10 razões para amar e honrar a Virgem Maria
REDAÇÃO CENTRAL, 21/05/2020 (ACI).- A Virgem Maria esteve presente na encarnação, no nascimento, no primeiro milagre, na paixão e morte de Jesus Cristo, recebeu o Espírito Santo junto com os apóstolos em Pentecostes, e hoje continua participando da história da salvação, levando todos os fiéis ao seu Filho.
O ‘National Catholic Register’ propõe 10 razões para amar a Mãe de Deus, porque quanto mais se recorre a ela, mais se pode ajudar o ser humano no seu caminho ao céu.
1. Amar Maria agrada a Deus
Não se pode superar Deus. Ninguém amou e honrou Maria mais do que Deus. Deus Pai a escolheu para ser a Mãe do seu Filho único; Ela é a esposa do Espírito Santo e a mãe do Filho unigênito de Deus.
2. É um exemplo de humildade
“Como a mais humilde serva do Senhor que é ‘cheia de graça’, Maria era o instrumento perfeito de Deus, porque era apenas um instrumento dele”, disse o escritor católico e místico Thomas Merton.
3. É uma maneira de imitar Jesus
Jesus segue o quarto mandamento e honra a sua mãe. Portanto, todo filho de Deus deve fazer a mesma coisa.
4. É uma forma de imitar os santos
Não existe nenhum santo que não amou nem honrou Maria. Muitos deles tinham um terço na mão.
5. Maria é a intercessora por excelência
Jesus fez o seu primeiro milagre público porque a sua Mãe intercedeu. Cristo disse que ainda não era a sua hora, mas sua Mãe lhe pediu ajuda. A Bíblia é clara: Maria influencia o seu Filho.
6. É bíblico incluir Maria
A Santíssima Mãe fez parte da encarnação, do nascimento, do primeiro milagre, da paixão e da morte de Jesus e recebeu o Espírito Santo junto com os apóstolos. Acredita-se que esteve presente durante a Ascensão de Nosso Senhor. Jesus e Maria estão juntos.
7. É histórico
Durante os tempos do Antigo Testamento, era à Rainha, a mãe do rei naquela época, que as pessoas recorriam para fazer seus pedidos. A melhor oportunidade de ter uma boa resposta do rei era o pedido da sua mãe. Foi assim durante o tempo do Rei Davi, e Jesus descende da casa de Davi.
8. Deus continua nos entregando a sua mãe
Uma multidão de aparições marianas aprovadas pela Igreja mostra que Deus continua enviando a sua mãe para nos ajudar. Por exemplo, em Fátima, há 100 anos, em 13 de outubro, havia 70 mil pessoas que testemunharam o ‘Milagre do Sol’, no qual a Virgem Maria apareceu aos pastorinhos Jacinta, Francisco e Lúcia. Sua mensagem para nós é rezar e reparar os pecados dos homens.
9. O Rosário é uma arma poderosa
O Padre Pio e muitos santos o chamaram de arma contra o mal e rezaram continuamente. Há muitas histórias de milagres documentados e histórias pessoais atribuídas à oração do Rosário.
10. Maria é justa
Ninguém poderia argumentar que ela não é a mais justa, portanto, a Bíblia atesta o poder de suas orações.
“A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tiago 5,16) e “o Senhor escutará a oração dos justos” (Provérbios 15,20).
Mensagem do Papa Francisco com estes 10 conselhos às POM
Vaticano, 21/05/2020 (ACI).- O Papa Francisco enviou uma mensagem às Pontifícias Obras Missionárias (POM) na festa da Ascensão do Senhor, que no Vaticano se celebra nesta quinta-feira, 21 de maio, na qual destacou os 7 traços distintivos da missão na Exortação apostólica da Alegria do Evangelho e ofereceu 10 conselhos para continuar seu Caminho missionário.
“A propósito dos pobres, também vós não vos esqueçais deles. Esta foi a recomendação que os apóstolos Pedro, João e Tiago deram, no Concílio de Jerusalém, a Paulo, Barnabé e Tito que lá se tinham deslocado para debater a sua missão entre os incircuncisos: «Só nos disseram que nos devíamos lembrar dos pobres» (Gal 2, 10). Na sequência de tal recomendação, Paulo organizou as coletas a favor dos irmãos da Igreja de Jerusalém (cf. 1 Cor 16, 1). Desde o início, a predileção pelos pobres e os pequeninos faz parte da missão de anunciar o Evangelho. As obras de caridade espiritual e corporal em seu favor manifestam uma «preferência divina» que interpela a vida de fé de todos os cristãos, chamados a ter os mesmos sentimentos de Jesus (cf. Flp 2, 5)”.
A seguir, a íntegra da mensagem do Papa Francisco às Pontifícias Obras Missionárias (POM):
«Estavam todos reunidos, quando Lhe perguntaram: “Senhor, é agora que vais restaurar o Reino de Israel?” Respondeu-lhes: “Não vos compete saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou com a sua autoridade. Mas ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo”. Dito isto, elevou-Se à vista deles e uma nuvem subtraiu-O a seus olhos» (At 1, 6-9).
«O Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi arrebatado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus. Eles, partindo, foram pregar por toda a parte; o Senhor cooperava com eles, confirmando a Palavra com os sinais que a acompanhavam» (Mc 16, 19-20).
«Depois, levou-os até junto de Betânia e, erguendo as mãos, abençoou-os. Enquanto os abençoava, separou-Se deles e elevava-Se ao Céu. E eles, depois de se terem prostrado diante d’Ele, voltaram para Jerusalém com grande alegria. E estavam continuamente no templo a bendizer a Deus» (Lc 24, 50-53).
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Neste ano, havia decidido participar na vossa Assembleia Geral anual, prevista para 21 de maio, uma quinta-feira e festa da Ascensão do Senhor. Mas, depois, a Assembleia foi cancelada por causa da pandemia que nos afeta a todos. Quero, porém, enviar a todos vós esta Mensagem para de algum modo dar a conhecer as coisas que tinha no coração para vos dizer. Esta festa cristã, em tempos inimagináveis como os que estamos a viver, parece-me ainda mais fecunda em sugestões para o caminho e a missão de cada um de nós e de toda a Igreja.
Celebramos a Ascensão como uma festa e, todavia, comemora a despedida de Jesus dos seus discípulos e deste mundo. O Senhor eleva-Se até ao Céu (a Liturgia oriental descreve a maravilha dos anjos ao verem um homem que sobe, com a sua carne, para a direita do Pai). Quanto aos discípulos, apesar de O terem visto ressuscitado, parecem não ter ainda entendido o que aconteceu, mesmo agora que Cristo está prestes a subir ao Céu; está para dar início à realização do seu Reino, e eles ainda se perdem atrás das suas conjeturas. Perguntam-Lhe se é agora que vai restaurar o Reino de Israel (cf. At 1, 6). Contudo, quando Cristo os deixa, em vez de ficar tristes, voltam para Jerusalém – como escreve Lucas (cf. 24, 52) – «com grande alegria». Isto seria estranho, se algo não tivesse acontecido pelo meio. Efetivamente, Jesus já lhes prometeu a força do Espírito Santo, que descerá sobre eles no Pentecostes. Este é o milagre que muda a situação. E tornam-se mais seguros, quando confiam tudo ao Senhor. Estão cheios de alegria. E a alegria neles é a plenitude da consolação, a plenitude da presença do Senhor.
Tendo presente aquilo que Paulo escreve aos Gálatas, sabemos que a plenitude da alegria dos Apóstolos não é efeito de emoções que deleitam e os fazem rejubilar; mas trata-se duma alegria transbordante que só se pode experimentar como fruto e dom do Espírito (cf. Gal 5, 22). Receber a alegria do Espírito é uma graça; e é a única força que podemos ter para pregar o Evangelho, confessar a fé no Senhor. Fé é testemunhar a alegria que nos dá o Senhor. Alegria assim, uma pessoa não a pode conseguir só por si mesma.
Antes de partir, Jesus disse aos seus discípulos que havia de lhes mandar o Espírito, o Consolador. E de igual modo deixou entregue ao Espírito também a obra apostólica da Igreja ao longo da história até ao seu retorno. O mistério da Ascensão, juntamente com a efusão do Espírito no Pentecostes, imprime e transmite para sempre à missão da Igreja o seu delineamento mais íntimo: o de ser obra do Espírito Santo, e não consequência das nossas reflexões e intenções. Este é o traço que pode tornar fecunda a missão e preservá-la de qualquer suposta autossuficiência, da tentação de tomar como refém a carne de Cristo – elevado ao Céu – para os seus projetos clericais de poder.
Quando não se vê nem reconhece a obra atual e eficaz do Espírito Santo na missão da Igreja, isso quer dizer que as próprias palavras da missão – incluindo as mais exatas, as mais pensadas – se tornaram como que «discursos de sabedoria humana», usadas para dar glória a si mesmo ou encobrir e mascarar os próprios desertos interiores.
A alegria do Evangelho
A salvação é o encontro com Jesus, que nos ama e perdoa, enviando-nos o Espírito que nos consola e defende. A salvação não é consequência das nossas iniciativas missionárias, nem dos nossos discursos sobre a encarnação do Verbo. A salvação só pode vir para cada um mediante o olhar do encontro com Ele, que nos chama. Por isso, o mistério da predileção tem início e só pode começar num ímpeto de gratidão, de alegria: a alegria do Evangelho, a «grande alegria» daquelas pobres mulheres que, ao amanhecer do domingo de Páscoa, tinham ido ao sepulcro de Cristo e acharam-no vazio, mas depois foram as primeiras a encontrar Jesus ressuscitado e correram a dizê-lo aos outros (cf. Mt 28, 8-10). Só assim, apesar de escolhidos e prediletos, poderemos testemunhar ao mundo inteiro, com as nossas vidas, a glória de Cristo ressuscitado.
