Hoje é celebrado São Pio V, o pastor que liderou a Igreja com auxílio de Maria
REDAÇÃO CENTRAL, 30/04/2020 (ACI).- O dia 30 de abril é festa de São Pio V, um pobre pastor que chegou a ser Sumo Pontífice, renovou o clero e a liturgia da Missa e salvou a Igreja e a Europa da invasão muçulmana na famosa batalha de Lepanto, com o auxílio da Virgem do Rosário.
Antonio Chislieri (São Pio V) nasceu em Bosco (Itália), em 1504. Tinha que cuidar das ovelhas no campo, porque seus pais eram muito pobres. Na adolescência, uma família generosa custeou seus estudos ao ver que seu filho, também chamado Antonio, se comportava melhor desde que tinha se tornado amigo do santo.
Assim, pôde estudar com os dominicanos e chegou a ser religioso dessa comunidade. Pouco a pouco, foi designado para cargos importantes até que o próprio Papa o nomeou Bispo e, em seguida, encarregado da associação que defendia a fé na Itália.
O santo percorria a pé os povoados, alertando os fiéis dos erros dos evangélicos e luteranos. Muitas vezes, quiseram matá-lo, mas seguiu anunciando a verdade. O Papa o nomeou Cardeal e o encarregou para dirigir a Igreja em defesa da reta doutrina.
Quando o Papa Pio IV morreu, São Carlos Borromeo disse aos Cardeais que o mais apropriado para o ministério era o Cardeal Antonio Chislieri, por isso, foi eleito e tomou o nome de Pio V.
São Pio V pediu que o que se ia gastar no banquete aos políticos e militares fosse empregado em ajudas para os pobres e enfermos. Um dia, viu na rua seu amigo Antonio, cuja família pagou seus estudos, nomeou-o governador do quartel do Papa e as pessoas admiraram ainda mais o Santo Padre ao saber de seu humilde passado.
O Pontífice tinha grande devoção à Eucaristia, à Virgem e à recitação do Rosário, que recomendava a todos. Nas procissões do Santíssimo Sacramento, percorria as ruas de Roma a pé e com grande piedade e devoção.
Ordenou que bispos e párocos vivessem no local para onde tinham sido nomeados, a fim de que não descuidassem dos fiéis. Publicou um novo missal e uma nova edição da Liturgia das Horas, bem como um novo catecismo.
Nessa época, os muçulmanos ameaçaram invadir a Europa e acabar com a religião católica. Saíam da Turquia, arrasando as populações católicas e anunciando que a Basílica de São Pedro seria o estábulo para os seus cavalos. Nenhum rei queria enfrentá-los.
O Papa buscou a ajuda de líderes europeus e organizou um grande exército com barcos. Ele pediu que todos os combatentes fossem à batalha confessados e tendo comungado na Missa. Enquanto iam combater, o Pontífice e os fiéis romanos percorriam as ruas descalços rezando o Rosário.
Os muçulmanos eram superiores e se encontraram com o exército católico no golfo de Lepanto, perto da Grécia. Os líderes cristãos fizeram com que os soldados rezassem o rosário antes de iniciar a batalha em 7 de outubro de 1571.
O combate começou com vento contrário para os católicos até que, de um momento para o outro, mudou de direção. Então, os cristãos se lançaram ao ataque e obrigaram os muçulmanos a recuar.
São Pio, sem ter recebido notícias do que aconteceu, olhou pela janela e disse aos Cardeais: “Vamos nos dedicar a dar graças a Deus e à Virgem Santíssima, porque conseguimos a vitória”.
O Papa, como agradecimento, mandou que a cada 7 de outubro fosse celebrada a festa de Nossa Senhora do Rosário e que nas ladainhas fosse incluída “Maria, Auxílio dos Cristãos, rogai por nós” (algo que foi propagado por São João Bosco, séculos depois).
Partiu para a casa do Pai em 1º de maio de 1572, aos 68 anos.
