Jul 20, 2025 / 17:19 pm
O papa Leão XIV exortou os fiéis a sair do "turbilhão dos compromissos e preocupações" e a dar espaço ao "silêncio" durante o período de férias, que na Europa coincide com os meses de julho e agosto.
“São dias em que dispomos de mais tempo livre, tanto para nos recolhermos e meditarmos, como para nos encontrarmos, deslocando-nos e visitando-nos reciprocamente. Saindo do turbilhão dos compromissos e das preocupações, aproveitemo-los para saborear alguns momentos de sossego e recolhimento, bem como para, indo a algum lado, partilhar a alegria de nos vermos – como acontece comigo, hoje e aqui”, disse ele na homilia da missa celebrada na catedral de São Pancrácio Mártir, em Albano Laziale, sede diocesana à qual Castel Gandolfo pertence.
O papa se deslocou no dia 6 de julho para a vila pontifícia desta localidade, situada a 25 quilômetros de Roma e às margens do lago Albano, para um período de descanso.
A diocese de Albano é uma das sedes episcopais suburbicárias historicamente ligadas ao episcopado romano e ocupa um lugar especial no coração do papa Leão XIV.
Quando foi criado cardeal pelo papa Francisco em 2023, foi-lhe designada esta catedral, onde deveria tomar posse em 12 de maio passado, festa de são Pancrácio, padroeiro da diocese. No entanto, o conclave mudou o curso dos acontecimentos. A celebração deste domingo foi, de certa forma, um reencontro com esse caminho.
Ele recebeu um prato de prata com seu brasão papal, que é o mesmo que tinha como bispo, feito por dois ourives locais. Este presente havia sido preparado para sua posse como cardeal-bispo de Albano, prevista para maio. Ele também recebeu uma cesta de produtos típicos locais, feitos por jovens com autismo.
A Importância da intimidade com Deus
Na homilia, o papa Leão XIV falou da importância de dedicar tempo “à escuta do Pai que fala e vê o oculto”, especialmente nestes “dias de verão”, que, para ele, é um “momento providencial” para experimentar “como é bela e importante a intimidade com Deus, e como ela pode também ajudar-nos a ser mais abertos e acolhedores uns para com os outros”.
“Façamos disto uma oportunidade para cuidarmos uns dos outros, para trocarmos experiências, ideias, para nos compreendermos mutuamente e darmos bons conselhos: isto faz-nos sentir amados, e todos precisamos de tal. Façamo-lo com coragem”, acrescentou.
“Deste modo, na solidariedade, na partilha da fé e da vida, promoveremos uma cultura de paz, ajudando também aqueles que nos rodeiam a superar divisões e hostilidades e a construir a comunhão entre pessoas, povos e religiões”, disse o papa Leão XIV, citando seu antecessor, o papa Francisco.
As autoridades locais receberam Leão XIV na entrada da catedral, enquanto a marcha pontifícia tocava antes do início da celebração, por volta das 9h30. Segundo as autoridades locais, cerca de 1.550 pessoas participaram da celebração; 400 dentro da catedral, mas a maioria nas ruas e praças adjacentes, onde assentos e telões foram instalados para assistir à missa ao vivo.
O papa refletiu sobre as leituras do dia. Comentando a visita de três estrangeiros a Abraão, ele disse que "Deus escolhe o caminho da hospitalidade para encontrar Sara e Abraão e para lhes anunciar o dom da sua fecundidade, que eles tanto desejavam e já nem sequer esperavam". E esses dois idosos, disse o papa, "depois de tantos momentos de graça em que anteriormente os tinha visitado, volta a bater-lhes à porta, pedindo acolhimento e confiança". Portanto, "reconhecem nos misteriosos visitantes a Sua bênção, a Sua própria presença" e "oferecem-Lhe o que têm – comida, companhia, serviço e a sombra de uma árvore –, e recebem a promessa de uma vida nova e de uma descendência".
“O serviço e a escuta são duas dimensões gêmeas do acolhimento”
O papa Leão XIV disse a visita de Jesus à casa de Marta e Maria em Betânia destaca que “uma das irmãs acolhe-o com mil atenções, enquanto a outra o escuta sentada a seus pés, com a atitude típica do discípulo perante o mestre”. “O serviço e a escuta são duas dimensões gêmeas do acolhimento”.
“Se é importante que vivamos a nossa fé com ações concretas e com a fidelidade aos nossos deveres, segundo o estado e a vocação de cada um, é também fundamental que o façamos a partir da meditação da Palavra de Deus e da atenção ao que o Espírito Santo sugere ao nosso coração, reservando, para isso, momentos de silêncio, momentos de oração, tempos em que, silenciando ruídos e distrações, nos reunimos diante d’Ele e construímos a unidade em nós mesmos", disse.
Assim, durante a missa concelebrada pelo prefeito do dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Michael Czerny, juntamente com outros 80 padres do clero local, ele disse que "o serviço e a escuta não são sempre fáceis: exigem empenho, capacidade de renúncia".
"Por exemplo, na escuta e no serviço, a fidelidade e o amor com que um pai e uma mãe orientam a sua família implicam fadiga", disse. “Mas só assim, com estes esforços, se constrói algo de bom na vida; só assim nascem e crescem relações autênticas e fortes entre as pessoas, e a partir de baixo, da quotidianidade, o Reino de Deus cresce, se difunde e se experimenta já presente”, disse.
Por isso, concluiu que “a escuta e o serviço são duas atitudes complementares para, na vida, nos abrirmos à presença abençoadora do Senhor. O seu exemplo convida-nos a conciliar com sabedoria e equilíbrio, ao longo de cada dia, contemplação e ação, repouso e fadiga, silêncio e trabalho, tendo sempre como medida a caridade de Jesus, como luz a sua Palavra e como manancial de força a sua graça, que nos sustenta para além das nossas próprias capacidades”.
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