Em qualquer situação humana, as testemunhas atestam o que foi feito por outra pessoa. Só neste sentido é que podemos ser testemunhas de Cristo e do seu Espírito. Depois da Ascensão, como aparece narrado na conclusão do Evangelho de Marcos, os apóstolos e os discípulos «foram pregar por toda a parte; e o Senhor cooperava com eles, confirmando a Palavra com os sinais que a acompanhavam» (16, 20). Cristo, com o seu Espírito, dá testemunho de Si próprio através das obras que realiza em nós e connosco. Já explicava Santo Agostinho que a Igreja não suplicaria ao Senhor que a fé fosse concedida àqueles que não conhecem a Cristo, se não acreditasse que é o próprio Deus a revirar e atrair para Si mesmo a vontade dos homens. A Igreja não levaria os seus filhos a rezarem ao Senhor para perseverar na fé em Cristo, se não acreditasse que é precisamente o Senhor que detém na sua mão os nossos corações. De facto, se a Igreja mandasse pedir a Cristo estas coisas, mas pensando que ela mesma as poderia dar, isso significava que todas as suas orações não eram autênticas, mas fórmulas vazias, «modos de falar», conveniências ditadas pelo conformismo eclesiástico (cf. O dom da perseverança. A Próspero e Hilário, 23, 63).
Se não se reconhece que a fé é um dom de Deus, as próprias orações que a Igreja Lhe dirige não teriam sentido. Através delas, não se manifestaria qualquer paixão sincera pela felicidade e a salvação dos outros, daqueles que não reconhecem Cristo ressuscitado, mesmo que transcorra o tempo a organizar a conversão do mundo ao cristianismo.
É o Espírito Santo que acende e guarda a fé nos corações: o reconhecimento deste dado muda tudo. Efetivamente, é o Espírito que inflama e anima a missão, imprimindo-lhe feições «genéticas», acentuações e andamentos singulares que tornam o anúncio do Evangelho e a confissão da fé cristã uma coisa diferente de qualquer proselitismo político ou cultural, psicológico ou religioso.
Recordei muitos destes traços distintivos da missão, na Exortação apostólica Evangelii gaudium. Retomo alguns.
Atração. O mistério da Redenção entrou e continua a operar no mundo através duma atração, que pode conquistar o coração dos homens e mulheres, porque é, e se manifesta, mais atraente do que as seduções que fazem apelo ao egoísmo, consequência do pecado. «Ninguém pode vir a Mim se o Pai que Me enviou o não atrair», diz Jesus no Evangelho de João (6, 44). A Igreja sempre reafirmou que segue-se Jesus e anuncia-se o seu Evangelho pela força da atração exercida pelo próprio Cristo e pelo seu Espírito. O Papa Bento XVI afirmou que a Igreja cresce no mundo, não por proselitismo, mas por atração (cf. Homilia na Missa de abertura da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, Aparecida, 13/V/2007). Santo Agostinho dizia que Cristo revela-Se a nós atraindo-nos. E, para dar uma imagem desta atração, citava o poeta Virgílio segundo o qual cada um é atraído por aquilo que lhe agrada. Jesus não só convence a nossa vontade, mas atrai o nosso prazer (Comentário sobre o Evangelho de João, 26, 4). Quando uma pessoa segue feliz Jesus, porque se sente atraída por Ele, os outros dão-se conta disso; e podem maravilhar-se. A alegria que transparece nas pessoas que são atraídas por Cristo e pelo seu Espírito é o que pode tornar fecunda qualquer iniciativa missionária.
Gratidão e gratuidade. A alegria de anunciar o Evangelho sempre brilha no horizonte duma memória agradecida. Os dois primeiros discípulos nunca esqueceram o momento em que Jesus lhes tocou o coração: «Eram as quatro da tarde» (Jo 1, 39). A história da Igreja resplandece, quando nela se manifesta a gratidão pela iniciativa gratuita de Deus, porque «foi Ele mesmo que nos amou» primeiro (1 Jo 4, 10), porque «só Deus [é] que faz crescer» (1 Cor 3, 7). A predileção amorosa do Senhor surpreende-nos e gera maravilha; esta, por sua natureza, não pode ser possuída nem imposta por nós. Não é possível «maravilhar-se à força». Só assim pode florir o milagre da gratuidade, do dom gratuito de si mesmo. O próprio ardor missionário nunca se pode obter em consequência dum raciocínio ou dum cálculo. Colocar-se «em estado de missão» é um reflexo da gratidão. Trata-se da resposta duma pessoa que, por gratidão, se torna dócil ao Espírito e, consequentemente, é livre. Se não nos apercebermos da predileção do Senhor, que nos torna agradecidos, até o conhecimento da verdade e o próprio conhecimento de Deus, ostentados como uma possessão alcançável com as próprias forças, se tornariam de facto «letra [que] mata» (2 Cor 3, 6), como demonstraram primeiramente São Paulo e Santo Agostinho. Só na liberdade da gratidão é que se conhece verdadeiramente o Senhor. Por isso, não vale nada e sobretudo não é apropriado insistir na apresentação da missão e do anúncio do Evangelho como se fossem um dever vinculante, uma espécie de «obrigação contratual» dos batizados.
Humildade. Se a verdade e a fé, se a felicidade e a salvação não são nossa possessão nem uma meta alcançada pelos nossos méritos, o Evangelho de Cristo só pode ser anunciado com humildade. Jamais se pode pensar em servir a missão da Igreja cultivando a arrogância, seja como indivíduos seja através dos organismos, com a altivez de quem distorce até o dom dos Sacramentos e as palavras mais autênticas da fé cristã como se fossem um espólio que ganhamos. Não se pode ser humilde por boa educação, nem por desejar aparecer cativante; uma pessoa é humilde, se seguir Cristo, que disse aos seus: «Aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração» (Mt 11, 29). Santo Agostinho interroga-se por que motivo Jesus, depois da Ressurreição, Se fez ver apenas aos seus discípulos, e não àqueles que O crucificaram; responde ele que Jesus não queria dar a impressão de «desafiar de alguma maneira os seus assassinos. Efetivamente, para Ele, era mais importante ensinar a humildade aos amigos do que lançar a verdade à cara dos inimigos» (Discurso 284, 6).
Facilitar, não complicar. Outra caraterística do trabalho missionário autêntico é a que alude à paciência de Jesus, que, nas próprias narrações do Evangelho, acompanhava sempre com misericórdia os passos de crescimento das pessoas. Um pequeno passo, no meio de grandes limitações humanas, pode fazer o coração de Deus mais feliz do que os largos passos de quem avança na vida sem grandes dificuldades. Um coração missionário reconhece a condição real em que se encontram as pessoas reais, com as suas limitações, pecados, fragilidades, e faz-se «fraco com os fracos» (1 Cor 9, 22). «Sair» em missão para alcançar as periferias humanas não significa vagar sem direção nem sentido, como vendedores impacientes que se lamentam porque a gente é demasiado rude e primitiva para se interessar pela sua mercadoria. Umas vezes, trata-se de abrandar o passo, para acompanhar quem ficou na beira da estrada; outras vezes, é preciso imitar o pai da parábola do filho pródigo, que deixa as portas abertas e perscruta, diariamente, o horizonte enquanto espera o regresso do filho (cf. Lc 15, 20). A Igreja não é uma alfândega e quem participa de algum modo na missão da Igreja é chamado a não acrescentar pesos inúteis às vidas já afadigadas das pessoas, a não impor percursos sofisticados e trabalhosos de formação para usufruir daquilo que o Senhor concede com facilidade. Não se coloquem obstáculos ao desejo de Jesus, que reza por cada um de nós e quer curar a todos, salvar a todos.
Aproximação à vida real. Jesus encontrou os seus primeiros discípulos nas margens do lago da Galileia, quando estavam ocupados no seu trabalho. Não os encontrou num congresso, num seminário de preparação nem no Templo. O anúncio de salvação de Jesus alcança as pessoas sempre onde estão e como estão, nas suas vidas reais. A normalidade da vida comum, tomando parte nas necessidades, esperanças e problemas de todos, é o lugar e a condição onde quem reconheceu o amor de Cristo e recebeu o dom do Espírito Santo pode dar razão da sua fé, esperança e caridade àqueles que lha pedirem; caminhando juntamente com os outros, ao lado de todos. Sobretudo neste tempo em que vivemos, não se trata de inventar percursos de preparação «reservados», criar mundos paralelos, criar bolhas mediáticas onde fazer ressoar os próprios slogans, as próprias declarações de intentos, reduzidas a pacatos «nominalismos declaratórios». A título de exemplo, como já tenho recordado outras vezes, na Igreja continua a haver quem apregoe o slogan «é a hora dos leigos», mas o relógio parece ter parado...
O «sensus fidei» do povo de Deus. No mundo, há um povo que possui uma espécie de «olfato» que pressente o Espírito Santo e a sua ação. É o povo de Deus, chamado e querido a Jesus, o qual, por sua vez, continua a procurá-Lo e sempre recorre a Ele nas aflições da vida. O povo de Deus suplica o dom do seu Espírito: confia a espera por Este às palavras simples das orações, e nunca se acomoda na presunção da sua autossuficiência. O santo povo de Deus é reunido e ungido pelo Senhor; e, em virtude desta unção, torna-se infalível «in credendo», como ensina a Tradição da Igreja. A ação do Espírito Santo dota o povo fiel com um «instinto» da fé – o sensus fidei –, que o ajuda a não se enganar nas coisas de Deus que crê, embora não conheça raciocínios e fórmulas teológicas para definir os dons que experimenta. O mistério do povo peregrino, que, na sua espiritualidade popular, caminha rumo aos santuários e se consagra a Jesus, a Maria e aos Santos, bebe e adere de forma conatural à iniciativa livre e gratuita de Deus, sem precisar de seguir planos de mobilização pastoral.
