente recreativos”.
Da mesma forma, destacou que a saúde integral dos peruanos não se reduz à saúde física "mas inclui a saúde espiritual" e solicitou que a abertura de "templos e celebrações culturais seja permitida em breve, com as devidas medidas de biossegurança que, além disso, temos cumprido há meses”.
“Entretanto, teremos que voltar à transmissão da Missa através das redes sociais, embora os sacerdotes continuarão disponíveis aos fiéis nas secretariais paroquiais, seja para confissão ou direção espiritual, unção dos enfermos e tudo aquilo que esteja ao seu alcance”, concluiu.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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— ACI Digital (@acidigital) February 1, 2021
Papa Francisco decreta memória facultativa de 3 doutores da Igreja
Vaticano, 02/02/2021 (ACI).- O Papa Francisco inscreveu no Calendário Romano Geral a memória ad libitum (celebração facultativa) de três doutores da Igreja: São João de Ávila, Santa Hildegarda de Bingen e São Gregório de Narek.
Com esta decisão, a memória de todos os santos que têm o título de “doutores” da Igreja – atualmente são 36 no total – fica inscrita no Calendário Romano Geral.
Existem dois tipos de memórias no Calendário Romano Geral: a obrigatória e a facultativa. Os três novos Doutores da Igreja foram inscritos com "memória ad libitum", ou seja, a sua celebração é "facultativa", enquanto 16 do total foram inscritos como "memória obrigatória".
Assim, no Calendário Romano Geral fica estabelecido que São João de Ávila, sacerdote e doutor da Igreja, poderá ser celebrado em 10 de maio; a memória facultativa de Santa Hildegarda de Bingen, virgem e doutora da Igreja, será no dia 17 de setembro; e a celebração facultativa de São Gregório de Narek, abade e doutor da Igreja, será em 27 de fevereiro.
Em um decreto da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, assinado em 25 de janeiro, festa da Conversão de São Paulo, e divulgado pelo Vaticano neste dia 2 de fevereiro, afirma-se que “estas novas memórias deverão ser inscritas em todos os Calendários e Livros Litúrgicos para a celebração da Missa e da Liturgia das Horas” e que “os textos litúrgicos a adotar, em anexo ao presente decreto, deverão ser traduzidos, aprovados e, depois de confirmados por este Dicastério, publicados pela Conferência Episcopal”.
Além disso, o texto do Vaticano descreve que São João de Ávila, Santa Hildegarda de Bingen e São Gregório de Narek foram recentemente reconhecidos com o título de Doutor da Igreja porque são "peculiares figuras dos santos do Ocidente e do Oriente", por isso o Papa Francisco decretou que fossem inscritos no Calendário Romano Geral com o grau de memória ad libitum, ou seja, a celebração é facultativa.
Do mesmo modo, o decreto destaca que “a santidade está unida ao conhecimento, que é experiência do mistério de Jesus Cristo, indissoluvelmente unido ao mistério da Igreja” e acrescenta que “esta união entre santidade e inteligência das coisas divinas em conjunto com as humanas, resplandece, de modo particular, naqueles que são ornados com o título de ‘doutores da Igreja’”.
“Com efeito, a sabedoria que caracteriza estes homens e mulheres não lhes diz unicamente respeito, uma vez que tornando-se discípulos da divina Sabedoria, tornaram-se, por sua vez, mestres de sabedoria para toda a comunidade eclesial. Nesta perspectiva, os santos e as santas ‘doutores’ são inscritos no Calendário Romano Geral”, diz a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
Atualmente, há quatro mulheres doutoras da Igreja: Santa Catarina de Sena, Santa Teresa de Jesus, Santa Teresinha do Menino Jesus e Santa Hildegarda de Bingen. Além disso, dos 36 doutores da Igreja, um deles é de nacionalidade portuguesa, Santo Antônio de Pádua, também conhecido como Santo Antônio de Lisboa.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.
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São José é um modelo maravilhoso de fé e confiança em Deus diante das adversidades, diz Cardeal
CARACAS, 02/02/2021 (ACI).- O Arcebispo Emérito de Caracas, Cardeal Jorge Urosa Savino, afirmou que São José, santo custódio da Família de Nazaré, é um “modelo maravilhoso” de “fé, confiança em Deus” e fortaleza diante das adversidades como o coronavírus ou aquelas que o povo da Venezuela vem sofrendo há anos.
