Nov 27, 2025 / 14:47 pm
O papa Leão XIV chegou hoje (27) à Turquia em sua primeira viagem apostólica internacional. A viagem — com encontros ecumênicos, gestos de oração simbólicos e visitas pastorais a comunidades cristãs sob pressão — deverá destacar as prioridades do papa: unidade, paz e encorajamento numa região marcada tanto pela fé ancestral quanto pelo sofrimento presente.
Em seu voo de Roma, o papa disse a repórteres que esperava que sua viagem fosse uma ocasião para "proclamar a importância da paz em todo o mundo e convidar todas as pessoas a se unirem, a buscarem maior unidade, maior harmonia e a encontrarem maneiras pelas quais todos os homens e mulheres possam verdadeiramente ser irmãos e irmãs".
O avião papal chegou à capital da Turquia, Ancara, por volta das 12h30, horário local. Depois da chegada, o papa visitou o mausoléu de Atatürk, construído em homenagem a Mustafa Kemal Atatürk, fundador e primeiro presidente da República Turca. Em seguida, Leão XIV foi ao palácio presidencial para um encontro com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, e um discurso para autoridades, representantes da sociedade civil e o corpo diplomático. O papa não pernoitou em Ancara, mas seguiu viagem aérea para Istambul no mesmo dia.
Visita com foco ecumênico
A visita à Turquia centra-se no 1.700.º aniversário do Primeiro Concílio de Niceia. O papa participará de uma cerimônia ecumênica de oração em Iznik, local do concílio que articulou a doutrina cristã sobre a natureza de Cristo e estabeleceu o Credo Niceno. O concílio também estabeleceu normas disciplinares e definiu uma data comum para a Páscoa.
Em sua estadia, o papa participará de várias cerimônias e espera-se que ele assuma uma declaração conjunta com o patriarca ecumênico ortodoxo Bartolomeu I de Constantinopla. Leão XIV visitará a mesquita do Sultão Ahmed, em Istambul.
Uma omissão notável no itinerário do papa é a Hagia Sophia, igreja bizantina transformada em mesquita que o governo turco designou como museu aberto a todas as religiões no século XX. O papa Francisco visitou o monumento em 2014, na última visita de um papa à Turquia, mas disse estar "profundamente consternado" quando o governo o transformou novamente em mesquita seis anos depois. O patriarca Bartolomeu também protestou contra a mudança.
A visita do papa Leão XIV tem um significado especial para a pequena comunidade cristã da Turquia, que busca apoio e encorajamento do papa. O lema da visita é “Um só Senhor, uma só fé, um só batismo” (cf. Ef. 4,5). A comunidade católica sofreu vários ataques nas últimas décadas, como o assassinato do padre Andrea Santoro em Trabzon, em 2006; e o assassinato do vigário apostólico da Anatólia, bispo Luigi Padovese, em 2010. No ano passado, dois indivíduos atacaram a igreja de Santa Maria, no bairro de Sariyer, em Istambul, na missa, matando uma pessoa que participava da celebração. O grupo terrorista Estado Islâmico reivindicou a autoria do ataque mais recente.
Assim como o resto da população, os cristãos têm enfrentado as consequências econômicas da forte inflação da lira turca, a moeda nacional, em anos recentes. Eles também sofreram os efeitos devastadores do terremoto que atingiu o sul da Turquia em fevereiro de 2023.
Uma mensagem de paz para o Líbano
Depois da Turquia, o papa viajará para o Líbano. Leão XIV disse à imprensa no mês passado que lá teria “a oportunidade de proclamar mais uma vez a mensagem de paz no Oriente Médio, num país que tanto sofreu”.
O itinerário do papa no Líbano destaca tanto as profundas raízes cristãs do país quanto seu trauma recente. O papa visitará o túmulo de são Charbel, um venerado santo maronita, em Annaya; encontrará jovens em frente ao patriarcado maronita em Bkerke e passará um tempo em oração silenciosa no local da explosão no porto de Beirute em 2020, que matou cerca de 236 pessoas e feriu cerca de 7 mil, segundo o grupo Human Rights Watch .
A comunidade cristã do Líbano tem enfrentado anos de dificuldades — desde o colapso econômico de 2019 até a explosão de 2020, assim como os confrontos contínuos entre Israel e o grupo radical islâmico Hezbollah desde outubro de 2023. Embora enfraquecida pela emigração e pela crise, a comunidade cristã permanece central na vida política e social do país. Pela constituição do país, o presidente, o comandante do exército e o governador do banco central devem ser católicos maronitas, e o parlamento do país é dividido igualmente entre cristãos e muçulmanos.
Muitos cristãos libaneses deixaram o país em busca de estabilidade e oportunidades econômicas. Para aqueles que permaneceram, a presença do papa é amplamente vista como um sinal de esperança, especialmente no Ano Jubilar da Esperança, celebrado este ano.
As melhores notícias católicas - direto na sua caixa de entrada
Inscreva-se para receber nosso boletim informativo gratuito ACI Digital.
Nossa missão é a verdade. Junte-se a nós!
Sua doação mensal ajudará nossa equipe a continuar relatando a verdade, com justiça, integridade e fidelidade a Jesus Cristo e sua Igreja.
Doar