Predileção pelos humildes e os pobres. Todo o ardor missionário, se for guiado pelo Espírito Santo, mostra uma predileção pelos pobres e os humildes como sinal e reflexo da preferência que o Senhor tem por eles. As pessoas diretamente envolvidas em iniciativas e estruturas missionárias da Igreja nunca deveriam justificar a sua falta de atenção aos pobres com a desculpa – muito usada em certos círculos eclesiásticos – de ter que concentrar as suas energias em tarefas prioritárias para a missão. A preferência pelos pobres não é uma opção facultativa para a Igreja.
As dinâmicas e abordagens anteriormente descritas fazem parte da missão da Igreja, animada pelo Espírito Santo. Habitualmente é reconhecida e afirmada, nas declarações e discursos eclesiásticos, a necessidade do Espírito Santo como fonte da missão da Igreja. Mas sucede também que tal reconhecimento se reduza a uma espécie de «homenagem formal» à Santíssima Trindade, uma fórmula introdutória convencional para intervenções teológicas e planos pastorais. Na Igreja, há muitas situações em que o primado da graça permanece apenas como um postulado teórico, uma fórmula abstrata. Acontece que muitas iniciativas e organismos ligados à Igreja, em vez de deixar transparecer a atividade do Espírito Santo, acabam por dar testemunho apenas da sua autorreferencialidade. Muitos sistemas eclesiásticos, em todos os níveis, parecem absorvidos pela obsessão de se promover a si mesmos e às suas iniciativas; como se isto fosse o objetivo e o horizonte da sua missão.
Até aqui limitei-me a tomar e repropor critérios e ideias sobre a missão da Igreja, que expusera de forma mais desenvolvida na Exortação apostólica Evangelii gaudium. Fi-lo por acreditar que seria útil e fecundo – e inadiável – também para as Pontifícias Obras Missionárias (POM) confrontar-se com tais critérios e sugestões, neste trecho do seu caminho.
As POM e o tempo presente.
Talentos a desenvolver, tentações e doenças a evitar
Que perspetivas se abrem para o presente e o futuro das POM? Que lastro se arrisca a sobrecarregar-lhes o caminho?
Na fisionomia, eu diria na identidade, das Pontifícias Obras Missionárias, aparecem certos traços distintivos – alguns, por assim dizer, genéticos, outros adquiridos ao longo do seu percurso histórico – que muitas vezes são transcurados ou vistos como um dado adquirido. Ora, são precisamente tais traços que podem salvaguardar e tornar preciosa, sobretudo no tempo presente, a contribuição desta «rede» para a missão universal a que é chamada toda a Igreja.
– As Obras Missionárias nasceram, espontaneamente, do ardor missionário manifestado pela fé dos batizados. Há e permanece uma consonância íntima, uma familiaridade entre as Obras Missionárias e o sensus fidei infalível in credendo do povo fiel de Deus.
– As Obras Missionárias, desde o início, avançaram sobre dois «trilhos», ou melhor, ao longo de duas margens que seguem sempre paralelas e, no seu caráter elementar, sempre se apresentaram familiares ao coração do povo de Deus: a oração e a caridade, sob a forma da esmola, que «livra da morte e limpa de todo o pecado» (Tob 12, 9), a «caridade intensa» que «cobre a multidão dos pecados» (1 Ped 4, 8). Os fundadores das Obras Missionárias, a começar por Pauline Jaricot, não inventaram as orações nem as obras às quais confiaram os seus anseios a propósito do anúncio do Evangelho, mas limitaram-se a extraí-las do tesouro inexaurível dos gestos mais familiares e habituais que tem o povo de Deus no seu caminho ao longo da história.
– As Obras Missionárias, surgidas de maneira gratuita na trama vital do povo de Deus, pela sua configuração simples e concreta foram reconhecidas e tão estimadas pela Igreja de Roma e seus Bispos, que estes, no século passado, pediram para poder adotá-las como instrumento peculiar do serviço por eles prestado à Igreja universal. Este caminho levou a atribuir a tais Obras a designação de «Pontifícias». Desde então sobressai, na fisionomia das POM, a sua caraterística de instrumentos de serviço às Igrejas particulares apoiando-as na obra de anúncio do Evangelho. Seguindo o mesmo caminho, as Pontifícias Obras Missionárias ofereceram-se docilmente como instrumentos de serviço à Igreja, no seio do ministério universal realizado pelo Papa e pela Igreja de Roma, que «preside na caridade». Assim, pelo seu próprio percurso e sem entrar em complexas disputas teológicas, as POM refutaram os argumentos de quem, mesmo em ambientes eclesiásticos, contrapõe de maneira imprópria carisma e instituição, lendo sempre as relações entre as duas realidades através duma equivocada «dialética dos princípios». Efetivamente, na Igreja, os próprios elementos estruturais permanentes – tais como os Sacramentos, o sacerdócio e a sucessão apostólica – não estão à disposição da Igreja como um objeto de posse adquirida, mas devem ser continuamente recriados pelo Espírito Santo (cf. Card. J. Ratzinger, Os movimentos eclesiais e a sua colocação teológica. Intervenção no Congresso mundial dos movimentos eclesiais, Roma, 27-29/V/1998).
– As Obras Missionárias, desde a sua difusão inicial, estruturaram-se como uma rede capilar espalhada no seio do povo de Deus, plenamente ancorada e efetivamente «imanente» à rede das instituições e realidades da vida eclesial pré-existentes, como as dioceses, as paróquias, as comunidades religiosas. A vocação peculiar das pessoas envolvidas nas Obras Missionárias nunca foi vivida e sentida como um caminho alternativo, uma pertença «externa» relativamente às formas comuns da vida das Igrejas particulares. A solicitação no sentido de rezar e angariar recursos para a missão sempre foi feita como um serviço à comunhão eclesial.
– As Obras Missionárias, tornando-se com o decorrer do tempo uma rede espalhada por todos os Continentes, refletem pela sua própria configuração a variedade de acentos, condições, problemas e dons que conotam a vida da Igreja nos diferentes lugares do mundo. Uma pluralidade que pode proteger contra assimilações ideológicas e unilateralismos culturais. Nesta linha é possível experimentar, também através das POM, o mistério da universalidade da Igreja: enquanto a obra incessante do Espírito Santo cria a harmonia entre as diferentes vozes, o Bispo de Roma, com o seu serviço de caridade exercido inclusivamente através das Pontifícias Obras Missionárias, salvaguarda a unidade na fé.
Todas as caraterísticas descritas até agora podem ajudar as Pontifícias Obras Missionárias a subtraírem-se às armadilhas e patologias que pairam sobre o caminho delas e de tantas outras instituições eclesiais. Assinalo algumas delas.
Armadilhas a evitar
Autorreferencialidade. Sem pretender negar as boas intenções dos indivíduos, organizações e entidades eclesiais, às vezes acabam fechadas em si mesmas, dedicando energias e atenção sobretudo à sua autopromoção e à celebração em das suas iniciativas. Outras parecem dominadas pela obsessão de redefinir continuamente a sua relevância e os seus espaços dentro da Igreja, com a justificação de quererem relançar o melhor possível a sua missão. Desta maneira, como disse uma vez o então Cardeal Joseph Ratzinger, alimenta-se a ideia enganadora de que uma pessoa seria tanto mais cristã quanto mais estivesse empenhada em estruturas intraeclesiais, quando na realidade quase todos os batizados vivem a fé, a esperança e a caridade na sua vida normal, sem nunca aparecer em comissões eclesiais nem se ocupar dos últimos desenvolvimentos de política eclesiástica (cf. Uma companhia sempre em reforma, Conferência no Encontro de Rimini, 01/IX/1990).
Ânsia de comando. Sucede às vezes que instituições e organismos surgidos para ajudar as comunidades eclesiais, pondo ao serviço destas os dons que neles suscitou o Espírito Santo, pretendam com o passar do tempo exercer supremacias e funções de controle sobre as comunidades que deveriam servir. Este comportamento é quase sempre acompanhado pela presunção de exercer o papel de «depositários», distribuidores de licenças de legitimidade a respeito dos outros. Efetivamente, nestes casos, comportam-se como se a Igreja fosse um produto das nossas análises, dos nossos programas, acordos e decisões.
Elitismo. Várias vezes se apodera daqueles que fazem parte de organismos e realidades organizadas na Igreja um sentimento elitista, a ideia tácita de pertencer a uma aristocracia. Uma classe superior de especialistas que procura ampliar os seus espaços em cumplicidade ou em concorrência com outras elites eclesiásticas, e prepara os seus membros segundo os sistemas e as lógicas mundanas da militância ou da competência técnico-profissional, sempre com a intenção principal de promover as suas prerrogativas oligárquicas.
Isolamento do povo. Nalgumas realidades ligadas à Igreja, a tentação elitista é às vezes acompanhada por um sentimento de superioridade e impaciência face à multidão dos batizados, ao povo de Deus, que talvez frequente as paróquias e os santuários, mas não se compõe de «ativistas» ocupados em organizações católicas. Nestes casos, o próprio povo de Deus é visto como uma massa inerte, que precisa incessantemente de ser reanimada e mobilizada através duma «tomada de consciência» que se deve estimular por meio de argumentações, apelos, ensinamentos. Comportam-se como se a certeza da fé fosse consequência de um discurso persuasivo ou de métodos de preparação.
Abstração. Organismos e realidades ligadas à Igreja, quando se tornam autorreferenciais, perdem o contacto com a realidade e adoecem de abstração. Multiplicam-se inúteis locais de elaboração estratégica, para produzir projetos e diretrizes que servem apenas como instrumentos de autopromoção de quem os inventa. Tomam-se os problemas e seccionam-se em laboratórios intelectuais, onde tudo acaba domesticado e envernizado segundo as chaves ideológicas de preferência; onde tudo, fora do contexto real, pode ser cristalizado num simulacro, incluindo as referências à fé ou os apelos verbais a Jesus e ao Espírito Santo.