Papa Francisco exorta a trabalhar e testemunhar Jesus
VATICANO, 30/04/2020 (ACI).- O Papa Francisco recordou aos católicos a importância do testemunho cristão e da missão. Assim explicou o Santo Padre durante a Missa na casa Santa Marta, nesta quinta-feira, 30 de abril.
Depois de ler a passagem do Evangelho de São João, na qual Jesus diz: "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrai", o Pontífice afirmou que: "Jesus recorda que também os profetas tinham preanunciado isto... É Deus quem atrai ao conhecimento do Filho. Sem isso, não se pode conhecer Jesus".
Durante sua homilia, o Papa Francisco observou que “sim se pode estudar, inclusive estudar a Bíblia, também conhecer como nasceu, o que fez: isso sim. Mas conhecê-Lo interiormente, conhecer o mistério de Cristo é somente para aqueles que foram atraídos pelo Pai para isso".
Em seguida, continuou relatando a narração da primeira leitura do Livro dos Atos dos apóstolos para comentar que isso “foi o que aconteceu a este ministro da economia da rainha da Etiópia. Vê-se que era um homem piedoso e que reservou um tempo, em meio aos muitos negócios que tinha a fazer, para ir adorar Deus. Um fiel. E voltava à pátria lendo o profeta Isaías. O Senhor pegou Filipe, enviou-o àquele lugar e depois lhe disse: ‘Aproxima-te desse carro’, e ouve o ministro que está lendo Isaías. (Ele) se aproxima e lhe faz uma pergunta: ‘Compreendes?’ – ‘Como posso, se ninguém mo explica?’, e faz a pergunta: ‘De quem o profeta está dizendo isso?’".
Nesta linha, o Santo Padre acrescentou que este homem entrou na carruagem, "durante a viagem – não sei quanto tempo, penso que ao menos duas horas – Felipe explicou, explicou sobre Jesus".
"Aquela inquietude que este senhor tinha na leitura do profeta Isaías era propriamente do Pai, que atraia a Jesus: o tinha preparado, o tinha levado da Etiópia a Jerusalém para adorar Deus e depois, com essa leitura, tinha preparado o coração para revelar Jesus, a ponto que assim que viu a água disse: ‘Posso ser batizado’. E ele acreditou".
Nesse sentido, o Pontífice assinalou que “isso – que ninguém pode conhecer Jesus sem que o Pai o atraia –, isso é válido para o nosso apostolado, para a nossa missão apostólica como cristãos. Penso também nas missões. ‘O que você vai fazer nas missões?’ – ‘Eu, converter as pessoas’ – ‘Pare, você não vai converter ninguém! Será o Pai a atrair aqueles corações para reconhecer Jesus’. Ir em missão é dar testemunho da própria fé; sem testemunho você não fará nada”.
"Ir em uma missão ... não significa criar grandes estruturas, coisas... e parar por aí. Não: as estruturas devem ser testemunhos. Você pode fazer uma estrutura hospitalar, educacional de grande perfeição, de grande desenvolvimento, mas se uma estrutura é sem testemunho cristão, seu trabalho aí não será um trabalho de testemunha, um trabalho de verdadeira pregação de Jesus: será uma sociedade de beneficência, muito boa – muito boa! – mas nada mais”, assegurou o Santo Padre.
Por fim, o Papa Francisco disse: “Se eu quero ir em missão, e digo isso se eu quero ir em apostolado, devo ir com a disponibilidade que o Pai atraia as pessoas a Jesus, e isso é feito pelo testemunho. Jesus mesmo o disse a Pedro, quando confessa que Ele é o Messias: ‘Feliz és tu, Simão Pedro, porque quem te revelou isso foi o Pai’”.
