5 de dezembro de 2025 Doar
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Cardeal Sarah chama fiéis à adoração diante da rejeição de Cristo pelo Ocidente

Cardeal Robert Sarah. | Escritório do cardeal Robert Sarah.

O cardeal Robert Sarah fez uma homilia contundente no sábado, exortando os fiéis a seguirem o exemplo de santa Ana, mãe da bem-aventurada Virgem Maria, amando e adorando o Senhor acima de todas as coisas num mundo que rejeita Deus e tem uma visão falsa da religião.

Numa missa solene que marcou o 400º aniversário da aparição de santa Ana em Sainte-Anne-d'Auray, na Bretanha, noroeste da França, o cardeal Sarah falou como enviado especial do papa Leão XIV à celebração sobre como santa Ana apareceu a Yvon Nicolazic, dizendo-lhe que queria que uma capela — originalmente construída em seu nome mil anos antes, mas que desde então havia caído em ruínas — fosse reconstruída. A Igreja celebra a memória de santa Ana e são Joaquim em 26 de julho.

Tirando lições daquele evento milagroso, o prefeito emérito do dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos pregou que Deus queria que aquele lugar fosse reservado como sagrado, um lugar onde Ele seria adorado e honrado e “para nos dizer que Deus vem em primeiro lugar”.

Assim como Deus criou a humanidade por um ato de “amor gratuito”, que foi visto mais claramente quando Ele salvou a humanidade por meio da cruz, é uma questão de justiça que aqueles que são Suas criaturas e seus filhos o honrem, “especialmente em suas sociedades, que tendem a considerar Deus como uma coisa morta e inútil, sem interesse”, disse ele.

“Com muita frequência, no Ocidente, a religião é apresentada como uma atividade a serviço do bem-estar humano”, disse o cardeal guineense. “A religião é equiparada à ação humanitária, aos atos de caridade, ao acolhimento de migrantes e desabrigados, à promoção da fraternidade universal e da paz mundial. A espiritualidade seria uma forma de desenvolvimento pessoal, para trazer um pouco de alívio ao homem moderno, voltado para suas atividades políticas e econômicas habituais”.

“Embora essas questões sejam importantes, essa visão da religião está equivocada", disse também o cardeal Sarah. “Religião não se trata de comida ou ação humanitária. No deserto, foi a primeira tentação que Jesus rejeitou”.

Jesus, disse ele, “nos faz compreender que, mesmo que todos tivessem o suficiente para comer, mesmo que a prosperidade se estendesse a todos, a humanidade não seria redimida”. De fato, disse também Sarah, é “precisamente nos países da facilidade, da riqueza e da abundância” que o homem “se destrói, se autodestrói, porque se esquece de Deus e pensa só na sua riqueza e no seu bem-estar terreno”.

Quando a humanidade se esquece de Deus e não o honra, adora e serve, “acabaremos adorando a nós mesmos”, disse ele.

Rejeitar leis bárbaras e desumanas

Dirigindo-se à França, o cardeal Sarah disse que Deus escolheu o país para ser "como solo sagrado" reservado para Ele, e implorou aos seus cidadãos que não "profanem a França com suas leis bárbaras e desumanas que exigem a morte quando Deus quer a vida" — referência implícita à legislação adotada no ano passado que tornou a França o primeiro país do mundo a incluir direito ao aborto em sua constituição.

O cardeal reiterou a importância da adoração eucarística, que ele disse ser a “maior expressão de nossa gratidão a Deus”, acrescentando que adorar a Cristo significa nos “pormos à parte no silêncio”.

Lugares sagrados, disse ele, não devem ser inundados de barulho. Igrejas, enfatizou, são casas de Deus, reservadas exclusivamente a Ele e "não teatros" ou locais para "concertos, atividades culturais ou entretenimento".

“Entramos com respeito e veneração, devidamente vestidos, porque trememos diante da grandeza de Deus”, disse Sarah. “Não trememos de medo, mas de respeito, apoio e admiração”.

O cardeal disse que os lugares sagrados não nos pertencem, mas a Deus, assim como os cantos sacros e a liturgia.