Funcionalismo. As organizações autorreferenciais e elitistas, mesmo na Igreja, acabam frequentemente por apostar tudo na imitação dos modelos mundanos de eficiência, como os impostos por uma competição económica e social exacerbada. A opção do funcionalismo garante a ilusão de «resolver os problemas» com equilíbrio, ter as coisas sob controle, aumentar a sua relevância, melhorar a administração ordinária do que existe. Mas, como já vos disse no encontro que tivemos em 2016, uma Igreja que tem medo de se abandonar à graça de Cristo e aposta na eficiência do sistema, já está morta, mesmo que as estruturas e programas a favor dos clérigos e leigos «auto-ocupados» possam ainda durar séculos.
Conselhos para o caminho
Perscrutando o presente e o futuro e procurando também no percurso das POM os recursos para superar as armadilhas do caminho e continuar para diante, permito-me dar algumas sugestões para ajudar o vosso discernimento. Tendo vós empreendido um percurso de reavaliação das próprias POM, que quereis que seja inspirado nas indicações do Papa, proponho à vossa atenção critérios e ideias gerais, sem entrar em detalhes, até porque os diferentes contextos poderão exigir adaptações e variações.
1) Na medida das vossas possibilidades e sem vos perderdes em demasiadas conjeturas, salvaguardai ou redescobri a inserção das POM no seio do povo de Deus, a sua imanência na trama da vida real em que nasceram. Será útil uma «imersão» mais intensa na vida real das pessoas, tal como é. Quando se segue a Jesus, faz bem a todos sair do ambiente fechado das próprias problemáticas internas. Convém mergulhar nas circunstâncias e condições concretas, inclusive procurando ou tentando reintegrar a capilaridade da ação e dos contactos das POM no seu entrelaçamento com a rede eclesial (dioceses, paróquias, comunidades, grupos). Se se privilegiar a própria imanência no povo de Deus, com as suas luzes e dificuldades, consegue-se também fugir melhor da armadilha da abstração. Mais do que formular e multiplicar propostas, é preciso dar respostas a perguntas e exigências reais. Talvez seja a partir duma luta corpo a corpo com a vida em ato, e não dos cenáculos fechados ou das análises teóricas sobre as próprias dinâmicas internas, que poderão chegar as intuições úteis para mudar e melhorar os procedimentos operacionais, adaptando-os aos variados contextos e às diferentes circunstâncias.
2) Sugiro proceder de modo que o sistema essencial das POM permaneça ligado às práticas da oração e da coleta de recursos para a missão, um sistema válido e estimado precisamente pela sua natureza elementar e concreta. Expressa a afinidade das POM com a fé do povo de Deus. Com toda a flexibilidade e as necessárias adaptações, convém que não seja esquecido nem distorcido este traçado elementar das POM: orações ao Senhor, para que Ele abra os corações ao Evangelho, e súplicas a todos, para que sustentem também de forma concreta a obra missionária. Há nisto uma simplicidade e um concretismo que todos podem apreciar no momento atual, pois, mesmo nas circunstâncias ditadas pelo flagelo da pandemia, se sente por todo o lado o desejo de encontrar e permanecer próximo de tudo o que é simplesmente Igreja. Procurai também novas estradas, novas formas para o vosso serviço, mas, para o conseguir, não adianta complicar o que é simples.
3) As POM são e devem comportar-se como um instrumento de serviço à missão nas Igrejas particulares, tendo por horizonte a missão da Igreja que sempre abraça o mundo inteiro. Está nisto a sua contribuição, sempre valiosa, para o anúncio do Evangelho. Todos somos chamados a guardar por amor e gratidão, mesmo com as nossas obras, os germes de vida teologal que o Espírito de Cristo faz desabrochar e crescer onde Ele quer, mesmo nos desertos. Por favor, na oração, a primeira coisa a pedir ao Senhor é que nos torne a todos mais prontos a captar os sinais do seu agir para depois os indicar ao mundo inteiro. Só isto pode ser útil: pedir que em nós, no íntimo do nosso coração, a invocação do Espírito Santo não se reduza a um postulado estéril e redundante das nossas reuniões e homilias; pelo contrário, não adianta fazer conjeturas e teorizar a propósito de super-estrategas ou «centrais dirigentes» da missão, a quem delegar, como a presumidos e enfatuados «guardiões» da dimensão missionária da Igreja, a tarefa de despertar o espírito missionário ou conceder licenças para missionar os outros. Se, nalgumas situações, definha o ardor pela missão, é sinal de que está a desfalecer a fé. E, neste caso, a pretensão de reanimar a chama que se apaga com estratégias e discursos, acaba por enfraquecê-la ainda mais, fazendo apenas avançar o deserto.
4) Por sua natureza, o serviço prestado pelas POM coloca os seus executores em contacto com inúmeras realidades, situações e eventos que fazem parte do grande fluxo da vida da Igreja, em todos os Continentes. Neste fluxo, pode-se embater não só em muitos gravames e escleroses que acompanham a vida eclesial, mas também nos dons gratuitos de cura e consolação que o Espírito Santo semeia na vida diária daquela que poderia chamar-se a «classe média da santidade». E podeis alegrar-vos e exultar, saboreando os encontros que vos acontecem, graças ao trabalho das POM, e deixando-vos maravilhar por eles. Penso nas narrações que ouvi de tantos milagres sucedidos com as crianças, que encontraram Jesus talvez através das iniciativas propostas pela Infância Missionária. Por isso, nunca deixeis que o vosso trabalho acabe «esterilizado» numa dimensão exclusivamente burocrático-profissional. Não pode haver burocratas nem funcionários da missão. E a vossa gratidão pode tornar-se, por sua vez, um dom e um testemunho para todos. Para conforto de todos, podeis, com os meios de que dispondes e sem artificialismos, referir os casos de pessoas e comunidades que pudestes encontrar mais facilmente do que outras, por resplandecer gratuitamente nelas o milagre da fé, da esperança e da caridade.
5) A gratidão à vista dos prodígios operados pelo Senhor entre os seus prediletos – os pobres e os pequeninos a quem Ele revela as coisas ocultas aos sábios (cf. Mt 11, 25-26) – pode tornar mais fácil, também para vós, subtrair-vos às armadilhas das retiradas autorreferenciais e sair de vós mesmos, seguindo a Jesus. A ideia duma atividade missionária autorreferencial, que passa o tempo a contemplar e autoincensar-se pelas suas iniciativas, seria em si mesma um absurdo. Não gasteis demasiado tempo nem recursos a «olhar para vós mesmos», a elaborar planos autocentrados nos mecanismos internos, na funcionalidade e capacidades do seu organigrama. Olhai para fora, não vos olheis ao espelho. Quebrai todos os espelhos de casa. Os critérios a seguir, mesmo na realização dos programas, tenham em vista aliviar, tornar mais flexíveis estruturas e procedimentos, em vez de sobrecarregar com outros elementos do sistema a rede das POM. Por exemplo, cada diretor nacional, durante o seu mandato, esforce-se por identificar as figuras de um possível sucessor, tendo como único critério não assinalar pessoas do seu círculo de amigos ou companheiros de «agregação» eclesiástica, mas pessoas que lhe parecem ter mais ardor missionário do que ele próprio.
6) Quanto à angariação de recursos para ajudar a missão, por ocasião dos nossos encontros anteriores, já chamei a atenção para o risco de transformar as POM numa ONG inteiramente dedicada à busca e atribuição dos fundos. Isso depende mais do coração com que se fazem as coisas, do que das coisas que se fazem. Na recolha de fundos, certamente pode ser aconselhável e até oportuno recorrer criativamente a metodologias atualizadas para se obter financiamentos da parte de potenciais e beneméritos doadores. Mas quando, nalgumas áreas, a coleta de doações falha, devido também ao declínio da memória cristã, então pode vir a tentação de resolvermos nós o problema «encobrindo» a realidade e apostando nalgum sistema de angariação mais eficaz, que vai à procura dos grandes doadores. Ao contrário, o sofrimento pela perda da fé e também pela diminuição dos recursos não se deve descartar, mas colocar nas mãos do Senhor. Em todo o caso, é bom que o pedido de ofertas para as missões continue a ser feito prioritariamente a toda a multidão dos batizados, inclusive apostando de maneira nova na coleta para as missões que se realiza nas igrejas de todos os países, em outubro, por ocasião do Dia Mundial das Missões. A Igreja sempre continuou a avançar graças também ao óbolo da viúva, à contribuição daquela série inumerável de pessoas que se sentem curadas e consoladas por Jesus e, consequentemente, pelo transbordar da sua gratidão, dão o que têm.
7) Quanto ao uso das doações recebidas, avaliai sempre com apropriado sensus Ecclesiae a distribuição dos fundos para apoio de estruturas e projetos que realizam de variados modos a missão apostólica e o anúncio do Evangelho nas diferentes partes do mundo. Tenha-se sempre em conta reais necessidades primárias das comunidades e, ao mesmo tempo, evitem-se formas de assistencialismo que, em vez de oferecer instrumentos ao ardor missionário, acabam por entibiar os corações e alimentar na própria Igreja fenómenos de clientelismo parasitário. Com a vossa contribuição, procurai dar respostas concretas a exigências objetivas, sem desperdiçar recursos em iniciativas caraterizadas pela abstração, autorreferência ou produzidas pelo narcisismo clerical de alguém. Não cedais a complexos de inferioridade nem tentações de emulação com organizações super-funcionais que arrecadam fundos para causas justas e depois uma boa percentagem dos mesmos é utilizada para financiar o sistema e fazer publicidade da própria marca. Mesmo isso torna-se às vezes uma estrada para cuidar primeiro dos próprios interesses, embora mostrando que se está a trabalhar em benefício dos pobres e necessitados.
