NOVA IORQUE, May 5, 2010 / 08:38 am
Kenneth Woodward trabalhou na conhecida revista americana Newsweek como editor de religião durante vários anos. Recentemente ele publicou um artigo no qual critica o New York Times (NYT) por ter gerado sua "própria versão" dos casos de abusos sexuais cometidos por alguns membros do clero buscando implicar, sem resultados, o Papa, e pela falta de profissionalismo e ignorância do jornal ao cobrir este tema.
No artigo publicado no dia 28 de abril na revista Commonweal, Woodward assinala que o NYT não foi "justo em sua tentativa, realizada através de muitas primeiras-páginas, de implicar o Papa em encobrimentos diocesanos de sacerdotes abusadores".
Seguidamente ao ressaltar que o Times deveria ter dado ao advogado Jeff Anderson, "o litigante mais agressivo da nação", quem tem um direto interesse financeiro ao processar a Igreja e quem proporcionou uma série de documentos ao NYT sobre o caso do Pe. Murphy uma "linha co-editorial" na cobertura que este jornal fez sobre estes fatos.
Não só o NYT deixou de mencionar que Anderson já recebeu mais de 60 milhões de dólares em acordo com a Igreja até o 2002, diz Woodward, mas com sua cobertura reduziram a zero os abusos cometidos em distintos lugares além dos que foram realizados por sacerdotes católicos. Nesta linha critica que o jornal tenha enterrado "muito profundamente" a cobertura de qualquer outro tipo de casos.
Seguidamente o ex-editor adverte que o NYT "exercita um poderoso magistério ou autoridade de ensino através de sua mesa editorial. Não há tema, local ou global, no qual estes (usualmente anônimos) escritores não se pronunciem com uma espécie de ‘nós’ papal".
Para K. Woodward, embora o "Times, claro está, não alegue falar de modo infalível em seus juízos sobre eventos atuais, para os seus crentes ortodoxos, seus editoriais carregam o peso da sagrada escritura liberal".
Em sua opinião, o atual editor executivo do New York Times, Bill Keller, é um católico "colapsado": em sua posição, Keller "é agora responsável pelas jornalisticamente questionáveis notícias de primeira-página que tentam, sem resultados tornar o Papa pessoalmente responsável no escândalo dos clérigos abusadores. Aparentemente ele pensa que Jeff Anderson proporcionou o equivalente eclesiástico ao Pentágono em questão de documentos".
Depois de comentar que não considera que estes casos sejam apenas algo mediático, pois não haveriam estas notícias se efetivamente os casos de abusos não tivessem ocorrido, Woodward precisa que "acredito que o Times criou sua própria versão do escândalo como se tivessem descoberto algo novo".
"Não o fizeram –conclui Woodward– e até que o façam, seguirei discrepando dos ataques à Igreja do New York Times".
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