“O propósito da liturgia é a glória de Deus e a santificação dos fiéis”, disse ele, enfatizando a importância da música sacra para “facilitar a participação ativa e plenamente consciente” na celebração sagrada dos mistérios cristãos.

“A liturgia não é um espetáculo humano”, disse Sarah, mas uma “tímida resposta à glória de Deus que nos precede. É por isso que ela está imbuída de beleza, nobreza e sacralidade”.

Voltando à aparição de Santa Ana e sua exortação para reconstruir a igreja em seu nome, o cardeal Sarah disse que “é isso que Deus quer hoje” e enfatizou que essa reconstrução deve começar na alma de cada pessoa.

Não profanem o lugar sagrado da sua alma batizada, “roubando o primeiro lugar de Deus” e entregando-o às “paixões desordenadas e ao espírito do mundo”, disse Sarah.

“É hora de expulsar os ídolos do dinheiro e as telas da sedução fácil e vulgar. Deus quer o seu coração. Deus quer a sua alma”, disse ele.

“É hora de reconstruir a igreja da nossa alma”,de confessar os próprios pecados neste “tempo favorável” e de praticar a oração silenciosa, diária e intensa, disse o cardeal.

Só assim Deus pode falar com uma pessoa, convertê-la e trazê-la de volta a Si, disse ele.

Em contraste, o cardeal disse que, se uma pessoa profana a vida interior de sua alma “por uma vida dominada pelo pecado e pelo entretenimento mundano, corre o risco de perder a vida” e “nunca ser realmente ela mesma”.

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“Meus amados irmãos e irmãs, não roubemos de Deus o sagrado santuário da nossa alma”, disse o cardeal Sarah.

Exemplo de sofrimento de santa Ana

O cardeal concluiu a homilia citando o exemplo de santa Ana e como ela sofreu por não ter Nossa Senhora até a idade avançada. O cardeal falou dos muitos homens e mulheres que sofrem por não terem filhos e dos pais que se enchem de angústia e preocupação por seus filhos doentes ou por seus descendentes que abandonaram a fé, e se perguntam por que devem sofrer dessa maneira.

A resposta deles, disse ele, deveria ser a de santa Ana: não em rebelião contra Deus, mas voltando-se para Ele em adoração.

"Nossa única resposta ao mistério do mal é a adoração silenciosa", disse o cardeal. "Sim, o mal é incompreensível, mas sabemos pela fé que a confiança adoradora em Deus é mais forte do que o absurdo do mal".

“A fé em Deus e a adoração a Deus são os únicos remédios que podem garantir à humanidade uma paz sólida e duradoura”, disse Sarah. “A adoração a Deus jamais nos decepcionará”.

A adoração paciente e silenciosa de santa Ana, disse também ele, “possibilitou o nascimento de Maria, a mãe do Salvador, a mais bela, a mais pura, a mais santa de todas as criaturas”.

“Todos vocês, cujos corações carregam sofrimento e dor, a esperança de vocês é a confiança em Deus. À medida que a noite escurece, a adoração de vocês frutificará na esperança”, disse o cardeal.

Sarah encorajou os padres, pressionados por tantos deveres porque são tão poucos, a reservar um tempo para a adoração.

“A adoração confiante rompe o manto, a corrente do mal”, disse ele. “Ela derruba o peso do desespero.” O cardeal enfatizou que a capacidade de adorar a Deus e amá-lo com todo o nosso coração, alma e força é a “única graça que jamais nos será tirada”.

“Quando tudo às vezes parece sombrio, podemos sempre dizer, com o nosso amado papa Leão XIV, que o mal não prevalecerá”, disse o cardeal. “Deus, o nosso Deus, é infinitamente bom, infinitamente belo, infinitamente grande”.

“Hoje, com santa Ana, neste lugar abençoado escolhido por Deus, que este grito de amor se eleve em cada um de nossos corações: Venham, adoremos o Senhor; venham, adorêmo-lo. Prostremo-nos diante dele; dobremos os joelhos diante do Senhor, nosso Criador, pois ele é nosso Deus. Amém”, rezou Sarah.

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