“Diante das adversidades causadas em todo o mundo por esta praga da Covid-19, e em meio à gravíssima situação política, econômica e social da Venezuela, São José é um exemplo de fé e confiança em Deus; de coragem e fortaleza diante das adversidades”, disse o Cardeal em declarações à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, no sábado, 30 de janeiro, por ocasião do Ano de São José que o Papa Francisco instituiu de 8 de dezembro de 2020 a 8 de dezembro de 2021.
Refletindo sobre a figura de São José, o Cardeal Urosa disse que é também “um exemplo de religiosidade, pois teve um coração cheio de fé e de bondade, centrado em Jesus; foi fiel à sua esposa virginal e pai responsável. Enfim, um modelo maravilhoso especialmente para os trabalhadores e os pais. Ele não foi infiel, nem bêbado, nem festeiro ou jogador. E teve grande fortaleza como a que todos precisamos hoje”.
Depois de agradecer ao Papa Francisco por ter convocado o Ano de São José, o Arcebispo explicou que este tempo é importante porque “Deus quis que ele tivesse muito a ver com o nascimento e a vida oculta de Jesus, nosso divino Salvador. O próprio Deus preparou e escolheu São José para ser um homem ‘justo’, ou seja, reto, virtuoso, santo, bondoso e religioso”.
“Ele o chamou a acompanhar a sua mãe amorosa, a Santíssima Virgem Maria, e a acolher paternalmente o seu Divino Filho Encarnado. O Pai celestial assim converteu São José legal e socialmente, por afeto e missão, em pai adotivo de Jesus E, fiel à sua missão, José ofereceu apoio, proteção e defesa ao seu Filho desde antes de seu nascimento.
A missão de São José
O Cardeal Urosa disse à ACI Prensa que embora tenha enfrentado condições precárias com a Virgem Maria e o Menino Jesus, São José os abrigou e providenciou um teto em Belém, protegeu Jesus “de Herodes, salvou-o da matança obedecendo a vontade de Deus e levando-o para o Egito. E, depois, o levou para Nazaré, onde o educou nas virtudes e no amor a Deus e no conhecimento das sagradas escrituras das quais Jesus Cristo se vangloriava. Homem religioso, piedoso e valente!”.
“José de Nazaré é importantíssimo para a Igreja, pois a sua existência esteve centrada em Jesus, em comunhão com Deus e em estreita união com a mãe do Salvador. Por isso, é necessário que, neste tempo de pandemia e de tantas dificuldades, de materialismo e laicismo, conheçamos, amemos e imitemos o grande São José”, sublinhou o Cardeal.
O Arcebispo Emérito de Caracas indicou que “São José foi um trabalhador humilde, sujeito às mudanças das circunstâncias dos trabalhadores; viveu dia a dia, dependendo do trabalho das suas mãos”, e também foi “um bom pai de família, forte nas adversidades e criativo, confiando em Deus e com grande fé n’Ele para superar os problemas”.
“Sem dúvida, nestes tempos do século XXI, de praga mortal e com tantos problemas econômicos, políticos e sociais, São José nos ensina a grandeza de Deus, a importância da fé, a segurança que a obediência à vontade divina nos dá, a confiança em seus projetos, a força necessária para superar as adversidades”.
Devoção a São José e a sua mensagem
O Cardeal explicou à ACI Prensa que o ensinamento de São José pode resumir-se assim: " ter o coração centrado em Deus e segui-lo. Isso foi o que fez São José".
“Nesta época tão materialista e infectada pela corrente do laicismo ateísta e antirreligioso que quer tirar Deus da vida social, da família, da comunidade e da história, São José nos ensina que Deus vem em primeiro lugar, e que devemos reger nossa vida social, familiar e econômica por sua santa vontade”.
Sobre a devoção ao santo custódio, o Cardeal Urosa disse que “o afeto e o culto a São José foram através dos séculos e são até hoje uma honra e patrimônio da Igreja Católica”.
“Podemos e devemos encorajar a sua devoção, proclamando as suas grandes virtudes, como o faz o Papa na sua Carta Apostólica: amado pelo povo de Deus; pai terno, obediente à vontade de Deus; acolhedor e protetor; corajoso, forte e criativo diante das dificuldades; trabalhador e humilde, 'na sombra'".
O Arcebispo reiterou a importância de estar centrados em Deus, cumprindo sempre a sua vontade, “como o fez o grande Patriarca José”.