Leituras comentadas pelo Papa Francisco:
Atos 8, 26-40
Naqueles dias, 26um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: “Prepara-te e vai para o sul, no caminho que desce de Jerusalém a Gaza. O caminho é deserto”. Filipe levantou-se e foi. 27Nisso apareceu um eunuco etíope, ministro de Candace, rainha da Etiópia, e administrador geral do seu tesouro, que tinha ido em peregrinação a Jerusalém.
28Ele estava voltando para casa e vinha sentado no seu carro, lendo o profeta Isaías. 29Então o Espírito disse a Filipe: “Aproxima-te desse carro e acompanha-o”. 30Filipe correu, ouviu o eunuco ler o profeta Isaías e perguntou: “Tu compreendes o que estás lendo?”
31O eunuco respondeu: “Como posso, se ninguém me explica?” Então convidou Filipe a subir e a sentar-se junto a ele. 32A passagem da Escritura que o eunuco estava lendo era esta: “Ele foi levado como ovelha ao matadouro; e qual um cordeiro diante do seu tosquiador, ele emudeceu e não abriu a boca. 33Eles o humilharam e lhe negaram justiça; e seus descendentes, quem os poderá enumerar? Pois sua vida foi arrancada da terra”.
34E o eunuco disse a Filipe: “Peço que me expliques de quem o profeta está dizendo isso. Ele fala de si mesmo ou se refere a algum outro?” 35Então Filipe começou a falar e, partindo dessa passagem da Escritura, anunciou Jesus ao eunuco. 36Eles prosseguiram o caminho e chegaram a um lugar onde havia água. 37Então o eunuco disse a Filipe: “Aqui temos água. O que impede que eu seja batizado?”
38O eunuco mandou parar o carro. Os dois desceram para a água e Filipe batizou o eunuco. 39Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe. O eunuco não o viu mais e prosseguiu sua viagem, cheio de alegria. 40Filipe foi parar em Azoto. E, passando adiante, evangelizava todas as cidades até chegar a Cesaréia.
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Papa Francisco expressou condolências pela morte do Grão-Mestre da Ordem de Malta
Vaticano, 30/04/2020 (ACI).- O Papa Francisco expressou sua tristeza pela morte, em 29 de abril, do Grão-Mestre da Ordem Soberana de Malta, Fra’ Giacomo Dalla Torre del Tempio de Sanguinetto, como consequência de uma doença incurável diagnosticada há alguns meses.
"Desejo expressar a toda a Ordem minhas mais profundas condolências por esse zeloso homem de cultura e de fé", disse o Santo Padre em um telegrama enviado nesta quarta-feira ao Tenente Interino da Ordem de Malta, Fra’ Ruy Gonçalo do Valle Peixoto de Villas Boas.
"Recordou sua íntegra fidelidade a Cristo e ao Evangelho, junto com o generoso esforço no exercício, com espírito de serviço, de seu próprio ofício pelo bem da Igreja, assim como sua dedicação aos que sofrem", continuou o Pontífice.
"Ao fazer-me parte da dor comum, elevo orações de sufrágio e invoco por sua alma, por parte da vontade divina, a paz eterna", concluiu o Papa Francisco para depois conceder a bênção apostólica.
Fra’ Giacomo Dalla Torre del Tempio di Sanguinetto foi nomeado 80º Grão-mestre da Ordem em 2 de maio de 2018, após a renúncia em 24 de janeiro de 2017 de seu antecessor Fra’ Matthew Festing.
Segundo informou a Ordem de Malta através de um comunicado, o Grão-Comendador Fra’ Ruy Gonçalo do Valle Peixoto de Villas Boas, assumirá as funções de Tenente Interino nos termos do artigo 17 da Constituição da Ordem Soberana de Malta e assumirá as funções de chefe da Ordem até a eleição do novo Grão-Mestre.
O que é a Ordem de Malta?
Segundo seu site, “A Ordem de Malta é uma das mais antigas instituições da civilização ocidental e cristã. Como ordem religiosa da Igreja desde 1113 e sujeito de direito internacional, mantém relações bilaterais com mais de 100 Estados e com a União Europeia, assim como uma missão permanente de observação ante as Nações Unidas”.