8) A propósito dos pobres, também vós não vos esqueçais deles. Esta foi a recomendação que os apóstolos Pedro, João e Tiago deram, no Concílio de Jerusalém, a Paulo, Barnabé e Tito que lá se tinham deslocado para debater a sua missão entre os incircuncisos: «Só nos disseram que nos devíamos lembrar dos pobres» (Gal 2, 10). Na sequência de tal recomendação, Paulo organizou as coletas a favor dos irmãos da Igreja de Jerusalém (cf. 1 Cor 16, 1). Desde o início, a predileção pelos pobres e os pequeninos faz parte da missão de anunciar o Evangelho. As obras de caridade espiritual e corporal em seu favor manifestam uma «preferência divina» que interpela a vida de fé de todos os cristãos, chamados a ter os mesmos sentimentos de Jesus (cf. Flp 2, 5).
9) As POM, com a sua rede espalhada por todo o mundo, refletem a rica variedade do «povo de mil rostos» reunido pela graça de Cristo, com o seu ardor missionário; um ardor, que não é sempre intenso e vigoroso da mesma maneira em toda parte. Entretanto, ao partilhar a mesma urgência de confessar Cristo morto e ressuscitado, expressa-se com acentuações diferentes, adaptando-se aos vários contextos. A revelação do Evangelho não se identifica com nenhuma cultura e, no encontro com novas culturas que ainda não receberam a pregação cristã, é preciso não impor uma determinada forma cultural juntamente com a proposta do Evangelho. Hoje, no próprio trabalho das POM, convém não levar bagagens pesadas; é melhor cingir aos traços essenciais da fé o seu perfil diferenciado e o seu referimento comum. Também pode ofuscar a universalidade da fé cristã a pretensão de estandardizar a forma do anúncio, apostando tudo talvez sobre estereótipos e slogans que estão na moda em certos círculos de determinados países cultural ou politicamente dominantes. A propósito, a própria relação especial que une as POM ao Papa e à Igreja de Roma constitui um recurso e um sustentáculo de liberdade, que a todos ajuda a subtrair-se de modas passageiras, da restrição a escolas de pensamento unilaterais ou de homologações culturais de cunho neocolonialista: fenómenos que, infelizmente, se registam também em contextos eclesiásticos.
10) As POM não são, na Igreja, uma entidade fechada em si mesma, suspensa no vazio. Entre as suas especificidades, que sempre se devem cultivar e renovar, está o vínculo especial que as une ao Bispo da Igreja de Roma, que preside na caridade. É belo e reconfortante reconhecer que este vínculo se manifesta num trabalho realizado com alegria, sem procurar aplausos nem avançar reivindicações. Uma obra que, precisamente na sua gratuidade, se entrelaça com o serviço do Papa, servo dos servos de Deus. Peço-vos que o caráter distintivo da vossa proximidade ao Bispo de Roma seja precisamente este: a partilha do amor à Igreja, reflexo do amor a Cristo, vivido e traduzido no silêncio, sem enfatuar-se nem assinalar «os próprios territórios»; com um trabalho diário que beba na caridade e no seu mistério de gratuidade; com uma atividade que apoia inúmeras pessoas, interiormente gratas mas que talvez não saibam sequer a quem agradecer, pois nem conhecem pelo nome as POM. O mistério da caridade na Igreja, realiza-se assim. Continuemos a caminhar juntos, felizes de avançar por entre provações, graças aos dons e consolações do Senhor. Entretanto reconheçamos com alegria que somos todos – a começar por mim – servos inúteis.
Conclusão
Ide com entusiasmo: no caminho que vos espera, há tanto a fazer. Se houver mudanças a experimentar nos procedimentos, é bom que as mesmas procurem aliviar, e não aumentar o peso; visem ganhar flexibilidade operacional, e não produzir sistemas rígidos adicionais e sempre ameaçados de introversão. Tende presente, por um lado, que uma centralização excessiva, em vez de ajudar, pode complicar a dinâmica missionária e, por outro, que uma articulação puramente nacional das iniciativas põe em risco a própria fisionomia da rede das POM, bem como o intercâmbio de dons entre as Igrejas e comunidades locais, vivido como fruto e sinal tangível da caridade entre os irmãos, na comunhão com o Bispo de Roma.
Em todo o caso, rezai sempre para que toda a consideração relativa à estrutura operacional das POM seja iluminada pela única coisa necessária: um pouco de verdadeiro amor à Igreja, como reflexo do amor a Cristo. O vosso é um serviço prestado ao ardor apostólico, isto é, a um ímpeto de vida teologal que só o Espírito Santo pode operar no povo de Deus. Procurai fazer bem o vosso trabalho «como se tudo dependesse de vós, sabendo que, na realidade, tudo depende de Deus» (Santo Inácio de Loyola). Como vos disse anteriormente, durante um dos nossos encontros, tende a prontidão de Maria. Quando foi ter com Isabel, Maria não o fez por interesse próprio: foi como serva do Senhor Jesus, que levava no seio. De Si mesma, nada disse; apenas levou o Filho e louvou a Deus. Não era Ela a protagonista. Fora como a serva d’Aquele que é também o único protagonista da missão. Mas não perdeu tempo, foi apressadamente trabalhar para ajudar a sua parenta. Ela ensina-nos esta prontidão, a pressa da fidelidade e da adoração.
Nossa Senhora guarde a vós e às Pontifícias Obras Missionárias e vos abençoe o seu Filho, o Senhor nosso Jesus Cristo. Ele, antes de subir ao Céu, prometeu estar sempre connosco... até ao fim dos tempos.
Dado em Roma, em São João de Latrão, na Solenidade da Ascensão do Senhor, 21 de maio de 2020.
[Francisco]
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Sacerdote de 72 anos assassinado no interior de Minas Gerais
REDAÇÃO CENTRAL, 21/05/2020 (ACI).- Na tarde desta segunda-feira, 18, foi encontrado o corpo do sacerdote Antônio José Gabriel, do clero da diocese de Leopoldina (MG) em uma estrada da zona da mata mineira. Padre Antônio, de 72 anos, foi pároco da localidade de Santo Antônio do Aventureiro e estava aposentado. O laudo da perícia forense indica que morreu estrangulado pelo jovem que roubou seu veículo e seus pertences.
Segundo o Portal G1 de notícias o corpo de Padre Antônio “foi abandonado em uma estrada vicinal próxima à Recreio (MG)”.
O portal G1 informou ainda que “o carro do padre foi encontrado em Pirapetinga após os militares rastrearem o sinal de celular da vítima”.
“O veículo foi localizado com o jovem, de 21 anos, junto com os pertences do religioso. Conforme o Boletim de Ocorrência (B.O), em depoimento aos policiais, o rapaz confessou a autoria do crime”.
“A Polícia Civil apontou que o dinheiro roubado foi trocado por drogas”, assinala a notícia do G1.
Por sua parte, o Bispo de Leopoldina (MG), lamentou o assassinato do sacerdote em uma nota oficial.
“Estamos vivendo um momento de muita tristeza na caminhada de nossa Igreja Particular. Recebo a notícia do trágico falecimento de um dos padres da diocese: o Pe. Gabriel. Penso nas palavras de Jesus a Pedro: “Eu orei por ti” (cf. Lc 22,32) e sei que Deus, pelas mãos carinhosas de Nossa Senhora, jamais desamparou esse seu filho dileto”, diz a nota da diocese mineira.
“Sinto uma grande consternação pela sua morte repentina e violenta (...) solidarizo-me com a família, o Povo de Deus de Santo Antônio do Aventureiro e todos os seus muitos amigos. Muito particularmente, manifesto meus sentimentos aos padres da diocese, irmãos e amigos do Pe. Gabriel, e que se angustiam com essa notícia tão cruel”.
“Agradeço ao bom Deus pelos muitos trabalhos do Pe. Gabriel, por tudo que ele foi como pessoa e como padre. Pelas suas qualidades e méritos que, certamente, superam em muito seus limites e fragilidades”, afirma ainda a missa de Dom Oriolo.
“Estamos no tempo pascal: convido a todos para meditarmos sobre o mistério da paixão, morte e ressureição de Jesus e renovarmos a nossa confiança na misericórdia de Deus, que é a maior riqueza que D’ele recebemos e devemos anunciar a todo tempo e em toda circunstância”, conclui a nota de pesar.
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Agridem e assaltam sacerdote em sua paróquia https://t.co/6QhhBDhd3M
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Papa Francisco pede aos missionários difundir o Evangelho "com ardor"
Vaticano, 21/05/2020 (ACI).- O Papa Francisco fez um apelo para difundir o Evangelho "com ardor", lembrando que a missão é inspirada pelo Espírito Santo e sustenta-se no serviço ao Povo de Deus.
Assim afirmou o Pontífice em uma mensagem dirigida nesta quinta-feira, 21 de maio, aos membros das Pontifícias Obras Missionárias (OMP), em cuja assembleia geral anual planejava participar, mas que foi cancelada devido à pandemia de coronavírus.
Na mensagem, o Papa recomenda que os missionários realizem a missão “com ardor”. "No caminho que vos espera, há tanto a fazer".
O Santo Padre reforçou que na missão da Igreja deve ser acolhida e reconhecida "a obra real e eficaz obra do Espírito Santo", porque, se não, as palavras da missão se tornariam "como que discursos de sabedoria humana, usadas para dar glória a si mesmo ou encobrir e mascarar os próprios desertos interiores”.
Francisco argumentou que "a salvação é o encontro com Jesus", e "não é consequência das nossas iniciativas missionárias, nem dos nossos discursos sobre a encarnação do Verbo".