“Diante de tantos problemas e de um horizonte incerto, ele nos ensina que Deus é nosso refúgio, nosso Bom Pastor amoroso; e que, embora passemos por vales escuros, podemos ir sem medo, porque Ele está conosco (cf. Sl 23,1-4)”, concluiu.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
Confira também:
Bispo explica por que São José é padroeiro da boa morte https://t.co/CRfSHVHLiC
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Deputados caíram na tentação ao aprovar lei da eutanásia em Portugal, afirma sacerdote
Lisboa, 02/02/2021 (ACI).- Na última sexta-feira, 29 de janeiro, a Assembleia da República em Portugal aprovou a lei da eutanásia e, conforme denunciou Padre Mário Rui Leal Pedras, com este ato, os deputados caíram na tentação, “no pecado de aprovar” uma “lei da morte”.
O sacerdote, que é pároco em Lisboa, fez esta declaração durante a homilia da Missa de domingo, 31 de janeiro.
Ao falar sobre as tentações do demônio, Pe. Mário Rui salientou que “é necessário permanentemente enfrentar sem medo o tentador” e, portanto, exortou a, neste combate, pedir sempre ao Senhor como na oração do Pai-nosso, que “não nos deixe cair em tentação” e que “nos livre sempre de todo mal”.
Entretanto, ao lançar o olhar sobre a votação no Parlamento português, o sacerdote lamentou que, “na tentação caíram os deputados da Assembleia da República, em outubro último, quando de forma autossuficiente não quiseram escutar e ignoraram a petição dos portugueses, chumbando o pedido do referendo da eutanásia”.
Além disso, indicou que “nesta passada sexta-feira, desprezando todos os pareceres recebidos das entidades e peritos consultados, que de forma unânime e clara foram contrários à legalização da eutanásia, a maioria dos deputados, de forma arrogante, aprovou o mal”.
Dessa forma, “caíram no pecado de aprovar uma lei pela qual se pode acabar com a vida, uma lei da morte, uma lei que integra o cortejo de uma cultura contrária à vida, o cortejo trágico de uma cultura da morte que continuará a crescer entre nós”.
O pároco de São Nicolau indicou que, no atual contexto da pandemia de Covid-19, os parlamentares “não poderiam ter escolhido pior momento para esta aprovação: quando o sistema de saúde está em colapso; quando tantos profissionais lutam para cuidar e salvar vidas de doentes, particularmente dos mais frágeis e dos mais idosos; quando aumenta o número de mortes diárias; quando filas intermináveis de ambulâncias se juntam nas portas dos hospitais; quando se fazem transferências de doentes para Madeira e, eventualmente, para algum país europeu; quando os próprios deputados que nos representam se colocam à frente dos velhos e dos doentes para receberem a vacina”.
“Diante de tantas dificuldades dos serviços e dos profissionais em cuidar da saúde e da vida dos portugueses, os deputados, em nome de um vazio moral, de um absoluto relativismo ético, aprovaram uma lei que determina que, a partir de agora, o serviço de saúde, destinado a salvar vidas, pode passar a exercer a função de matar”, expressou.
Por outro lado, o sacerdote ressaltou que “a vida humana é o primeiro dos direitos de todos nós e é sempre um bem indisponível. Não há pessoas que tenham mais dignidade do que outras pessoas, nem há vidas que sejam mais dignas de ser vividas do que outras vidas”.
Nesse sentido, “a vida humana é sempre um dom do qual vale a pena não apenas cuidar, mas também firmemente defender”, expressou.
Para o sacerdote, esta lei da eutanásia “está emoldurada por uma roupagem sedutora de restrições que apenas pretende esconder a porta que se entreabre, esta porta que tenderá a ficar escancarada para uma rampa progressivamente deslizante”.
Em seguida, salientou que “a eutanásia é sempre uma falsa solução para ao drama do sofrimento e é também uma solução indigna da pessoa humana”.
“A solução para o drama do sofrimento é e será sempre, a todo custo e porventura com enormes sacrifícios, defender a vida e testemunhar o amor junto a quem está doente para ajudar cada pessoa a enfrentar a dor e a agonia”, indicou.
Por isso, exortou os fiéis a pedir “a Deus que projete luz sobre aqueles que, nos órgãos institucionais, ainda podem por todos os meios legais evitar que esta lei seja promulgada: o Tribunal Constitucional e o senhor presidente da República”.
