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Vaticano II é a chave para entender o que a Igreja deve ser, diz Núncio apostólico nos EUA

O núncio apostólico nos EUA, cardeal Christophe Pierre, conversa com Montse Alvarado, presidente e diretora de operações da EWTN News, em Roma, em 25 de abril de 2025. | EWTN News

O núncio apostólico nos EUA, cardeal Christophe Pierre, disse a bispos na Assembleia Plenária de Outono 2025 da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA (USCCB, na sigla em inglês) que o Concílio Vaticano II é “a chave para entendermos que Igreja somos chamados a ser hoje e o ponto de referência para discernirmos para onde estamos caminhando”.

O cardeal, nascido na França, é núncio apostólico, ou principal diplomata, da Santa Sé nos EUA desde 2016. Ele discursou ontem (11) na assembleia de outono da USCCB em Baltimore, no Estado de Maryland, EUA, destacando a mensagem do Concílio Vaticano II e a missão de evangelização, educação e unidade do concílio.

Em seu discurso, Pierre fez aos bispos uma pergunta em duas partes: “Onde estivemos e para onde vamos?” O papa Leão XIV, na carta apostólica Desenhar novos mapas de esperança, sobre a educação, faz a mesma pergunta ao “exortar a educação e as comunidades a elevar os olhos e saber se perguntar para onde estão indo e por quê”, disse Pierre.

“Esse ato de perguntar, de examinar a direção de nossa jornada, é uma parte essencial do discernimento cristão”, disse Pierre. “É algo que todo bispo deve fazer ao pensar na Igreja e confiar em seus cuidados, e é algo que devemos fazer em nossa jornada compartilhada como pastores da Igreja Católica nos EUA”.

Dois dias depois de sua eleição, o papa Leão XIV disse aos cardeais: "Gostaria que renovássemos juntos hoje nosso compromisso total com o caminho que a Igreja universal tem trilhado há décadas, na sequência do Concílio Vaticano II".

Pierre falou sobre vários aspectos que o concílio Vaticano II oferece aos bispos e ao mundo de hoje. Segundo o núncio, o concílio é “a autodescrição da Igreja para a nossa época”. Nas palavras dos papas são João Paulo II e Bento XVI, foi “a grande graça concedida à Igreja no século XX”.

“O concílio não nos ofereceu uma nova fé, mas uma nova maneira de descrever e viver a única fé no mundo moderno”, disse Pierre. “A visão do concílio era uma visão para o futuro — uma orientação profética em direção a um mundo que estava começando a tomar forma”.

“Quando os padres conciliares publicaram esses textos, as igrejas ainda estavam cheias; os efeitos da secularização ainda não eram profundamente visíveis”, disse o cardeal. “Muitas das realidades que o Concílio pressentiu ainda não haviam se manifestado na vida do mundo ou da Igreja”.

“Por essa razão, os documentos do concílio não foram totalmente compreendidos na época”, disse Pierre. “Não se tratava de uma descrição da localização da Igreja, mas sim de um mapa do território para o qual ela estava sendo enviada”.

“Hoje, esse território é a nossa experiência diária”, disse o cardeal. “Agora habitamos o mundo que o concílio previu — um mundo marcado por profundas mudanças culturais, transformações tecnológicas e uma mentalidade secularizada que desafia a fé em suas raízes. Agora é o momento de desdobrar o mapa do concílio e trilhar seu caminho — de redescobrir nesses textos a luz e a coragem necessárias para navegar neste momento com fidelidade e criatividade”.

Pierre: O concílio Vaticano II continua sua trajetória de Francisco a Leão XIV

“Respondendo sobre um Terceiro Concílio Vaticano, o papa Francisco disse que o momento ainda não é propício, pois ainda estamos trabalhando para implementar plenamente o Segundo”, disse o núncio apostólico nos EUA. “O pontificado dele foi marcado não pela inovação pela inovação em si, mas por um chamado a viver mais plenamente a visão do Concílio”.

