Dec 15, 2025 / 16:04 pm
Jimmy Lai, defensor católico dos direitos humanos cujo longo julgamento por questões de segurança nacional na China atraiu críticas e acusações de perseguição, foi declarado culpado hoje (15) de múltiplas violações das leis de segurança nacional da China.
Lai, de 78 anos de idade, pode ser condenado à prisão perpétua.
Hoje, os advogados de Lai da Doughty Street Chambers, com sede no Reino Unido, classificaram o veredicto como “uma mancha num sistema jurídico de Hong Kong que outrora era invejável”. Caoilfhionn Gallagher, a advogada principal, disse que Lai é “um homem corajoso e brilhante de 78 anos de idade” condenado num “veredicto vingativo e extremamente injusto”.
“Depois de cinco longos anos de prisão, o que viola o direito internacional, é hora de pôr fim a esse processo farsante e libertar o sr. Lai”, disse ela. “Se a China não o libertar imediata e incondicionalmente, a comunidade internacional terá de responsabilizar a China”.
Sebastien, filho de Lai, disse que a decisão é "um dia sombrio para todos aqueles que acreditam na verdade, na liberdade e na justiça".
“Minha família e eu estamos tristes, mas não surpresos com o veredicto de culpado no caso do meu pai”, disse ele. “Sempre soubemos que meu pai estava sendo processado unicamente por seu jornalismo corajoso e seu compromisso inabalável com a democracia”.
Claire, filha de Lai, disse que o veredicto "prova que as autoridades ainda temem nosso pai, mesmo em seu estado debilitado, pelo que ele representa".
“Defendemos a sua inocência e condenamos esse erro judiciário”, disse ela, apelando aos EUA para que “continuem pressionando para que meu pai volte à nossa família para que possa se recuperar em paz”.
O veredicto encerra um longo processo judicial que levou Lai a ser processado e condenado por várias outras acusações, como fraude e reunião ilegal. O ex-magnata da imprensa já havia recebido várias longas penas de prisão antes do veredicto de hoje.
‘Nossa Senhora o protege’
Lai, que se converteu ao catolicismo em 1997, era anteriormente conhecido como um dos mais francos defensores dos direitos humanos de Hong Kong. Por várias décadas, ele esteve à frente de um pequeno império midiático que tinha o Apple Daily, tabloide pró-democracia num ambiente político rigidamente controlado pelo Partido Comunista da China.
Preso em 2020, Lai foi acusado de violações da então recém-promulgada lei de segurança nacional de Hong Kong. A medida de segurança foi amplamente vista como um meio para os líderes do Partido Comunista da China exercerem maior controle sobre a região administrativa especial, particularmente depois dos protestos generalizados pelos direitos humanos em 2019.
Nos anos seguintes, Lai seria condenado várias vezes a penas de prisão que variavam de 14 meses a seis anos, por acusações de participação nos protestos de 2019 e fraude em contratos de arrendamento.
A situação de Lai atraiu apoio e defesa de todo o mundo, inclusive de líderes e organizações católicas. Em 2021, ele recebeu o prêmio Christifideles Laici dos organizadores do Café da Manhã Nacional de Oração Católica dos EUA (National Catholic Prayer Breakfast), e no ano seguinte, recebeu um título honorário da Universidade Católica da América.
Em 2023, Lai foi indicado ao prêmio Nobel da Paz, junto com o arcebispo emérito de Hong Kong, cardeal Joseph Zen, e muitos outros, por seu trabalho na promoção dos direitos humanos em Hong Kong. No mesmo ano, cerca de uma dúzia de bispos e arcebispos de todo o mundo pediram a libertação de Lai, criticando a “crueldade e opressão” às quais ele foi submetido por anos.
A família de Lai tem se manifestado periodicamente em defesa do ativista preso. Em entrevista à EWTN News em agosto, Sebastien, filho de Lai, descreveu o julgamento do pai como um "tribunal de fachada", embora tenha dito que o pai "continuava forte de espírito e de mente", mesmo com a saúde debilitada.
Claire, filha de Lai, disse à presidente e diretora de operações da EWTN News, Montse Alvarado, neste mês, que a família "esperou muito, muito tempo para que seus casos fossem resolvidos".
“Como filha, todos os dias acordo esperando que hoje seja o dia em que meu pai volte para casa... o dia em que poderemos ir à missa juntos ou jantar à mesa, coisas que anos atrás eu quase dava como certas”, disse ela.
Claire falou sobre sua reação ao saber que seu pai havia caído na prisão um dia e não conseguia se levantar: "Quando você é filha... e ouve histórias assim, você deseja poder ajudá-lo a levantar-se quando ele está sentindo tanta dor".
Segundo relatos, Lai rezou para Nossa Senhora ao cair, disse Claire, momento em que conseguiu se levantar. "[Você] encontra grande conforto no fato de Nossa Senhora estar protegendo-o", disse ela.
Apoio do presidente Trump
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A prisão e os julgamentos de Lai fizeram com que o ativista chinês recebesse apoio do presidente dos EUA, Donald Trump. Em agosto, o presidente, do Partido Republicano dos EUA, disse que pretendia fazer “tudo” o que fosse possível para libertar Lai da prisão. Depois, Trump conversou com o presidente da China, Xi Jinping, em outubro, instando-o a libertar Lai.
Ele também recebeu apoio do Congresso dos EUA, como a indicação ao prêmio Nobel e um apelo por sanções contra autoridades de Hong Kong caso Lai não seja libertado da prisão.
Líderes políticos britânicos também pediram a libertação de Lai, assim como defensores na Organização das Nações Unidas (ONU). A iniciativa Support Jimmy Lai (Apoie Jimmy Lai) diz que Lai passou cerca de 1, 8 mil dias na prisão.
Hoje, a ministra das Relações Exteriores do Reino Unido, Yvette Cooper, disse que o governo condena o "processo com motivação política" que resultou no veredicto.
“Jimmy Lai tem sido alvo dos governos chinês e de Hong Kong por exercer pacificamente seu direito à liberdade de expressão”, disse ela, dizendo que os líderes britânicos “continuarão exigindo a libertação imediata do sr. Lai, todo o tratamento necessário e o acesso irrestrito a profissionais médicos independentes”.
Além de seus outros prêmios, Lai recebeu em outubro o prêmio Herói da Liberdade de Imprensa Mundial 2025 do International Press Institute (Instituto Internacional de Imprensa). A Fundação Bradley o nomeou, este ano, um dos homenageados com o Prêmio Bradley.
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