Diante da aprovação da lei da eutanásia, portugueses criaram uma petição on-line pedindo ao presidente Marcelo Rebelo de Sousa que vete a mesma. “Senhor Presidente da República vimos pedir-lhe encarecidamente que exerça o seu direito de veto para dignificar o valor inestimável da vida”, solicitam.
Para assinar a petição, acesse AQUI.
Confira também:
Bispos portugueses expressam tristeza e indignação frente à aprovação da eutanásia https://t.co/zYAEIYC2In
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Homilia do Papa Francisco na Festa da Apresentação do Senhor 2021
Vaticano, 02/02/2021 (ACI).- O Papa Francisco presidiu na tarde desta terça-feira, 2 de fevereiro, a Missa pela Festa da Apresentação do Senhor e o Dia Mundial da Vida Consagrada. O Pontífice celebrou a Eucaristia no Altar da Cátedra da Basílica de São Pedro do Vaticano junto com os membros dos Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica.
A seguir, a homilia do Papa Francisco na íntegra:
Simeão «esperava – escreve São Lucas – a consolação de Israel» (2, 25). Subindo ao templo quando Maria e José levaram lá Jesus, aquele acolhe nos seus braços o Messias. E, naquele Menino, reconhece a luz que veio para iluminar as nações; esta identificação é feita por um homem já idoso que esperou com paciência o cumprimento das promessas do Senhor.
A paciência de Simeão. Vejamos de perto a paciência de Simeão. Durante toda a vida, esteve à espera exercitando a paciência do coração. Aprendera, na oração, que geralmente Deus não recorre a acontecimentos extraordinários, mas realiza a sua obra na aparente monotonia do dia a dia, no ritmo por vezes extenuante das atividades, nas pequenas coisas que realizamos com humilde tenacidade procurando cumprir a sua vontade.
Caminhando com paciência, Simeão não se deixou quebrantar com o passar do tempo. É um homem já carregado de anos, mas a chama do seu coração ainda está acesa; por vezes, na sua longa vida, ter-se-á sentido entorpecido e descorçoado, mas não perdeu a esperança; com paciência, guarda a promessa, sem se deixar consumir de amargura pelo tempo passado nem por aquela melancolia resignada que surge quando se chega ao crepúsculo da vida. Nele, a expectativa do esperado traduziu-se na paciência quotidiana de quem, apesar de tudo, permaneceu vigilante até que, finalmente, os seus «olhos viram a Salvação» (Lc 2, 30).
Eu me pergunto: Onde terá Simeão aprendido esta paciência? Recebeu-a da oração e da vida do seu povo, que sempre reconheceu, no Senhor, o «Deus misericordioso e clemente, vagaroso na ira, cheio de bondade e de fidelidade» (Ex 34, 6); o Pai que mesmo em presença da recusa e da infidelidade não se cansa; antes, a sua «paciência suportou-os durante muitos anos» (cf. Ne 9, 30), para conceder sempre a possibilidade da conversão.
Assim, a paciência de Simeão é espelho da paciência de Deus. A partir da oração e da história de seu povo, Simeão aprendeu que Deus é paciente. E com a sua paciência, como afirma São Paulo, «convida à conversão» (Rm 2, 4). Gosto de recordar o que dizia Romano Guardini: a paciência é a forma como Deus responde à nossa fraqueza, para nos dar tempo de mudar (cf. Glaubenserkenntnis, Würzburg 1949, 28).
Mas há de ser sobretudo o Messias – Jesus, que Simeão estreita nos braços – a revelar-nos a paciência de Deus, o Pai que usa de misericórdia para conosco e chama até à última hora, que não exige a perfeição, mas a generosidade do coração, que abre novas possibilidades onde tudo parece perdido, que procura um buraco por onde entrar dentro de nós quando o nosso coração está fechado, que deixa crescer o trigo sem arrancar o joio.
Esta é a razão da nossa esperança: Deus espera por nós, sem nunca Se cansar. Quando nos afastamos, vem procurar-nos; quando caímos por terra, levanta-nos; quando regressamos a Ele depois de vagar perdidos, espera-nos de braços abertos. O seu amor não se mede com os pesos dos nossos cálculos humanos, mas sempre nos infunde a coragem de recomeçar.