“Na sua primeira exortação apostólica, Dilexi te, que Francisco havia começado, o ponto de referência do Santo Padre continua sendo o concílio Vaticano II, desta vez no que diz respeito à nossa missão entre os pobres. Recordando o papa Paulo VI, que disse que a antiga parábola do bom samaritano serviu de modelo para a espiritualidade do Concílio, Leão XIV escreve: Estou convencido de que a escolha preferencial pelos pobres é uma fonte de extraordinária renovação tanto para a Igreja como para a sociedade”.

Ele diz que "o concílio Vaticano II representou um marco na compreensão da Igreja sobre os pobres no plano salvífico de Deus".

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Educação e evangelização católica

O núncio falou sobre a educação católica e a renovação eclesial. Pierre disse que “o ensinamento do Concílio Vaticano II sobre o culto, o mistério da Igreja, a Palavra de Deus e o diálogo com o mundo converge numa visão: uma Igreja enraizada na fé, animada pela esperança e engajada com a humanidade pelo amor”.

A declaração Gravissimum educationis continua sendo “um guia seguro”, disse o cardeal. “Ela afirmou o direito de cada pessoa a uma educação ordenada à verdade e à dignidade, o papel dos pais como primeiros educadores e o vínculo indissociável entre fé e razão na formação integral da pessoa”.

“O papa Leão XIV desenvolve agora esse legado, exortando as comunidades educativas a serem construtoras de pontes, não de muros – permitindo que a reconciliação e a pacificação se tornem o método e o conteúdo da aprendizagem”.

O papa exorta “as comunidades educacionais não só a transmitir habilidades, mas também a curar relacionamentos, formar consciências e escolher não o que é conveniente, mas o que é justo”, disse o núncio.

A educação católica continua sendo uma das grandes “histórias de sucesso” e “forças duradouras” da Igreja nos EUA, disse Pierre. “O concílio Vaticano II não criou essa missão educacional, mas deu um novo horizonte a ela: convocando a educação católica a olhar para fora, a se engajar com um mundo em rápida transformação e a formar discípulos prontos para levar o Evangelho a novos contextos culturais e sociais”.

A educação católica “continua sendo um testemunho radiante de esperança evangelizadora; onde é negligenciada ou limitada, a luz se apaga”, disse o cardeal. Ela “oferece uma janela para a história mais ampla de como o ensinamento do concílio foi recebido em toda a Igreja neste país”.

Missão dos bispos

“Se abraçarmos plenamente essa herança do Vaticano II — tanto em suas dimensões educacionais, pastorais quanto sociais — a Igreja nos EUA poderá continuar sendo o que tantas vezes tem sido: um fermento dentro desta nação, um sinal de esperança que transcende a divisão e uma serva do bem comum, fundamentada na dignidade de cada ser humano”, disse o núncio.

Os bispos têm “um chamado para representar a Igreja do concílio”, disse Pierre. “Em nosso sacerdócio e vocação episcopal, somos chamados a ser homens de comunhão — pastores que caminham com o povo de Deus em vez de nos mantermos à parte”.

Os bispos têm uma missão na evangelização e no ecumenismo, assim como no envolvimento deles com a vida pública, disse ele. Os bispos “não são capelães de partidos políticos nem comentadores distantes, mas pastores que trazem a amplitude da doutrina social católica para o discurso cívico de um modo que transcende o partidarismo”.

Pierre perguntou mais uma vez aos bispos: “Onde estivemos e para onde vamos?”

“O Concílio não está atrás de nós; ele está à nossa frente, é o mapa para nossa jornada”, disse o cardeal. “Somos uma Igreja enraizada na graça do concílio Vaticano II; uma Igreja que ainda acolhe e incorpora sua visão; uma Igreja enviada em unidade, como discípulos e pastores, levando esperança, alegria e misericórdia a um mundo necessitado”.

“Os documentos do concílio continuam a nos moldar e a guiar nossa compreensão deste momento”, disse o núncio. “O papa Leão XIV agora leva adiante essa mesma visão, reinterpretando-a para o mundo de hoje”.

“Se caminharmos fielmente com ele, seremos a Igreja que o concílio idealizou: um povo peregrino, um sacramento de comunhão, um farol de esperança e servo dos pobres — traçando, já agora, novos mapas de esperança para as gerações vindouras”, concluiu Pierre.

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