Reforçou que é o Espírito Santo "que inflama e anima a missão", e que apresenta suas características distintivas "que tornam o anúncio do Evangelho e a confissão da fé cristã uma coisa diferente de qualquer proselitismo político ou cultural, psicológico ou religioso”.
Essas características distintivas são, conforme detalhado pelo Papa em sua mensagem, um anúncio "atrativo", baseado na "gratidão e gratuidade", anunciado a partir da "humildade", que procura "facilitar, não complicar" que busca a "proximidade na vida cotidiana", que concede "o 'sensus fidei' (instinto de fé) ao povo de Deus" e que "tenha predileção pelos pequenos e pelos pobres".
Convidou a desenvolver os talentos, alguns fundacionais, outros adquiridos ao longo do tempo, das Pontifícias Obras Missionárias, como sua espontaneidade, seu sustento na oração e na caridade como forma de crescer, sua gratuidade ou sua estruturação como uma rede capilar estendida por todos os continentes.
Da mesma forma, pediu para evitar algumas tentações, como autorreferencialidade, anseio pelo mundo, elitismo, isolamento do povo, abstração ou funcionalismo.
Além disso, ofereceu aos membros das Pontifícias Obras Missionárias uma série de conselhos. O Papa sugeriu que guardassem ou redescobrissem "a inserção da POM no seio do povo de Deus".
"Sugiro proceder de modo que o sistema essencial das POM permaneça ligado às práticas da oração e da coleta de recursos para a missão".
"Na oração, a primeira coisa a pedir ao Senhor é que nos torne a todos mais prontos a captar os sinais do seu agir para depois os indicar ao mundo inteiro", recomendou Francisco.
Exortou que "nunca deixeis que o vosso trabalho acabe «esterilizado» numa dimensão exclusivamente burocrático-profissional. Não pode haver burocratas nem funcionários da missão".
Pediu "subtrair-vos às armadilhas das retiradas autorreferenciais e sair de vós mesmos, seguindo a Jesus”.
Quanto à coleta de recursos para ajudar a missão, assinalou que "certamente pode ser aconselhável e até oportuno recorrer criativamente a metodologias atualizadas para se obter financiamentos da parte de potenciais e beneméritos doadores".
Quanto ao uso das doações recebidas, “avaliai sempre com apropriado sensus Ecclesiae a distribuição dos fundos para apoio de estruturas e projetos que realizam de variados modos a missão apostólica e o anúncio do Evangelho nas diferentes partes do mundo".
"Tenha-se sempre em conta reais necessidades primárias das comunidades e, ao mesmo tempo, evitem-se formas de assistencialismo que, em vez de oferecer instrumentos ao ardor missionário, acabam por entibiar os corações e alimentar na própria Igreja fenômenos de clientelismo parasitário".
Ele também pediu que não se esqueçam dos pobres. Frisou que “no próprio trabalho das POM, convém não levar bagagens pesadas; é melhor cingir aos traços essenciais da fé o seu perfil diferenciado e o seu referimento comum”.
Por fim, recordou que “as POM não são, na Igreja, uma entidade fechada em si mesma, suspensa no vazio. Entre as suas especificidades, que sempre se devem cultivar e renovar, está o vínculo especial que as une ao Bispo da Igreja de Roma, que preside na caridade”.
Confira também:
Mensagem do Papa Francisco com estes 10 conselhos às POM https://t.co/HNJuAcE8Ct
— ACI Digital (@acidigital) May 21, 2020
Papa Francisco: Os valores do esporte permitem enfrentar um recomeço difícil frente à pandemia
Vaticano, 21/05/2020 (ACI).- O Papa Francisco afirmou que os verdadeiros valores do esporte, como a unidade e a solidariedade, permitem enfrentar esse momento da pandemia de coronavírus, especialmente diante do difícil recomeço após a quarentena que foi imposta em muitos lugares para impedir o avanço da COVID-19.
Assim indicou o Santo Padre em uma audiência privada nesta quarta-feira, na qual recebeu uma pequena delegação de corredores que participariam, em 21 de maio, do evento organizado pela Athletica Vaticana intitulado "We Run Together" (Corremos juntos), que foi suspenso por causa da pandemia da COVID-19 e que também tinha um propósito solidário.
“Encorajo vocês, queridas amigas e amigos do esporte, a viverem cada vez mais sua paixão como uma experiência de unidade e solidariedade, os verdadeiros valores do esporte que são importantes para enfrentar esse momento de pandemia e, acima de tudo, o difícil recomeço. Com este espírito, encorajo vocês a correrem juntos a corrida da vida”, disse o Santo Padre na Biblioteca Apostólica Vaticana.
Na audiência estiveram presentes Membros da Athletica Vaticana, do grupo esportivo Fiamme Gialle da Guarda de Finança, do “Pátio dos Gentios”, uma estrutura do Pontifício Conselho da Cultura que promove o diálogo entre crentes e não crentes, e da Federação Italiana de Atletismo rápido FIDAL-Lazio.
A Sala de Imprensa do Vaticano informou que o Cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do pontifício conselho, apresentou a iniciativa ao Papa, que depois dialogou brevemente com uma pequena atleta que tem uma doença neurodegenerativa.
Francisco destacou que no evento “os campeões olímpicos poderiam correr pela primeira vez com atletas paraolímpicos, atletas com deficiência mental, refugiados, migrantes e prisioneiros, que também seriam juízes de competição. Todos juntos e com igual dignidade”.
Isso, disse o Papa, é “um testemunho concreto de como o esporte deve ser, uma ponte que une mulheres e homens de diferentes religiões e culturas, promovendo a inclusão, a amizade, a solidariedade, a educação", enfim, uma ponte de paz”.
Portanto, nesta quinta-feira "não se poderá correr com as pernas, mas sim com o coração", destacou o Pontífice.
O Papa destacou a alegria de dar, de "oferecer a beleza do esporte" e indicou que esta é uma "atitude humana e criativa. Já que as pessoas também oferecem suas próprias vidas como as mães e os pais fazem por seus filhos".
O Santo Padre também ressaltou que, como ocorre nas peregrinações do Caminho de Santiago, na Espanha, "há uma regra que diz é preciso andar no ritmo daquele que é mais frágil", algo que "devemos aprender como humanidade: seguir o ritmo das pessoas que têm outro ritmo ou, pelo menos, considerá-las ou integrá-las no nosso passo”.
O Papa Francisco também explicou que, no âmbito desta iniciativa da Athletica Vaticana, "muitos atletas disponibilizarão alguns objetos e experiências esportivas para uma iniciativa de caridade".
Toda renda será entregue ao pessoal de saúde dos hospitais Papa João XXIII, em Bergamo; e à Fundação Poliambulanza, em Brescia; lugares que se tornaram "símbolos da luta contra a pandemia que atingiu todo o planeta".
"É uma iniciativa para ajudar e agradecer aos enfermeiros, enfermeiras e pessoal hospitalar: Eles são heróis", destacou o Santo Padre.
Athletica Vaticana nasceu de forma espontânea do encontro de vários trabalhadores do Vaticano que treinavam nas primeiras horas da manhã e a quem a Secretaria de Estado deu uma forma jurídica.
Nesta equipe de corredores do Vaticano, há 18 nacionalidades presentes. O mais jovem é um Guarda Suíço de 19 anos e o mais velho tem 62 anos e é professor na Biblioteca Apostólica do Vaticano.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
Confira também:
Papa Francisco pede aos missionários difundir o Evangelho "com ardor" https://t.co/eNZ65rR4Ae
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Mais de 600 cristãos nigerianos foram assassinados em 2020, segundo relatório
Abuja, 21/05/2020 (ACI).- Os cristãos na Nigéria enfrentam uma crescente perseguição, assim como um aumento no número de mortos nos primeiros quatro meses de 2020, de acordo com um relatório divulgado em 15 de maio pela Sociedade Internacional para as Liberdades Civis e o Estado de Direito (Intersociety).
A Intersociety é uma organização sem fins lucrativos fundada em 2008 na Nigéria, que trabalha para promover as liberdades civis, o estado de direito, a reforma da justiça criminal e a boa governança.
Segundo o seu último relatório, 620 cristãos nigerianos foram assassinados desde o início do ano e começou uma campanha de destruição e incêndios provocados contra igrejas na nação africana.
“Os principais jihadistas islâmicos na Nigéria, os pastores militantes de Fulani e Boko Haram/ISWAP, intensificaram sua violência anticristã nas antigas regiões do Cinturão Médio e Nordeste. As atrocidades contra os cristãos não foram controladas pelas forças de segurança do país, e os atores políticos estão preocupados olhando para o outro lado ou conspirando com os jihadistas", diz o relatório.
Intersociety informa que, apesar de representar quase metade da população do país, cerca de 32 mil cristãos foram assassinados em ataques islâmicos desde 2009.
Os cristãos na Nigéria foram vítimas de uma série de ataques cada vez mais intensos, incluindo sequestros por resgate, desde o início do ano.
Em janeiro de 2020, quatro seminaristas foram sequestrados no Seminário do Bom Pastor. Dez dias após o sequestro, um dos quatro foi encontrado na beira de uma estrada, vivo, mas gravemente ferido. Em 31 de janeiro, um oficial do seminário anunciou que outros dois seminaristas haviam sido libertados, mas o quarto, Michael Nnadi continuava desaparecido e acreditava-se que ainda estivesse sequestrado.
Foi anunciado posteriormente que Nnadi havia sido assassinado.
Em uma entrevista na prisão no início deste mês, o líder do grupo que sequestrou Nnadi assumiu a responsabilidade pelo assassinato e disse à imprensa local que o seminarista de 18 anos "continuou pregando o Evangelho de Jesus Cristo" e pediu que ele "deixasse o caminho do mal”.
