30 de abril de 2024 Doar
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Diretor agnóstico do Il Foglio: A Igreja não pode renunciar a ser quem Ela é

Giuliano Ferrara é o diretor do jornal italiano IL Foglio. Ele se declara liberal e agnóstico. Nestes dias escreveu um artigo intitulado "A carne e o Padre Murphy" no qual comenta a campanha de mídia do New York Times contra o Papa Bento XVI e explica que a Igreja não pode renunciar a ser quem é, a seus critérios nem à sua maneira de atuar ante o pecado do homem, que o mundo não compreende.

Ferrara começa o artigo relatando algo do caso do Padre Lawrence C. Murphy que nos Estados Unidos abuso de vários menores surdos confiados a ele em Milwaukee. Explica como o então Cardeal Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, não encobriu o caso mas o tratou como devia, de igual maneira o seu secretário, o então Arcebispo Tarcisio Bertone; e entretanto se usou de "modo simplesmente escandaloso, como escandalosa é a síntese do artigo e os comentários do New York Times".

O diretor do Il Foglio explica logo que estes ataques procuram "transformar a Igreja Católica, secularizá-la a fundo e induzi-la a comportar-se em pleno acordo com critérios mundanos que são em parte estranhos a ela". Se o caso não fosse usado assim, afirma, "poderia ser utilizado para entender como estão realmente as coisas, sem perder-se em detalhes inúteis".

"Os radicais querem uma Igreja democratizada e submetida plenamente pelas leis do estado, sem espaço para seu ‘sinistro’ teatro do divino e do culto e da ‘repressiva e supersticiosa’ cura de almas. Os liberais, pelo menos de tom e método, como procuramos ser nós no Il Foglio, acreditam em uma Igreja e um Estado livre, em uma Igreja que tem direito à palavra, de ação, de educação e de autogoverno. E que sobre tudo tem direito também ao próprio ponto de vista ao distinguir, sagrado princípio liberal, entre pecado e delito", diz Ferrara.

Para o diretor do Il Foglio, "a Igreja faz bem, no marco da carta do Papa ao clero irlandês, em colocar hoje o acento sobre a culpa também legal constituída pelos comportamentos pedófilos, e a proclamar com muita assertividade que os sacerdotes que traíram a confiança das crianças ou rapazes ou moças devem responder seja diante de Deus ou dos tribunais civis".

Ferrara assinala logo que "provavelmente a Igreja deverá dotar-se de instrumentos inspectivos e canônicos, ligados à Congregação para a Doutrina da Fé, que realizam uma eficaz cooperação com os órgãos do direito comum".

"Mas não acredito que os laicos crentes, as irmãs, os sacerdotes, os bispos, os canonistas, os teólogos, os prefeitos de cúria e os Papas poderão jamais renunciar a tratar o pecado como pecado, e ao arrependimento como porta aberta ao perdão e à expiação cristã, para transformar-se em máquinas de burocracia penal ao serviço dos tribunais, que devem por sua parte indagar sobre os delitos e sancionar os crimes", afirma.

Para Giuliano Ferrara "a Igreja deveria começar a dizer isto sem complexos, explicando que sua identidade, no núcleo mais profundo, está ligada a uma idéia do pecado que está individualizada, atua caso por caso, não suporta as leis iguais e indiferentes à alma de cada um, típicas do direito positivo".

"A Igreja deveria dizer abertamente que o castigo penal, legítima aspiração dos tribunais do estado aos quais o clero pode oferecer cooperação, é, contudo nulo, é um grão de areia disperso no vento; frente ao mecanismo de imputação divina que leva à consciência do pecado, ao livre arrependimento em consciência, à expiação e ao perdão ou absolvição do especialíssimo direito que se realiza na cura de almas".

Finalmente Ferrara assinala que "a Igreja tem seu modo de castigar, julgar, considerar e ver o homem no pecado e o pecado no homem: um modo peculiar ao qual em nenhum caso pode renunciar. Trata-se da tutela e a defesa de um critério, meio humano e meio divino, que é a pedra angular do cristianismo que já tem dois milênios. A Igreja não pode renunciar à noite do “Innominato”: não restaria dela pedra sobre pedra".

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