O Bispo Auxiliar de Caracas (Venezuela), Dom Jesus Gonzalez de Zárate, assinalou que no dia 29 de janeiro um grupo de partidários do governo de Nicolás Maduro se dirigiu à igreja São Pedro Claver e protestou contra o Episcopado, enquanto o Prelado celebrava a Missa com as crianças da primeira comunhão e com os jovens da crisma.

Em declarações a ‘Reporte Católico Laico’, Dom Zárate relatou o que havia acontecido no domingo neste templo localizado na urbanização 23 de Janeiro.

Naquele dia, o representante da MUD, Jesús Torrealba, disse através da sua conta no Twitter que a igreja havia sido “rodeada e tomada” por “paramilitares oficialistas chamados de coletivos”. “Os oficialistas violentos fecharam as portas, impediram a saída dos paroquianos e os obrigaram a escutar um discurso político”, acrescentou.

O Prelado relatou que, nesse domingo, “no final da celebração, (os coletivos) se reuniram na porta da igreja e, em seguida, começaram a fazer o seu protesto a favor do governo e contra as posições tomadas pela Conferência Episcopal Venezuelana sobre a realidade do país”.

Além disso, queriam que o bispo e o pároco, Pe. Ángel Tornero, os escutassem. “Eles também pediram às pessoas que permanecessem no local. Um dos irmãos interrompeu e pediu que todos ficassem tranquilos e respeitassem a celebração que aconteceu normalmente”.

“Depois da Missa, mudamos os nossos planos e a procissão do Santíssimo Sacramento foi realizada dentro da igreja e não do lado de fora como havia sido planejada, porque seria inconveniente depois do que tinha acontecido”, acrescentou.

Dom Gonzalez indicou que “os coletivos permaneceram na entrada e no final de todas as atividades previstas para esse dia, fizeram suas abordagens. Logo depois, eu intervi, fazendo-os ver a necessidade de recorrer a vias de diálogo, de respeito e que, de maneira nenhuma, a Igreja os excluía do reconhecimento de todos, da diversidade de posições”.

“Suas maiores criticas foram acerca da posição que os bispos e o pároco tiveram em relação à situação do país. Por isso, exigiram a renúncia do Pe. Ángel Tornero, pároco da igreja São Pedro Claver”.

“Foi-lhes dito que quando tivessem alguma reclamação, fizessem pelas vias ordinárias. Houve um momento de grande tensão, mas, ao mesmo tempo, foi um momento em que os fiéis mostraram sua confiança em Deus. Estavam em uma atitude de fé e também ofereceram uma grande solidariedade ao Bispo e aos sacerdotes”.

Entretanto, advertiu que “é possível imaginar que, concatenando-se esse tipo de incidentes, pequenos mas contínuos em torno das igreja, vai se criando um tipo de prática reiterada com a finalidade de intimidar os fiéis e bispos”.

Sobre a informação que circulou de que os coletivos “se expressaram com de modo desdenhoso sobre a Conferência Episcopal” e “mantiveram os presentes fechados enquanto pronunciavam seus discursos”, o Prelado assinalou que não sabe “se fecharam a porta da primeira entrada, mas a do templo não. Dali, gritaram seus protestos e dentro da igreja, sim, foram um pouco respeitosos, embora suas palavras foram beligerantes, pois eles estavam querendo expor seus pontos de vista”.

Disso que os grupos chavistas pediram “o pároco seja removido do seu ofício, porque, segundo eles, não está na mesma sintonia da paróquia do 23 de Janeiro e deles próprios”. “Evidentemente, isso é uma visão parcial, não representa o conjunto da paróquia que habitualmente recorre a esta igreja, nem significa nenhum juízo em outro sentido sobre a atuação pastoral do sacerdote”, esclareceu o Bispo.

Nesse sentido, ante a pergunta se a igreja considerará destituir o Pe. Tornero, o Prelado assinalou que “não esta questão não está sendo pensada”.

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