"É neutra, imparcial e apolítica. A Ordem de Malta está presente em 120 países com projetos médicos, sociais e humanitários em favor dos necessitados. Dia após dia, seus amplos projetos sociais oferecem apoio constante a pessoas esquecidas ou excluídas da sociedade”, continua.
A missão principal da Ordem de Malta, indica o site, "é ajudar as pessoas vítimas de conflitos armados e desastres naturais, oferecendo assistência médica, atendendo os refugiados e distribuindo remédios e material básico de sobrevivência".
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Falece em Roma o Grão-Mestre da Ordem Soberana de Malta https://t.co/gQiGCqNfCM
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Papa Francisco pede rezar por defuntos “anônimos”
Vaticano, 30/04/2020 (ACI).- No início da Missa na Casa Santa Marta, em 30 de abril, o Papa Francisco ofereceu a Eucaristia por aqueles que faleceram recentemente e pediu orações pelos defuntos “anônimos” durante esta pandemia de coronavírus, COVID-19.
"Rezemos hoje pelos defuntos, aqueles que morreram por causa da pandemia; e também de modo especial pelos defuntos – digamos assim – anônimos: vimos as fotografias das valas comuns. Muitos ali…", pediu o Santo Padre.
Durante sua homilia, o Papa Francisco refletiu sobre a passagem do Evangelho de São João, na qual Jesus diz: "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrai". Nesta linha, o Santo Padre afirmou que "é Deus quem atrai ao conhecimento do Filho. Sem isso, não se pode conhecer Jesus".
"Sim se pode estudar, inclusive estudar a Bíblia, também conhecer como nasceu, o que fez: isso sim, mas conhecer o mistério de Cristo é somente para aqueles que foram atraídos pelo Pai".
Evangelho comentado pelo Papa Francisco:
São João 6, 44-51
Naquele tempo, disse Jesus à multidão :
44Ninguém pode vir a mim,
se o Pai que me enviou não o atrai.
E eu o ressuscitarei no último dia.
45Está escrito nos Profetas:
`Todos serão discípulos de Deus.'
Ora, todo aquele que escutou o Pai e por ele foi instruído,
vem a mim.
46Não que alguém já tenha visto o Pai.
Só aquele que vem de junto de Deus viu o Pai.
47Em verdade, em verdade vos digo,
quem crê, possui a vida eterna.
48Eu sou o pão da vida.
49Os vossos pais comeram o maná no deserto
e, no entanto, morreram.
50Eis aqui o pão que desce do céu:
quem dele comer, nunca morrerá.
51Eu sou o pão vivo descido do céu.
Quem comer deste pão viverá eternamente.
E o pão que eu darei
é a minha carne dada para a vida do mundo'.
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Caso Emanuela Orlandi: Vaticano arquiva investigação em túmulos do cemitério teutônico
VATICANO, 30/04/2020 (ACI).- O Vaticano arquivou o processo de investigação judicial dos supostos restos mortais de Emanuela Orlandi, uma jovem desaparecida em 1983, que foram buscados no verão passado em dois túmulos do cemitério Teutônico, localizado dentro da Cidade do Estado do Vaticano.
Emanuela Orlandi foi uma jovem adolescente, filha de um funcionário do Vaticano, que desapareceu em 1983 e, desde então, a família está investigando o caso.
Segundo informou a sala de imprensa da Santa Sé, em 30 de abril, "o procedimento relativo à suposta sepultura no Vaticano, junto ao cemitério Teutônico, dos restos de Emanuela Orlandi, foi arquivado pelo Juiz Único do Estado da Cidade do Vaticano, que acolheu integralmente o pedido da Promotoria de Justiça”.
O processo foi aberto pelo promotor de justiça, Gian Piero Milano, e pelo vice-promotor, Alessandro Diddi, após a denúncia dos familiares da jovem desaparecida em 1983.
