27 de abril de 2024 Doar
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Papa foi manipulado para aprovar política da Igreja na China, assinala Cardeal

Um grupo de peregrinos chineses na Praça de São Pedro no Vaticano. | Daniel Ibáñez (ACI Prensa)

No sábado, 21 de março, o Cardeal Joseph Zen acusou em seu blog o secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, de manipular o Papa Francisco e criticou a abordagem da Santa Sé sobre a Igreja Católica na China.

"Minha impressão pessoal é que (o Cardeal Pietro) Parolin manipula o Papa, pelo menos em temas relacionados à Igreja na China", escreveu o Bispo Emérito de Hong Kong, Cardeal Zen.

A publicação "Suplemento à minha resposta ao Cardeal G.B. Re", complementa uma carta aberta de 3 de março que o Cardeal Zen escreveu ao Cardeal Giovanni Battista Re.

As cartas do Cardeal Zen de 3 e 21 de março são uma resposta à carta de 26 de fevereiro do decano do Colégio de Cardeais da Igreja, Cardeal Re, que afirmava que o acordo China-Vaticano representa as ideias de São João Paulo II e de Bento XVI, e que a oposição do Cardeal Zen ao acordo não está correta.

O Cardeal Zen criticou o acordo provisório do Vaticano com a República Popular da China de 2018. O Cardeal assinalou que o acordo, que não foi publicado, concede um papel determinante ao governo chinês na seleção dos bispos da Igreja no país asiático e coloca muitos católicos na China em risco de perseguição.

Em sua carta de 3 de março, o Cardeal Zen indicou ao Cardeal Re que, se quiser provar que o acordo foi assinado anteriormente por Bento XVI, "basta me mostrar o texto do acordo, que até agora não me deixaram ver, assim como a evidência do arquivo que o senhor pôde verificar".

A publicação mais recente do Cardeal Zen afirmou que, embora tenha criticado o Cardeal Re pelo acordo com a China, "o problema não está entre Re e eu. O problema é com o Cardeal Parolin".

"É difícil entender como esse homem se tornou tão poderoso a ponto de dominar toda a Cúria Romana. Conseguiu demitir a Comissão para a Igreja na China sem dizer uma palavra e ninguém se levantou para protestar contra essa falta".

O Cardeal Zen alegou anteriormente que o Cardeal Parolin fechou a comissão do Vaticano sobre a Igreja na China, que Bento XVI estabeleceu e incluía funcionários do Vaticano e líderes da Igreja da Ásia, para silenciar as críticas do Cardeal Zen ao compromisso da Igreja com o governo chinês.

A publicação do Purpurado em 21 de março também criticou o Cardeal Parolin por designar o ex-secretário da Congregação para a Evangelização dos Povos e o único clérigo chinês de alto escalão da cúria, Arcebispo Savio Hon, a um posto diplomático na Grécia.

O Cardeal Zen afirmou que esses movimentos ajudaram o Cardeal Parolin a alcançar a execução do acordo de 2018 com Pequim.

Embora a publicação do Cardeal Zen em 21 de março tenha criticado esse acordo, chamando-o de "imoral" e "contra a consciência católica", o Purpurado reservou suas críticas mais severas a um conjunto de "pautas pastorais" emitidas pelo Vaticano em junho de 2019, com relação às responsabilidades dos sacerdotes chineses com o governo do país.

Este documento é "descaradamente malvado, imoral, porque legitima uma Igreja cismática!", disse o Cardeal Zen.

A Igreja na China continental está dividida há 60 anos entre a Igreja clandestina, que é perseguida e cujas nomeações episcopais com frequência não são reconhecidas pelas autoridades chinesas, e a Associação Católica Patriótica Chinesa, uma organização autorizada pelo governo.

O Cardeal Zen argumentou que as "pautas pastorais" de 2019 legitimam a falsa noção de uma Igreja Católica especificamente "chinesa" e "independente" da supervisão do Papa.

O Cardeal "Parolin afirmou repetidamente que a palavra 'independente' não deve mais ser entendida como 'absolutamente independente', porque no acordo o Papa é reconhecido como o chefe da Igreja Católica (não posso acreditar nisso, até que me mostrem os textos em chinês do acordo)", escreveu o Cardeal Zen.

A publicação do blog do Cardeal Zen de 21 de março afirmou que "nos últimos 20 anos, devido ao equívoco da Santa Sé em lidar com a Igreja na China, perseguida por um grupo de pessoas que se atreveu inclusive a não seguir as indicações do Papa, a comunidade clandestina está cada vez mais abandonada, quase como um obstáculo à unidade, enquanto na comunidade oficialmente reconhecida pelo governo, os 'oportunistas' estão se tornando mais numerosos, intrépidos e desafiadores porque as pessoas dentro e ao redor do Vaticano os incentivam".

"Estamos caminhando para a unidade da Igreja na China?", perguntou o Cardeal Zen. "Que tipo de unidade? Que tipo de Igreja?", acrescentou.

Publicado originalmente em CNA. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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