O Arcebispo de Abuja, Dom Ignatius Kaigama, exigiu que o presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, enfrentasse violência e sequestros contra cristãos no país, em uma homilia de uma Missa celebrada em 1º de março.
“Precisamos ter acesso aos nossos líderes; presidente, vice-presidente. Precisamos trabalhar juntos para erradicar a pobreza, os assassinatos, o mau governo e todos os tipos de desafios que enfrentamos como nação", afirmou Dom Kaigama.
Em uma carta divulgada na Quarta-feira de Cinzas, Dom Augustine Obiora Akubeze, Arcebispo de Benin, pediu aos católicos que se vistam de preto em solidariedade às vítimas e que rezem, como resposta às repetidas execuções de cristãos pelo grupo terrorista islâmico Boko Haram e os "incessantes" sequestros “vinculados aos mesmos grupos".
Outras cidades cristãs foram atacadas, fazendas foram incendiadas e homens e mulheres foram sequestrados e assassinados. As mulheres foram tomadas como escravas sexuais e torturadas, no que o Prelado considerou um "padrão" de ataque aos cristãos.
Em 27 de fevereiro, o Embaixador Geral dos Estados Unidos para a Liberdade Religiosa Internacional, Sam Brownback, disse à CNA, agência em inglês do Grupo ACI, que a situação na Nigéria estava piorando.
"Há muitas pessoas assassinadas na Nigéria, e tememos que isso se espalhe muito nessa região", disse. "É algo que realmente apareceu nas telas do meu radar nos últimos dois anos, mas particularmente no ano passado".
Brownback assinalou que o governo nigeriano poderia "fazer mais" pois "não estão levando essas pessoas à justiça".
"Parece que eles não têm o sentido de urgência para agir", criticou.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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Assassino confesso de seminarista diz que o matou por pregar o Evangelho aos seus sequestradores https://t.co/58ErJerMTs
— ACI Digital (@acidigital) May 4, 2020
Santa Sé faz doação à OMS para apoiar médicos que lutam contra coronavírus
Vaticano, 21/05/2020 (ACI).- A Santa Sé comprometeu-se a contribuir para o fundo de emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS) que fornece equipamentos de proteção para médicos que lutam contra o coronavírus.
O Observador Permanente da Santa Sé junto às Nações Unidas (ONU) e outras organizações internacionais em Genebra, Dom Ivan Jurkovic, destacou os esforços da Igreja para combater a doença que já matou a vida de mais de 319 mil pessoas em todo o mundo.
Ao dirigir-se à Assembleia Virtual Mundial da Saúde, realizada em 18 e 19 de maio em Genebra (Suíça), o Prelado indicou que “a Santa Sé se comprometeu a contribuir com o Fundo de Emergência da OMS para o fornecimento de equipamentos de Proteção Individual (EPI) para trabalhadores médicos da linha de frente e já fez várias doações para regiões que precisam de ajuda urgente”.
A Assembleia Mundial da Saúde é o órgão de tomada de decisão da Organização Mundial da Saúde (OMS). Os 194 estados membros da OMS enviam delegações para a assembleia, que geralmente ocorre em maio, em Genebra.
Dom Jurkovic reiterou o chamado do Papa Francisco para que as possíveis vacinas estejam disponíveis para todas as pessoas infectadas com o coronavírus, independentemente de sua localização geográfica.
Ele também destacou o apoio da Santa Sé ao cessar-fogo global proposto pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres.
Referindo-se à mensagem pascoal Urbi et Orbi do Papa, o Prelado indicou que “em todo o mundo, cerca de 5 mil hospitais de inspiração católica e mais de 16 mil dispensários coordenados pela Igreja, complementam e reforçam os esforços dos governos para fornecer atenção médica".
Dom Jurkovic assinalou que esses esforços de apoio garantem que "as pessoas mais pobres e marginalizadas ‘não careçam de necessidades básicas, como remédios e, principalmente, a possibilidade de atendimento médico adequado".
“A participação da Igreja nesse esforço comum foi recentemente reforçada com a criação da Comissão COVID-19 do Vaticano pelo Papa Francisco. Ele já lançou vários projetos para fornecer ajuda às populações mais afetadas pela pandemia", acrescentou.
Dom Jurkovic elogiou os funcionários da OMS por manterem a comunicação com os líderes religiosos "no esforço comum para garantir que as reuniões religiosas sejam realizadas com todas as medidas sanitárias necessárias".
O presidente chinês, Xi Jinping, discursou na assembleia, em 18 de maio, e disse que apoiava uma revisão "objetiva e imparcial" da pandemia, que foi detectada pela primeira vez em dezembro de 2019, em Wuhan, capital provincial de Hubei (China). Ele também anunciou que a China doaria dois bilhões de dólares para combater o vírus.
"Desde o início, agimos com abertura, transparência e responsabilidade", afirmou Xi.
Publicado originalmente em CNA. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
Confira também:
Papa Francisco doa 30 respiradores para doentes de coronavírus https://t.co/dP8PpF8ad7
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Conselho de Estado da França ordena suspensão da proibição de reuniões religiosas
PARIS, 21/05/2020 (ACI).- O Conselho de Estado francês decidiu na segunda-feira, 18 de maio, que a proibição de reuniões religiosas no país responde desproporcionalmente à pandemia de coronavírus e ordenou que o Governo as reestabeleça em um período de oito dias.
As reuniões religiosas foram proibidas no país por oito semanas, desde que começou a quarentena para conter a propagação da pandemia de coronavírus. Com exceção dos funerais, a proibição das reuniões religiosas internas foi incluída dentro das políticas de 11 de maio para sair do confinamento, mesmo que as pequenas reuniões sejam permitidas em outros lugares públicos.
O Conselho de Estado decidiu, em 18 de maio, que como reuniões de menos de 10 pessoas são permitidas em outros lugares, “a proibição geral e absoluta [de reuniões religiosas] é desproporcional... e, portanto, constitui uma violação grave e manifesta da liberdade religiosa”.
Ainda não está claro quantas pessoas serão permitidas em Missas e outras reuniões religiosas na França, mas na Itália, que retomou as Missas públicas em 18 de maio, a participação nessas reuniões foi reduzida a apenas um terço da capacidade dos templos. Em vários estados dos Estados Unidos, a participação nas Missas está restrita a somente 10 pessoas.
Também não está claro se os católicos franceses retornarão à Missa. Enquanto 41% das pessoas na França se identificaram como católicas em uma pesquisa de 2019, menos de 5% delas informou que participava da Missa dominical antes da pandemia. A porcentagem na França de pessoas que se identificam como católicas diminuiu consideravelmente nas últimas décadas: Em 2001, quase 70% dos franceses se consideravam católicos.
Quase 180 mil pessoas na França testaram positivo para o coronavírus e mais de 28 mil morreram com o vírus. A França tem uma das maiores taxas de mortalidade pelo vírus do mundo, mas novos diagnósticos e mortes diminuíram drasticamente nas últimas semanas.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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Papa pede refletir sobre a Ascensão do Senhor no contexto da pandemia de Covid-19
Vaticano, 21/05/2020 (ACI).- O Papa Francisco convidou a viver a festa da Ascensão do Senhor "nestes tempos inimagináveis", causados pela pandemia de coronavírus, como uma celebração "mais fecunda em sugestões para o caminho e a missão de cada um de nós e de toda a Igreja".
Na mensagem que o Pontífice enviou, em 21 de maio, aos membros das Pontifícias Obras Missionárias (OMP), cuja assembleia geral anual teve que ser cancelada devido à pandemia de coronavírus, Francisco refletiu sobre a Festa da Ascensão.
O Santo Padre lembrou que “celebramos a Ascensão como uma festa e, todavia, comemora a despedida de Jesus dos seus discípulos e deste mundo. O Senhor eleva-Se até ao Céu (a Liturgia oriental descreve a maravilha dos anjos ao verem um homem que sobe, com a sua carne, para a direita do Pai)", enfatizou.
Chamou a atenção para o fato de que, enquanto Cristo se preparava para ascender ao céu, os discípulos parecem “não ter ainda entendido o que aconteceu, mesmo agora que Cristo está prestes a subir ao Céu; está para dar início à realização do seu Reino, e eles ainda se perdem atrás das suas conjeturas. Perguntam-Lhe se é agora que vai restaurar o Reino de Israel".
No entanto, "quando Cristo os deixa, em vez de ficar tristes, voltam para Jerusalém – como escreve Lucas– ‘com grande alegria’. Isto seria estranho, se algo não tivesse acontecido pelo meio. Efetivamente, Jesus já lhes prometeu a força do Espírito Santo, que descerá sobre eles no Pentecostes".
A vinda do Espírito Santo “é o milagre que muda a situação. E tornam-se mais seguros, quando confiam tudo ao Senhor. Estão cheios de alegria. E a alegria neles é a plenitude da consolação, a plenitude da presença do Senhor”.
O Papa também explica que São Paulo, em sua carta aos Gálatas, assinala que “a plenitude da alegria dos Apóstolos não é efeito de emoções que deleitam e os fazem rejubilar; mas trata-se duma alegria transbordante que só se pode experimentar como fruto e dom do Espírito”.
“Receber a alegria do Espírito é uma graça; e é a única força que podemos ter para pregar o Evangelho, confessar a fé no Senhor", assinalou o Papa Francisco.
O Papa continuou: “Fé é testemunhar a alegria que nos dá o Senhor. Alegria assim, uma pessoa não a pode conseguir só por si mesma. Antes de partir, Jesus disse aos seus discípulos que havia de lhes mandar o Espírito, o Consolador. E de igual modo deixou entregue ao Espírito também a obra apostólica da Igreja ao longo da história até ao seu retorno”.
O mistério da Ascensão, "juntamente com a efusão do Espírito no Pentecostes, imprime e transmite para sempre à missão da Igreja o seu delineamento mais íntimo: o de ser obra do Espírito Santo, e não consequência das nossas reflexões e intenções".
