5 de dezembro de 2025 Doar
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O Carmelo feminino sempre atraiu muitas vocações no Brasil, diz carmelita mestra de noviças

Carmelitas do Carmelo Ressurreição e Santa Edith Stein, em Senhor do Bonfim (BA). | Crédito: Cortesia Carmelo Ressurreição e Santa Edith Stein, em Senhor do Bonfim (BA).

“No Brasil, o Carmelo feminino sempre atraiu muitas vocações, embora haja exceções em algumas regiões”, diz a irmã Maria dos Anjos, mestra de noviças do Carmelo Ressurreição e Santa Edith Stein, em Senhor do Bonfim (BA). Há três anos, ela é responsável por acompanhar as mulheres em seu discernimento e resposta à vocação carmelita.

“As jovens vêm sedentas de uma vida de maior intimidade com Deus através da oração, da solidão e do silêncio”, diz a irmã à ACI Digital. “Elas também se sentem atraídas pela alegria que brota da vivência fraterna, que, assim como a solidão, é bem intensa no Carmelo”.

Nos últimos anos, contou a irmã, aumentou o número de jovens que buscam conhecer a vida de clausura. Ela atribui esse fenômeno aos meios de comunicação social que ajudam a “difundir a nossa espiritualidade e o nosso carisma”, principalmente o apostolado Flores do Carmelo que tem um perfil nas redes sociais dedicado a divulgar a vocação e espiritualidade carmelita. Também atribui esse aumento ao conhecimento da “vida e a espiritualidade dos nossos Santos, em especial santa Teresinha do Menino Jesus”.

Atualmente, cinco moças estão em acompanhamento vocacional no Carmelo de Senhor do Bonfim. “Há também algumas adolescentes que mostraram interesse, mas não começaram o acompanhamento devido à idade”, diz a irmã.

Desde que assumiu como mestra de noviças há três anos, oito jovens entraram para a comunidade, mas uma voltou para casa.

Ser carmelita é ter os olhos voltados para o céu com os pés no chão

Para irmã Maria dos Anjos, ser carmelita é “viver sempre em busca d’Aquele que é o único necessário. É ter os olhos do coração sempre voltados para o Céu, mas com os pés no chão: contemplação e ação – solidarizar-se com as realidades de dor, de morte e de perdição em que se encontram muitos dos nossos irmãos, e apresentá-los a Deus por meio da oração”.

“É ser como o humilde Cirineu que através da oração e dos pequenos sacrifícios ajudam os sacerdotes a carregarem a sua cruz de cada dia”, continua. “É ser como a raiz das árvores que, escondida na terra realiza o seu trabalho de levar a seiva da vida para a grande árvore que é a Igreja e que a ajuda a se manter em pé. Enfim, é ser o amor no Coração da Igreja, como dizia santa Teresinha do Menino Jesus”.

Espiritualidade carmelita ajuda a Igreja a reencontrar a primazia da oração

A espiritualidade carmelita “pode ajudar a Igreja a reencontrar a importância e primazia da oração, cultivando a vida interior, dando a Deus o que é de Deus”, diz a irmã. “Em meio à urgência dos trabalhos apostólicos, pastorais ou até profissionais, muitos acabam abandonando a vida de oração ou colocando-a em último plano. Mas se esquecem que é justamente nela que encontrarão o que necessitam para que seus trabalhos tenham êxitos”.

“O silêncio, característica tão própria do nosso carisma e valor tão ausente no mundo, também deveria inspirar a muitos a buscarem esses momentos para encontrarem-se consigo mesmos, pacificarem o coração e assim encontrarem-se com Deus”, disse.

Etapas da vocação carmelita de clausura

Cada carmelo determina uma idade limite para começar o discernimento vocacional. No Carmelo Ressurreição e Santa Edith Stein a idade limite é de 26 anos, mas pode haver exceções.

Segundo a mestra de noviças, “quando se entra no Carmelo com uma idade mais madura, percebemos uma maior dificuldade das candidatas em se adaptar ao nosso estilo de vida, sobretudo no que se refere à obediência, a autonomia e também a saúde e as disposições físicas que as impossibilitariam de seguir o ritmo da comunidade”.

Para entrar no Carmelo, a candidata deve ter terminado o ensino médio. Não há exigência de ensino superior, mas se a vocacionada já estiver cursando uma faculdade, ela é aconselhada a terminar o curso antes de entrar para o carmelo.

O primeiro passo da vocação é fazer um ano de acompanhamento vocacional. Depois, a vocacionada faz o pedido para iniciar o aspirantado, tempo no qual ela continua no convívio familiar e começa a desfazer-se dos seus compromissos seja no trabalho ou outros.

Depois de entrar para a clausura, a jovem completa o seu tempo de aspirantado, que leva entre um e dois anos. Passado esse período, ela prossegue nas outras etapas de formação: o postulantado, que dura de um a dois anos; o noviciado, quando recebe o hábito e um novo nome, com duração de dois anos; a profissão simples ou temporária, que se estende por cinco anos; e, por fim, a profissão perpétua, no Carmelo chamada de profissão solene, que acontece depois de nove a 12 anos de formação.

Por que o Carmelo se chama Edith Stein e não Santa Teresa Benedita da Cruz

O Carmelo de Senhor do Bonfim leva o nome de Edith Stein, filósofa judia convertida ao catolicismo e que, ao se tornar carmelita, escolheu o nome Teresa Benedita da Cruz. Segundo a irmã, o carmelo tem o nome civil da santa “primeiramente porque quando ela foi canonizada pelo papa são João Paulo II ele deu muita ênfase ao seu nome”.

Santa Teresa Benedita da Cruz. Crédito: Carmelo da Ressurreição e Edith Stein.

“Edith Stein era muito conhecida no meio acadêmico onde nem todos eram cristãos e, muito menos ainda, católicos”, diz a irmã. “É interessante observar que até hoje acontece o mesmo fenômeno: ela continua muitíssimo conhecida e admirada em diversas áreas de estudo e pesquisas filosóficas”.

“Poucas pessoas a reconhecem pelo nome religioso ‘Santa Teresa Benedita da Cruz’. A meu ver, isso foi um modo inteligente que a Igreja usou para conservar a memória desta grande santa, que antes de ter sido carmelita, foi uma grande mulher no campo acadêmico da filosofia e ainda hoje é assim reconhecida. E nós conservamos este nome com esse mesmo intuito”, contou.

Além disso, há uma ligação afetiva com a fundadora do Carmelo: “Escolhemo-la como patrona porque a madre fundadora do nosso Carmelo, madre Ana Letícia do Coração de Jesus, também era descendente de judeus e tinha uma profunda admiração e respeito pela tradição judaica. Temos um profundo respeito e apreço pela religião judaica”, concluiu.

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