Ensina-nos a resiliência, o valor de recomeçar. Sempre, todos os dias, depois das quedas, sempre, voltar a começar. Ele é paciente.
A nossa paciência. Da paciência de Deus e da de Simeão, aprendamos para a nossa vida consagrada. E perguntemo-nos: Que é a paciência? Não é simples tolerância das dificuldades nem suportação fatalista das adversidades. A paciência não é sinal de fraqueza: a fortaleza de ânimo torna-nos capazes de suportar a carga dos problemas pessoais e comunitários, leva-nos a acolher a diversidade do outro, faz-nos perseverar no bem mesmo quando tudo parece inútil, impele-nos a caminhar mesmo quando nos assaltam o tédio e a preguiça.
Gostaria de indicar três «lugares» onde se concretiza a paciência.
O primeiro é a nossa vida pessoal. Um dia respondemos à chamada do Senhor, oferecendo-nos a Ele com entusiasmo e generosidade. Ao longo do caminho, a par das consolações, tivemos também decepções e frustrações. Às vezes, o resultado esperado não corresponde ao entusiasmo do nosso trabalho; parece que a nossa sementeira não produz os frutos perspectivados, o fervor da oração diminui e deixamos de nos sentir imunes à aridez espiritual.
Pode acontecer, na nossa vida de consagrados, que a esperança esmoreça por causa das expectativas frustradas. Devemos ter paciência conosco e esperar, confiantes, os tempos e as modalidades de Deus: Ele é fiel às suas promessas. Lembrar-nos disto permite repensar os percursos e revigorar os nossos sonhos, sem ceder à tristeza interior e ao desânimo.
Queridos irmãos e irmãs, a tristeza interior em nós consagrados é como um verme que vai nos comendo por dentro. Fujam da tristeza interior.
O segundo lugar onde se concretiza a paciência: a vida comunitária. As relações humanas, especialmente quando se trata de partilhar um projeto de vida e uma atividade apostólica, nem sempre são pacíficas, todos sabemos disso. Às vezes surgem conflitos e não se pode exigir uma solução imediata, nem se deve julgar precipitadamente a pessoa ou a situação: é preciso saber dar tempo ao tempo, procurar não perder a paz, esperar o momento melhor para uma clarificação na caridade e na verdade.
Não se deixar confundir pelas tempestades. Na leitura do breviário havia um bom fragmento sobre o discernimento espiritual, e dizia isso: “Quando o mar está agitado, não é possível ver os peixes, mas quando o mar está tranquilo, é possível ver”. Nunca poderemos fazer um bom discernimento, ver a verdade, se o nosso coração está agitado, está impaciente. Nunca.
Nas nossas comunidades, requer-se esta paciência mútua: suportar, isto é, carregar aos próprios ombros a vida do irmão ou da irmã, incluindo as suas fraquezas e defeitos. Lembremo-nos disto: o Senhor não nos chama para ser solistas, há muitos na Igreja, nós sabemos. Não, não nos chama a ser solistas, mas para fazer parte dum coro, que às vezes desafina, mas sempre deve tentar cantar em conjunto.
Enfim o terceiro «lugar», a paciência com o mundo. Simeão e Ana cultivam no coração a esperança anunciada pelos profetas, mesmo se tarda a realizar-se e cresce lentamente no meio das infidelidades e ruínas do mundo. Não entoam o lamento pelo que está errado, mas esperam com paciência a luz na obscuridade da história. Esperar a luz na escuridão da história. Esperar a luz na escuridão da própria comunidade.
Precisamos desta paciência, para não acabarmos prisioneiros das lamentações. Alguns são mestres da lamentação, são doutores da lamentação, são muito bons em lamentar. Não, o lamento aprisiona: «o mundo já não nos escuta», «já não temos vocações», «vivemos tempos difíceis»... E assim começa esse dueto das lamentações. Às vezes acontece que, à paciência com que Deus trabalha o terreno da história e do nosso coração, opomos a impaciência de quem julga tudo imediatamente. Agora ou nunca. E assim perdemos a esperança: a esperança. Eu vi tantos e tantas consagradas que perdem a esperança. Simplesmente por impaciência.
A paciência ajuda-nos a olhar com misericórdia para nós mesmos, as nossas comunidades e o mundo. Podemos interrogar-nos: Acolhemos nós a paciência do Espírito na nossa vida? Nas nossas comunidades, carregamo-nos mutuamente aos ombros e mostramos a alegria da vida fraterna?