Os dois túmulos indicados no cemitério teutônico, território localizado dentro da Cidade do Vaticano, estavam vazios. Foram investigados a pedido das autoridades italianas.
Naquela ocasião, a decisão do promotor de Justiça foi lacrar imediatamente os dois ossuários e realizar novas verificações "em um espaço subterrâneo dentro do cemitério de milhares de fragmentos de ossos de diferentes períodos", descreve a nota vaticana.
Além disso, o Vaticano explicou que os testes realizados pelo especialista -prof. Giovanni Arcudi- e na presença dos consultores da família Orlandi, concluiu que os fragmentos encontrados são datados a uma época anterior ao desaparecimento da jovem Emanuela, uma vez que “os mais recentes remontam ao menos há 100 anos”.
Nesse sentido, a Sala de imprensa da Santa Sé afirmou que, por isso, foi feito o pedido de arquivamento "que concluiu um dos capítulos da triste história" do desaparecimento dessa jovem italiana.
Por fim, a Santa Sé lembrou que, frente a este caso, "as autoridades vaticanas ofereceram, desde o início, a mais ampla colaboração" e que "com esse espírito, o procedimento de arquivamento deixa à família Orlandi a possibilidade de proceder, de maneira privada, a outras adicionais verificações sobre alguns fragmentos já encontrados e protegidos, em recipientes selados, junto à Gendarmaria”.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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Caso Emanuela Orlandi: Por que os túmulos abertos no Vaticano estavam vazios? https://t.co/s9FjFM07d9
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Religiosas ajudam meninas com deficiência em meio às dificuldades pelo coronavírus
NAIROBI, 30/04/2020 (ACI).- Diante do fechamento de instituições educacionais no Quênia, devido à propagação do coronavírus, algumas religiosas continuam cuidando de meninas com deficiência no Lar Limuru Cheshire, levando ajuda e esperança para essas famílias que vivem em extrema pobreza.
A administradora do Lar, dirigido pelas Irmãs da Assunção de Nairóbi (Quênia), irmã Rose Catherine Wakibiru, destacou que cuidam de mais de 60 meninas, que tiveram que voltar para suas casas devido às medidas tomadas pelo Governo do País.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Quênia tem mais de 300 infectados e 14 morreram pelo vírus. O Governo do país declarou, em meados de março, o fechamento das escolas em todo o país até 4 de maio, contudo, devido ao aumento de casos, a medida foi prorrogada por um mês.
A religiosa indicou que se viu obrigada a pedir aos pais e responsáveis que buscassem suas filhas e as levassem para morar junto com suas famílias novamente, já que as meninas ficam 24h no Lar atendido pela congregação.
"Muitos dos pais não estavam prontos para receber as meninas", indicou.
A irmã Wakibiru assinalou que muitas meninas no Lar de Cheshire vêm de famílias pobres que vivem em assentamentos informais nas periferias de Nairóbi, como é o caso de Faith (um nome que será usado para proteger sua identidade), uma menina de 23 anos com deficiência, que vive com sua família em uma casa de um quarto em Satellite, um dos assentamentos informais.
"Inicialmente, Faith morava com sua mãe e seus três irmãos em Kibera (uma das maiores favelas de Nairóbi). Mas sua família se mudou para Satellite três semanas atrás, depois que sua casa foi arrasada pelas inundações", comentou.
Além disso, a religiosa indicou que nem todas as meninas foram recebidas em casa, cerca de cinco delas não tinham para onde ir quando a instituição foi fechada, por isso outras famílias as acolheram.
“Conheço todas as famílias que deixam suas filhas aqui e tenho uma ideia daquelas que podem acolher mais uma menina, além da própria. Então, quando fiz as ligações, perguntei-lhes se estavam dispostos a cuidar de uma menina extra. Foi assim que consegui que as cinco meninas tivessem um lugar para ficar", acrescentou.
