6 de dezembro de 2025 Doar
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Bispo de Chiclayo defende Leão XIV de acusações de encobrir abusos

Bispo de Chiclayo, Peru, monsenhor Edinson Farfán, em entrevista coletiva na última sexta-feira (9). | Diego López Marina/EWTN

O bispo de Chiclayo, Peru, monsenhor Edinson Farfán, defendeu publicamente na última sexta-feira (9) as ações do então bispo Robert Prevost — agora papa Leão XIV — de acusações de encobrimento de abusos sexuais em sua diocese.

Respondendo a uma pergunta numa entrevista coletiva, Farfán disse: "Isso é mentira. Ele ouviu, respeitou os procedimentos, e esse processo ainda está em andamento... Acredite, eu sou o mais interessado em que a justiça seja feita e, acima de tudo, em poder ajudar as vítimas".

O bispo de Chiclayo falou sobre as alegações de três irmãs que se encontraram com o bispo Prevost em 2022 para dizer que foram abusadas por um padre anos antes, quando eram menores de idade. Elas dizem que o então bispo não abriu uma investigação canônica eficaz e que os acusados ​​continuaram a celebrar a missa.

Monsenhor Farfán disse também que acompanhou as supostas vítimas. "Pedi perdão a eles, choramos juntos e certamente houve um bom relacionamento, um relacionamento próximo. Espero que possamos chegar a um final feliz", disse também o bispo.

Ele disse também que o processo canônico está em andamento, dizendo que "o cardeal Prevost foi a pessoa mais sensível na Igreja peruana a esses casos, e ele nos ouviu; ele nos permitiu receber justiça".

O papa Francisco nomeou o bispo Prevost administrador apostólico de Chiclayo em novembro de 2014 e bispo da mesma diocese em 2015. Mais tarde, ele também foi administrador apostólico de Callao.

Na entrevista coletiva, o bispo Farfán também negou que as vítimas tenham recebido US$ 150 mil (cerca de R$ 853,2 mil) em troca de seu silêncio, citando o depoimento público de uma delas, que escreveu nas redes sociais: “Sou uma das vítimas. Não recebemos dinheiro algum, e eu jamais receberia em troca do meu silêncio. Se isso fosse verdade, com essa quantia, eu pelo menos teria tido a gentileza de apagar minhas postagens, mas não é o caso. Vocês podem ver tudo no meu perfil”.

O monsenhor Edinson Farfán, agostiniano como o papa Leão XIV, foi nomeado bispo de Chiclayo em 14 de fevereiro do ano passado, quando o então cardeal Prevost era prefeito do Dicastério para os Bispos, o órgão da Santa Sé que supervisiona os bispos em todo o mundo e propõe candidatos.

Preocupação e demanda internacional por reformas

A defesa de Farfán contrasta com a reação internacional de grupos de sobreviventes, especialmente o grupo Rede de Sobreviventes de Abusados ​​por Padres (SNAP, na sigla em inglês), que emitiu uma declaração (link em inglês) depois da eleição de Leão XIV em 8 de maio expressando preocupação com o histórico do novo papa no tratamento de acusações de abuso, tanto em Chicago, de onde ele é originário, quanto no Peru.

Em carta aberta, a SNAP diz que, quando Leão XIV era provincial dos agostinianos, permitiu que um padre acusado de abuso morasse perto de uma escola primária em Chicago e que, como bispo de Chiclayo, as vítimas relataram falta de ação e transparência na investigação, permitindo até mesmo que o padre acusado continuasse celebrando a missa depois da denúncia.

Na carta, o SNAP exige que medidas decisivas sejam tomadas nos primeiros 100 dias do pontificado, como a criação de uma comissão global da verdade independente, a adoção de uma política universal de tolerância zero, acordos internacionais que garantam transparência e responsabilidade, um fundo de reparações financiado com ativos da Igreja e um conselho global de sobreviventes com autoridade real para supervisionar e aplicar essas medidas.

A carta conclui com um apelo direto ao papa Leão XIV: “Você pode acabar com a crise dos abusos – a única questão é: você vai conseguir?”

A reação da Santa Sé

A ACI Prensa, agência em espanhol do Grupo ACI, entrou em contato com a Sala de Imprensa da Santa Sé para comentar, e Matteo Bruni, seu diretor, respondeu dizendo: "Essa é uma notícia que já circula há algum tempo, até onde eu sei, e a diocese já respondeu com uma declaração bastante clara".

A declaração à qual Bruni se refere foi publicada pelo Escritório de Mídias Sociais da diocese de Chiclayo em 12 de dezembro de 2023, dizendo que em abril de 2022, várias jovens denunciaram o padre Eleuterio Vásquez Gonzáles à diocese de Chiclayo por assédio sexual, o que levou ao seu afastamento da paróquia e à abertura de investigações tanto internas quanto pelo Ministério Público do Peru, embora tenham sido arquivadas por falta de provas.

Depois de receber as denúncias, o padre acusado foi intimado a deixar a paróquia e cessar seu ministério. “Uma investigação preliminar foi iniciada e, em seguida, encaminhada à Santa Sé", diz o texto.

O texto diz também que o “Dicastério para a Doutrina da Fé, vendo que as acusações feitas contra o padre acusado não foram suficientemente provadas, decidiu consequentemente encerrar o caso”.

Em resposta à cobertura da mídia e das redes sociais sobre o caso, a diocese disse em comunicado que havia reaberto a investigação, imposto medidas cautelares ao padre e impedido de "exercer seu ministério sacerdotal". Ela também reafirmou seu repúdio a qualquer conduta que prejudique menores e pessoas vulneráveis, enfatizando a presunção de inocência enquanto o julgamento transcorre e "tolerância zero para esse tipo de conduta".

A diocese de Chiclayo destacou no texto que, segundo "as instruções da Santa Sé", continuará "desenvolvendo medidas adequadas de prevenção e ação para o bem da Igreja", para que "a atividade pastoral não seja afetada por comportamentos que a prejudiquem gravemente".

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Com informações de Diego López Marina e Victoria Cardiel

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