"Este é o traço que pode tornar fecunda a missão e preservá-la de qualquer suposta autossuficiência, da tentação de tomar como refém a carne de Cristo – elevado ao Céu – para os seus projetos clericais de poder", concluiu o Papa Francisco.
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Autor e biógrafo George Weigel: João Paulo II mudou o rumo da história
WASHINGTON DC, 21/05/2020 (ACI).- O autor e biógrafo papal, George Weigel, assinalou que a vida de São João Paulo II é uma prova de que a crença religiosa e a convicção moral podem mudar o rumo da história.
Na segunda-feira 18 de maio Weigel realizou um seminário online pelo centenário do nascimento do Papa peregrino, apresentado pelo Santuário Nacional de São João Paulo II.
Karol Wojtyla nasceu em 18 de maio de 1920, foi eleito Papa em 16 de outubro de 1978, morreu em 2 de abril de 2005 e foi canonizado em 27 de abril de 2014. Sua festa é 22 de outubro, o dia que foi eleito Papa.
Weigel assinalou que São João Paulo II foi “a grande testemunha cristã de nosso tempo, o homem que fez que Jesus Cristo ganhasse vida para muitos” e que “seu próprio apostolado convidou outros a serem discípulos cristãos”.
A apresentação de Weigel durante o seminário Web foi um dos muitos eventos organizados pelo santuário para comemorar o centenário do nascimento de João Paulo II. Originalmente, estes eventos seriam presenciais e incluiriam um “simpósio acadêmico”, mas os planos mudaram devido ao surto de COVID-19.
Weigel indicou que João Paulo II foi o “Papa do Catecismo e da devoção à Divina Misericórdia” e explicou como “essas duas realidades - verdade e misericórdia - encontraram-se em sua própria vida”, e o inspiraram às conduzir a vida da Igreja.
Em outubro de 1992, o Papa João Paulo II promulgou a nova edição do Catecismo da Igreja Católica; e no 2000 designou o domingo depois de Páscoa como “Domingo da Divina Misericórdia”.
Weigel assinalou que São João Paulo II como Papa demonstrou que “o poder da convicção religiosa e moral” é melhor que as disciplinas seculares como a economia ou o direito “para mudar a história”, e assim dar-lhe “uma direção mais humana”.
O escritor assinalou que o legado que São João Paulo II deixou sobre a Divina Misericórdia se sente mesmo anos depois de sua morte, com a inscrição da festa da Santa polonesa Faustina Kowalska no Calendário Romano pelo Papa Francisco.
George Weigel declarou que os efeitos da Primeira e da Segunda Guerra Mundial haviam “destroçado a malha moral do mundo ocidental”, sendo causadores de todo tipo de dor e danos pessoais, mas que a aparição da Divina Misericórdia tinha a intenção de sanar estas feridas.
São João Paulo II interpretou a “mensagem da Divina Misericórdia que irradia do coração do Senhor ressuscitado”, “como a resposta a essa destruição da malha moral da humanidade”, indicou o autor.
“A humanidade precisava escutar a mensagem da misericórdia de Deus, que é o suficientemente forte para sanar as feridas que nos infligimos”, disse.
O Santuário Nacional de São João Paulo II está localizado em Washington, D.C., perto do campus da Universidade Católica da América. Originalmente chamado Centro Cultural João Paulo II, o santuário nacional se estabeleceu em 2011, depois de que foi adquirido pelos Cavaleiros do Colombo. A Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos designou o edifício como “santuário nacional” para o então beato João Paulo II em 14 de março de 2014.
O santuário alberga uma exposição sobre a vida e o papado do santo polonês, e uma de suas capelas contém uma relíquia de primeira classe que está disponível para veneração.
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80% das escolas católicas do Líbano correm o risco de fechar
BEIRUTE, 21/05/2020 (ACI).- A Secretaria Geral das Escolas Católicas no Líbano publicou uma carta aberta dirigida ao presidente do país, Michael Aoun, na qual denuncia uma grave "emergência escolar" que coloca em risco o fechamento de 80% das escolas católicas frequentadas por centenas de milhares de crianças e jovens.
A carta foi divulgada pelo Pe. Boutros Azar, da Secretaria Geral, que afirmou que “a maioria das escolas afiliadas à nossa instituição (pelo menos 80%) está caminhando para o fechamento forçado por causa das dificuldades econômicas e da negligência do Estado no cumprimento de suas obrigações. Portanto, essas escolas não abrirão suas portas no início do ano letivo de 2020-2021”.
Em entrevista ao L'Orient-Le Jour, o sacerdote destaca que, com a expressão "negligência do Estado", refere-se à lei 46/2018 que modificou a tabela de salários do setor público e colocou todos os institutos em sérias dificuldades educacionais.
Pe. Azar também comenta que para escolas de médio e pequeno porte, especialmente para aquelas parcialmente subsidiadas pelo Estado - que não contribuem com sua cota há cinco anos - a opção é fechar ou reduzir drasticamente os salários dos professores.
Na carta divulgada pela agência Asia News, o sacerdote disse que não entende "essa negligência, este favorecimento às escolas públicas em detrimento das escolas particulares. O Estado deveria reconhecer o fato de que oferecemos um serviço público e subsidiar a escola particular".
A situação agrava-se ainda mais pela desvalorização da moeda, pelo fechamento das escolas após as manifestações de outubro e após a quarentena do coronavírus, que no Líbano tem 961 casos e 26 mortes.
Tudo isso levou os pais a solicitarem uma redução nas mensalidades, proporcional ao número de dias fechados, aproximadamente 40% do ano letivo.
“O que está acontecendo hoje, tanto na Federação das Escolas Privadas do Líbano quanto na Secretaria Geral de Escolas Católicas, confirma que estamos enfrentando um desafio geral para o setor de educação privada, que permite a escolarização de mais de dois terços dos estudantes do Líbano”, explica Pe. Azar.
Estima-se que no setor privado há cerca de 710 mil alunos, enquanto nas escolas públicas há cerca de 260 mil estudantes.
"Sem dúvida, as perdas que derivam de todas as questões mencionadas acima vão muito além do aspecto material e deve ser considerada como uma perda significativa para toda a nação", acrescentou o sacerdote na carta.
"O fechamento forçado obrigará centenas de milhares de estudantes a procurar uma vaga nas escolas públicas", lamentou.
Além disso, haverá uma grande "perda de empregos para dezenas de milhares de professores, funcionários e trabalhadores, com o aumento do desemprego e da pobreza no país, e os recursos que temos não são suficientes para evitar esse perigo".
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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Caridade católica busca ajuda para combater a fome que aumentará devido ao coronavírus
WASHINGTON DC, 21/05/2020 (ACI).- A organização de caridade criada pelos bispos dos Estados Unidos, Catholic Relief Services (CRS), lançou a iniciativa "Lidere o caminho contra a fome", que busca envolver os católicos na luta contra a crise alimentar no mundo, que está se intensificando devido à pandemia de coronavírus.
Em um comunicado, a organização indicou que “Lidere o Caminho Contra a Fome” começou em 14 de maio como um esforço de convidar todas as comunidades a participarem de atividades como “a captação de recursos, promoção e conscientização do público, inclusive através das redes sociais”.
Essa iniciativa, que responde ao apelo do Papa Francisco para erradicar a fome, chama os católicos a doarem a instituições que prestam ajuda aos mais vulneráveis e a pedir ao Governo dos Estados Unidos que invista na melhoria desta situação.
"Unimo-nos como comunidade e como pessoas para rezar, aprender e agir de maneira significativa para ajudar aqueles que mais sofrerão com essa pandemia global", acrescentou o CRS.
O presidente de Catholic Relief Services (CRS), Sean Callahan, assinalou à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que a atual pandemia, que obriga os governos a tomarem medidas para evitar os contágios e as mortes, terá consequências graves para a economia, como "o aumento da fome, no mundo".
Callahan observou que, atualmente, uma em cada nove pessoas está com fome no mundo, o que equivale a mais de 820 milhões de pessoas que não têm comida. Destas, os casos mais graves somam 135 milhões de cidadãos em todo o mundo.
Devido à crise do coronavírus, esse número se multiplicaria até chegar a 260 milhões, o dobro do número de jovens que há em todos os Estados Unidos.
Além disso, Callahan assinalou que o aumento da crise alimentar é "algo que não deve preocupar apenas os países pobres", mas afetará as nações desenvolvidas.
"Infelizmente, a fome é um tema muito preocupante nos países mais pobres, mas também nos Estados Unidos", indicou. "Vimos que os Bancos de Alimentos, aqui nos Estados Unidos, estão cheios de pessoas", acrescentou.
Por isso, Callahan enfatizou que é importante permitir que as pessoas acessem as medidas de segurança necessárias, especialmente em países que, devido à atual situação econômica, é difícil obter alimentos e manter a quarentena imposta pelos governos para evitar a expansão da COVID-19.
"Se não podem produzir, não podem comer, e é por isso que o número de pessoas com fome está aumentando", indicou. "Existem muitas consequências ruins, como a desnutrição e que sejam mais suscetíveis ao vírus”, acrescentou.
Finalmente, Callahan indicou que, para poder apoiar "Lidere o caminho contra a fome", as pessoas interessadas devem se registrar na página da iniciativa, pedir que os congressistas dos EUA criem um pacote de ajuda às comunidades e países vulneráveis e doar para instituições católicas, como a CRS, que trabalham para erradicar a fome no mundo.
"Peçam aos seus congressistas para que também doem aos organismos como CRS, e também se unam em oração pelos pobres e marginalizados”, concluiu.
Para mais informações e para fazer doações, entre AQUI.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
Confira também:
Papa Francisco adverte sobre as pandemias da fome a da guerra https://t.co/fuvtfWy43X
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