E, com o mundo, realizamos o nosso serviço com paciência ou julgamos com severidade? São desafios para a nossa vida consagrada: não podemos ficar parados na nostalgia do passado, nem nos limitar a repetir sempre as mesmas coisas. Precisamos da paciência corajosa de caminhar, explorar novos caminhos, procurar aquilo que o Espírito Santo nos sugere. Isso se faz com humildade, com simplicidade, sem grande propaganda, sem grande publicidade.
Contemplemos a paciência de Deus e imploremos a paciência confiante de Simeão, para que também os nossos olhos possam ver a luz da Salvação e levá-la a todo o mundo.
Confira também:
Hoje é celebrada a Apresentação do Senhor e o Dia da Vida Consagrada https://t.co/7g63ozAsBs
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A tristeza "é um verme que nos come por dentro", advertiu o Papa aos consagrados
Vaticano, 02/02/2021 (ACI).- O Papa Francisco alertou os consagrados contra a tristeza interior, “é como um verme que nos come por dentro. Fujam da tristeza interior”.
Assim se referiu o Pontífice durante a Missa que presidiu na Basílica de São Pedro do Vaticano para a Festa da Apresentação do Senhor e o Dia Mundial da Vida Consagrada.
Na homilia, o Papa centrou-se no episódio evangélico da apresentação de Jesus no Templo e, especificamente, na figura de Simeão que, como escreve São Lucas, “esperava a consolação de Israel”.
O Papa lembrou que Simeão, ao se encontrar com a Sagrada Família e tomar Jesus nos braços, “reconhece a luz que veio para iluminar as nações; esta identificação é feita por um homem já idoso que esperou com paciência o cumprimento das promessas do Senhor".
O Santo Padre nos convidou a meditar sobre a paciência de Simeão: “Durante toda a vida, esteve à espera exercitando a paciência do coração. Aprendera, na oração, que geralmente Deus não recorre a acontecimentos extraordinários, mas realiza a sua obra na aparente monotonia do dia a dia, no ritmo por vezes extenuante das atividades, nas pequenas coisas que realizamos com humilde tenacidade procurando cumprir a sua vontade".
Para o Papa, “a paciência de Simeão é espelho da paciência de Deus”, e reforçou que a razão da esperança cristã é que “Deus espera por nós, sem nunca Se cansar”.
“Da paciência de Deus e da de Simeão, aprendamos para a nossa vida consagrada. E perguntemo-nos: Que é a paciência? Não é simples tolerância das dificuldades nem suportação fatalista das adversidades. A paciência não é sinal de fraqueza: a fortaleza de ânimo torna-nos capazes de suportar a carga dos problemas pessoais e comunitários, leva-nos a acolher a diversidade do outro, faz-nos perseverar no bem mesmo quando tudo parece inútil, impele-nos a caminhar mesmo quando nos assaltam o tédio e a preguiça”, explicou o Pontífice.
Nesse sentido, o Papa Francisco indicou três "lugares" "onde se concretiza a paciência".
“O primeiro é a nossa vida pessoal. Um dia respondemos à chamada do Senhor, oferecendo-nos a Ele com entusiasmo e generosidade”.
Ao longo deste caminho, “a par das consolações, tivemos também decepções e frustrações. Às vezes, o resultado esperado não corresponde ao entusiasmo do nosso trabalho; parece que a nossa sementeira não produz os frutos perspectivados, o fervor da oração diminui e deixamos de nos sentir imunes à aridez espiritual”.
Como consequência, “pode acontecer, na nossa vida de consagrados, que a esperança esmoreça por causa das expectativas frustradas”.
Diante desse desespero, o Papa destacou que “devemos ter paciência conosco e esperar, confiantes, os tempos e as modalidades de Deus: Ele é fiel às suas promessas. Lembrar-nos disto permite repensar os percursos e revigorar os nossos sonhos, sem ceder à tristeza interior e ao desânimo”.
Neste contexto, advertiu que “a tristeza interior em nós consagrados é como um verme que nos come por dentro. Fujam da tristeza interior”.
O segundo lugar “onde se concretiza a paciência: a vida comunitária. As relações humanas, especialmente quando se trata de partilhar um projeto de vida e uma atividade apostólica, nem sempre são pacíficas”.
