ROMA, Jun 10, 2008 / 17:58 pm
Augusto Pessina, Professor da Universidade de Milão e Presidente da Associação Italiana Colture Cellulari, descreve em um acertado artigo como a absolutização da investigação biomédica faz acreditar na sociedade que tudo é possível, que a partir dela se pode distinguir entre o bem e o mal; e como esta tira recursos a iniciativas que sim poderiam dar resultados para aliviar a saúde de muitos.
Em um artigo titulado "Embriões quimera e horizontes da bio-medicina, o progresso científico deve definir o bem e o mal" publicado em L'Osservatore Romano, Pessina lembra que a recente aprovação na Inglaterra da investigação com embriões híbridos humano-animais demonstra que "a assim chamada 'bio-medicina' está doente também de uma patologia grave e, se não se curar, produzirá danos irreparáveis".
"O primeiro sintoma da patologia está já dentro do ambíguo termo 'bio-medicina' que no imaginário coletivo se converteu em uma espécie de 'zona franca', onde parece ser possível fazer de tudo", precisa.
Depois de denunciar a "sacralidade médica" que rodeia à investigação científica, o professor da Universidade de Milão destaca que "a medicina parece perder cada dia consciência sobre sua verdadeira tarefa que é a de curar ao homem da enfermidade, quando for possível, ou aliviar seus sofrimentos e acompanhá-lo até a morte digna quando a cura não seja já possível".
"A medicina pode e deve utilizar todos os conhecimentos biológicos sempre e quando não anularem sua missão e o respeito da dignidade humana", explica.
Logo depois de assinalar que "a ciência biomédica está hoje proposta e se percebe como o 'máximo bem' para o homem ao que lhe parece prometer não só a saúde –que por outro lado não está em posição de garantir– mas também uma sorte de 'salvação'", o perito italiano afirma que em meio desta confusão "já não é o bem ou o mal o que define se o passo que se realiza é realmente um progresso para o homem, mas é o progresso o que estabelece o que é bom ou mau para o homem mesmo".
Seguidamente Pessina descreve que "um homem que reflete honestamente, encontra, ao final da própria experiência, independentemente de seu bem-estar social, econômico, raça ou religião, uma resultante última e comum: a percepção do 'limite' e a impotência de cara à dor e o mal".
"Experiência que se pode negar somente percorrendo à ilusão irracional de que se trata de uma condição transitiva que a ciência e a tecnologia estarão à altura de eliminar. Uma simples questão de tempo, e logo os limites e as necessidades de hoje serão superados e resolvidos, o progresso mesmo nos ajudará a superar todas as dependências", prossegue.
"É então que a assim chamada 'ciência biomédica' tomou corpo de utopia, que destrói todo construtivo realismo até conduzir a investir milhões de euros para investigações, não só aberrantes, mas também 'inúteis', como estas dos híbridos. Com elas se promete (amanhã) soluções a tudo e, enquanto isso, diminuem-se recursos às investigações e intervenções que, mais realistamente, poderiam ao menos melhorar em pouco tempo muito da prática médica".
Para Pessina, "a crueldade das utopias está no fato que, permanecendo sempre no amanhã, negam uma possível experiência positiva de humanidade hoje, destruindo assim a possibilidade de fazer experiência da esperança mesma".
"A esperança vive e é alimentada em um presente vivido com a consciência de que a vida tem um significado hoje. É reconhecer a necessidade de que um homem vive 'no hoje' o que força à razão a procurar um sentido ao que acontece agora e que não depende de mim. O amanhã se pode vender como um software aonde tudo é virtual, mas o jogo só ajuda a esquecer a urgência hodierna de significado", denuncia.
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