A Editora San Pablo na Venezuela alertou os fiéis sobre a circulação de um falso folheto “Hoja del Domingo” – no qual se difundem o Evangelho e meditações –, com o objetivo político de promover a Assembleia Constituinte do presidente Nicolás Maduro.

“A Editora San Pablo torna de conhecimento público que está circulando um folheto com conteúdo político da Constituinte que acontecerá no dia 30 de julho, o qual usurpa o nome, modelo e tipo de letra de ‘Hoje del Domingo’ que é distribuído em grande parte das igrejas na Venezuela, o qual por mais de 50 anos só faz um serviço pastoral aos paroquianos católicos. Fazemos um chamado a estar atentos e não se deixar enganar”, expressa.

A denúncia foi difundida através das redes sociais da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV).

O texto do falso folheto dominical afirma que “é importante insistir, insistir, recordar sempre que o processo constituinte não terminou. Não se trata de que tenha passado uma assembleia constituinte e se tenha aprovado uma Constituição. Não! O processo constituinte é permanente, é como a Revolução permanente, é uma revolução dentro da Revolução e sempre é preciso estar revisando a Constituição”.

Apesar da forte oposição nas ruas, o governo realizará no dia 30 de julho a votação para eleger os 545 membros da Assembleia Constituinte que substituirá o atual Parlamento e reformará a Carta Magna promulgada por Hugo Chávez em 1999.

No dia 10 de julho, os bispos enviaram uma carta a Maduro para lhe pedir que retire a convocação de uma Constituinte e que reconheça “a autonomia dos poderes públicos”, particularmente da Assembleia Nacional – controlada pela oposição – e da Procuradoria Geral da República, cuja representante Luisa Ortega Díaz lançou nos últimos meses duras críticas ao regime.

Dois dias depois, a CEV publicou um comunicado no qual assinalou que a crise que o país sofre há vários anos se agravou nos últimos meses com o projeto de Maduro de convocar uma Constituinte que é “questionada e rechaçada pela maioria do povo venezuelano”.

A Constituinte de Maduro, advertiram os bispos, “pretende impor ao país um regime ditatorial”, pois “teria um poder supraconstitucional com o propósito de eliminar os atuais órgãos do Estado, principalmente a Assembleia Nacional, eleita legitimamente pelo povo”.

“Tudo deixa entrever que o que se busca é instaurar um Estado socialista, marxista e militar com a desapropriação da autonomia dos poderes, especialmente o legislativo”, advertiu a CEV.

Em seu comunicado, os bispos também denunciaram a violenta repressão exercida contra os manifestantes que há mais de três meses protestam nas ruas e que só contribui “para criar um clima de tensão e anarquia, com suas perigosas consequências”.

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