Para aliviar a carga dos pais adotivos, o Lar Limiru Cheshire cobre as necessidades básicas das meninas, como alimentação e os materiais sanitários em seus novos lares.
No Quênia, muitas pessoas vivem com o que podem ganhar no dia e, para elas, é muito difícil conseguir trabalho, por isso, lamentavelmente, nem todas as famílias aceitaram receber suas próprias filhas, e se opuseram a que elas voltem para casa.
"Temos uma menina de Kibera. Ela tem três irmãos com deficiência. Sua mãe também tem problemas intelectuais. Quando telefonei para que viessem buscar a filha, me disseram que não viriam”, contou.
A religiosa indicou que, para convencer a família, teve que prometer que iria cobrir as necessidades básicas da menina, "inclusive, permiti que a família escolhesse tudo o que precisava em uma loja próxima e pagamos o valor ao comerciante".
A irmã Wakibiru assinalou que, devido à pobreza, as pessoas com deficiência são a última prioridade nas famílias que lidam com a falta de recursos básicos, como a alimentação. Quando há pouca comida para compartilhar, as crianças com deficiência não recebem nada.
“As crianças com deficiência são tratadas como pessoas de segunda classe. As pessoas só pensam nelas quando todos os demais já estão satisfeitos”, acrescentou.
A religiosa indicou que alguns membros da família também roubam os artigos de higiene pessoal e absorventes que as meninas recebem nas instituições de caridade.
"Realmente, não podemos culpar os membros da família por se ajudarem com as provisões das meninas”, disse, acrescentando que “é a pobreza o que move as pessoas, mas só podemos esperar que aprendam a ser mais atentos às necessidades das meninas, que são mais vulneráveis".
Uma semana depois que as meninas saíram do Lar, a irmã Wakibiru comentou que a maioria dos pais e responsáveis expressou frustração por não poder trabalhar com seus filhos com deficiência e pediu o apoio das religiosas.
A irmã Wakibiru indicou que, graças à ajuda de doadores locais, conseguiu apoiar famílias nos bairros pobres de Nairóbi e, com um documento especial do governo, conseguiu locomover-se, apesar da proibição de movimento dentro e fora de Nairóbi e de outras cidades onde há mais casos de COVID-19.
"No início da próxima semana, terei coberto todas as casas em Nairóbi e irei para Nakuru, onde temos nossos casos mais necessitados. Fico contente pelo governo ter me concedido uma permissão para viajar e atender nossas meninas”, comentou a religiosa.
Em cada visita domiciliar, as famílias recebem alimentos para sustentá-los por até um mês, dependendo do nível de necessidade. As famílias também recebem máscaras e desinfetantes para mantê-los seguros durante a pandemia.
A irmã Wakibiru, as Irmãs da Assunção e os outros trabalhadores do Lar fundado há quase 50 anos pelo herói da Segunda Guerra Mundial Geoffrey Leonard Cheshire, vivem um dia de cada vez enquanto suas provisões esgotam em meio às doações reduzidas.
"Só podemos planejar e esperar que os apoiadores se unam para levar adiante a vida dessas meninas vulneráveis e de suas famílias", acrescentou.
Publicado originalmente em ACI África. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
Confira também:
Este seminarista era médico e retornou ao hospital para ajudar doentes de COVID-19 https://t.co/Y2PUBMkox8
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No 75º aniversário da libertação de Dachau, católicos homenageiam sacerdotes assassinados
CRACÓVIA, 30/04/2020 (ACI).- Os católicos recordam os sacerdotes assassinados em Dachau (Alemanha), 75 anos depois que o Exército dos Estados Unidos chegou ao campo de concentração, considerado como o "maior cemitério de sacerdotes do mundo", e conseguiu a sua libertação.
Em 29 de abril, a Polônia comemora o Dia do martírio do clero polonês, que recorda as centenas de sacerdotes e religiosos assassinados em Dachau e em outras partes do mundo.