“Às vezes surgem conflitos e não se pode exigir uma solução imediata, nem se deve julgar precipitadamente a pessoa ou a situação: é preciso saber dar tempo ao tempo, procurar não perder a paz, esperar o momento melhor para uma clarificação na caridade e na verdade".
O Pontífice reforçou que “nas nossas comunidades, requer-se esta paciência mútua: suportar, isto é, carregar aos próprios ombros a vida do irmão ou da irmã, incluindo as suas fraquezas e defeitos. Lembremo-nos disto: o Senhor não nos chama para ser solistas, há muitos na Igreja, nós sabemos. Não, não nos chama a ser solistas, mas para fazer parte dum coro, que às vezes desafina, mas sempre deve tentar cantar em conjunto”.
Por fim, o terceiro lugar, “a paciência com o mundo. Simeão e Ana cultivam no coração a esperança anunciada pelos profetas, mesmo se tarda a realizar-se e cresce lentamente no meio das infidelidades e ruínas do mundo. Não entoam o lamento pelo que está errado, mas esperam com paciência a luz na obscuridade da história. Esperar a luz na escuridão da história”.
“Precisamos desta paciência, para não acabarmos prisioneiros das lamentações: ‘o mundo já não nos escuta», «já não temos vocações», «vivemos tempos difíceis’... Às vezes acontece que, à paciência com que Deus trabalha o terreno da história e do nosso coração, opomos a impaciência de quem julga tudo imediatamente. Agora ou nunca. E assim perdemos a esperança: a esperança”.
Afirmou que “a paciência nos ajuda a olhar com misericórdia para nós mesmos, as nossas comunidades e o mundo. Podemos interrogar-nos: Acolhemos nós a paciência do Espírito na nossa vida? Nas nossas comunidades, carregamo-nos mutuamente aos ombros e mostramos a alegria da vida fraterna?”.
“E, com o mundo, realizamos o nosso serviço com paciência ou julgamos com severidade? São desafios para a nossa vida consagrada: não podemos ficar parados na nostalgia do passado, nem nos limitar a repetir sempre as mesmas coisas. Precisamos da paciência corajosa de caminhar, explorar novos caminhos, procurar aquilo que o Espírito Santo nos sugere”.
Por fim, convidou-nos a contemplar “a paciência de Deus e imploremos a paciência confiante de Simeão, para que também os nossos olhos possam ver a luz da Salvação e levá-la a todo o mundo”.
O Papa recomenda senso de humor
Antes de concluir a Missa, o Pontífice disse algumas palavras de despedida e agradecimento nas quais ofereceu duas dicas para melhorar a vida na comunidade. Por um lado, recomendou "fugir da fofoca".
Nesse sentido, contou uma anedota: “Uma jovem religiosa que acabava de entrar no noviciado estava feliz e encontrou uma religiosa idosa, boa, santa. 'E você, como está?'”, perguntou-lhe a idosa. "‘Isso é o paraíso, madre’, respondeu-lhe a jovem". A resposta da idosa: "'Espere um pouco, existe o purgatório'. Na vida consagrada, na vida da comunidade há um purgatório, mas é preciso paciência para passar por ele”.
Por isso, o Papa reforçou que “o que mata a vida comunitária são as fofocas. Não falem mal dos outros. ‘Mas não é fácil, padre, porque às vezes vem do coração’. ‘Sim, vem do coração, como a inveja e tantos pecados capitais que temos dentro’. Fujam. ‘Mas diga, padre, não há nenhum remédio?’. 'A oração, a piedade ...'".
Além disso, propôs outro “remédio que é muito caseiro: morder a língua. Antes de falar dos outros, morde a língua. Assim a língua vai inchar, ocupará a boca e não poderá mais falar mal. Por favor, fujam das fofocas que destroem a comunidade”.
A segunda recomendação do Papa é "não perder o senso de humor". "Na vida comunitária há muitas coisas que não vão bem". “Sempre temos coisas de que não gostamos. Não percam o senso de humor, por favor. Isso nos ajuda muito”.
Por fim, convidou-nos a ter paciência diante dos incômodos causados pelas medidas contra o coronavírus: “Essa Covid nos encurrala, mas suportemos com paciência. Precisamos de paciência e continuar oferecendo nossa vida ao Senhor”.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
Confira também:
Homilia do Papa Francisco na Festa da Apresentação do Senhor 2021 https://t.co/t7c6gE9XfA
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