Com Cristo derrubar barreiras que impedem chegar à vida divina, exorta o Papa Bento XVI

Nicósia, Jun 6, 2010 / 12:02 pm

Em sua homilia da Missa na qual entregou o Instrumentum Laboris (documento de trabalho) do Sínodo dos Bispos para o Oriente Médio que será realizado em outubro no Vaticano, o Papa Bento XVI exortou a derrubar as barreiras que impedem os homens a chegarem à vida divina e refletiu na tripla realidade do Corpus Christi.

No Pavilhão de Esportes Elefteria na capital do Chipre, o Santo Padre assinalou que "hoje celebramos a Solenidade do Corpo e o Sangue de Cristo. Corpus Christi, o nome dado a esta festa no Ocidente, é usado na tradição da Igreja para designar três diferentes realidades: o corpo físico de Jesus, nascido da Virgem Maria, seu corpo eucarístico, o pão do céu que nos nutre neste grande sacramento, e seu corpo eclesiástico, a Igreja".

Para explicar o mistério de comunhão obrado na Igreja pelo Espírito Santo, o Papa se referiu ao que diz Santo Agustinho, quem "nos recorda que o pão não é fabricado a partir de um só grão, mas sim de um grande número deles. Antes que todos estes grãos se convertam em pão, devem ser moídos. Assim faz alusão ao exorcismo ao que os catecúmenos devem submeter-se antes de seu batismo. Cada um de nós que pertence à Igreja precisa sair do mundo fechado de sua individualidade e aceitar o ‘companheirismo’ de outros, que ‘partem o pão’ conosco. Já não devemos pensar mais como ‘eu" mas como "nós’".

"Esta é a razão pela que todos os dias, rezamos ao "nosso" Pai, por "nosso" pão cotidiano. Derrubar as barreiras entre nós e nosso próximo é uma necessidade anterior para entrar na vida divina à qual somos chamados. Precisamos ser liberados de tudo o que nos adoece e nos isola: o medo e a desconfiança na relação de tu a tu com outros, a avidez e o egoísmo, a falta de vontade para correr o risco da vulnerabilidade à qual nos expomos quando nos abrimos ao amor".

Bento XVI ressaltou logo que a unidade no Espírito Santo convida os cristãos a "responderem generosamente ao chamado a ‘ser Cristo’ para aqueles que nos rodeiam. Somos seu corpo agora na terra. Para parafrasear uma célebre frase atribuída a Santa Teresa de Ávila, somos os olhos com os que sua compaixão olha a quem passa necessidade, somos as mãos que ele tende por abençoar e curar, somos os pés nos que se insere para ir fazer o bem, e somos os lábios para quem o Evangelho é proclamado".

"Entretanto, é importante compreender que quando participamos assim em sua obra de saúde, fazemos mais que honrar a memória de um herói morto prolongando o que ele fez: justamente o contrário, Cristo está vivo em nós, seu corpo, a Igreja, seu povo sacerdotal. Ao nutrir-nos Dele na Eucaristia e ao acolher o Espírito Santo em nossos corações, convertemo-nos verdadeiramente no Corpo de Cristo que recebemos, somos verdadeiramente em comunhão com ele e uns com os outros, e nos convertemos autenticamente em seus instrumentos, dando testemunho dele ante o mundo", precisou.

Logo depois de pôr como modelo da unidade e do anúncio do Evangelho de Cristo às primeiras comunidades cristãs, o Papa Bento XVI recordou que "hoje estamos chamados, assim como eles o foram, a ser um coração e uma alma, para aprofundar nossa comunhão com o Senhor e com outros, e dar testemunho dele diante do mundo".

"Estamos chamados a superar nossas diferenças, a trazer paz e reconciliação onde há conflito, a oferecer ao mundo uma mensagem de esperança. Estamos chamados a chegar a aqueles necessitados a compartilhar generosamente nossos bens terrestres com aqueles menos afortunados que nós".

"E estamos chamados a proclamar incessantemente a morte e ressurreição do Senhor, até a sua vinda. Através Dele, com ele e nele, na unidade que é o dom do Espírito Santo para a Igreja, honremos e demos glória a Deus nosso Padre celestial em companhia de todos os anjos e Santos que cantam seus louvores por sempre. Amém", concluiu.