Em uma mensagem para comemorar este dia, o Bispo de Kalisz (Polônia), Dom Edward Janiak, assinalou que, em 22 de abril de 1945, uma semana antes da chegada do exército a Dachau, os sacerdotes e monges prisioneiros se consagraram a São José, por temor a que os guardas planejassem assassiná-los antes de fugir devido ao avanço dos Aliados.
Eles prometeram que, se fossem salvos, fariam uma peregrinação anual ao Santuário de São José, em Kalisz (Polônia).
Duas horas antes do previsto para seu assassinato no campo, conhecido como “o maior cemitério de sacerdotes do mundo”, chegou uma pequena unidade de patrulha do Exército dos Estados Unidos e conseguiu resgatá-los.
"Tudo aconteceu inesperadamente, duas horas antes da liquidação do campo e várias horas antes do ataque contra KL (Konzentrationslager, ou campo de concentração) planejado pelo comando norte-americano, os prisioneiros consideraram a libertação do campo como uma graça especial recebida de Deus através da intercessão de São José de Kalisz”, escreveu Dom Janiak.
Em 2002, os bispos poloneses estabeleceram o dia 29 de abril como o Dia do martírio do clero polonês como uma forma de continuar o ato anual de ação de graças pelos sobreviventes.
Em 29 de abril deste ano, a Missa foi celebrada na Capela do Martírio e da Gratidão ao meio-dia (horário local), marcando tanto o 75º aniversário da libertação de Dachau quanto o 50º aniversário da fundação da capela.
O Presidente da Conferência Episcopal Polonesa, Arcebispo Stanislaw Gadecki, pediu orações para aqueles que sofreram o martírio.
"Que seja uma expressão de nossa memória, honra e solidariedade para com os mártires e uma oração a Deus pela paz e reconciliação para todos", afirmou.
Os sacerdotes e Dachau
Os nazistas estabeleceram seu primeiro campo de concentração em Dachau, perto de Munique, Alemanha, em 1933. Nos 12 anos seguintes, mais de 2 mil sacerdotes católicos, a maioria poloneses, foram enviados e agrupados com clérigos protestantes, ortodoxos gregos, mariavitas e muçulmanos em uma seção conhecida como "Quartel Sacerdote".
Apenas 818 dos 1.773 clérigos poloneses enviados a Dachau sobreviveram até a libertação do campo. Muitos foram submetidos a experimentos médicos, expostos à malária ou infectados.
Entre os prisioneiros deste campo de concentração, destaca-se o Pe. Engelmar Unzeitig, um sacerdote de raízes tchecas apelidado de "Anjo de Dachau" devido ao seu ministério com outros prisioneiros.
Pe. Unzeitig se ofereceu para cuidar dos doentes no quartel de febre tifoide, banhá-los, rezar com eles e dar-lhes os últimos ritos. O sacerdote sucumbiu à febre tifoide, em 2 de março de 1945. O Papa Francisco o reconheceu oficialmente como mártir em 2016.
Quando o Papa João Paulo II beatificou 108 mártires poloneses da Segunda Guerra Mundial, em 1999, havia 43 prisioneiros de Dachau entre eles.
Após a guerra, o clero que sobreviveu a Dachau cumpriu a sua promessa, fazendo uma peregrinação a Kalisz todos os anos, em 29 de abril. Em 1970, fundaram uma Capela do Martírio e da Gratidão na cripta do Santuário de São José. Na entrada da capela, há uma representação de uma cerca de arame farpado e uma placa agradecendo a São José "pela libertação do abismo da morte".
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
Confira também:
O “anjo de Dachau”: padre assassinado pelos nazistas é declarado mártir pelo Papa Francisco https://t.co/OYzqeRSdCj pic.twitter.com/8IUqjzkFUg
— ACI Digital (@acidigital) February 2, 2016