O porta-voz da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, assinalou esta tarde em Roma que “o Vaticano está procedendo sem incertezas no caminho da transparência e da boa administração”.

O diretor da Sala de Imprensa deu estas declarações através da página da Rádio Vaticano (que foram enviadas à imprensa) por razão da próxima publicação de dois livros escritos pelos jornalistas italianos Luigi Nuzzi e Emiliano Fittipaldi, cujo conteúdo são documentos roubados e gravações das conversas privadas entre o Papa Francisco e seus colaboradores, falando sobre as finanças da Igreja.

“A publicação de dois livros que têm como argumento instituições e atividades econômicas e financeiras do Vaticano é objeto de curiosidade e de comentários difundidos”, diz Pe. Lombardi. “Uma boa parte daquilo que foi publicado é o resultado de uma divulgação de notícias e documentos reservados e, portanto, de uma atividade ilícita que está perseguida penalmente por decisão das autoridades vaticanas competentes”.

Deste modo, “a publicação de uma grande quantidade de informações diferentes, a maioria relacionada com uma fase de trabalho já superada, sem a necessária possibilidade de aprofundar e avaliar de maneira objetiva, parece em seu lugar o resultado – infelizmente provocado – por gerar a impressão contrária, de um estado de permanente confusão, de falta de transparência ou da busca de interesses particulares ou incorretos”.

Neste sentido, recordou que “o caminho da boa administração, da correção e da transparência continua e avança sem incertezas. Esta é, evidentemente, a vontade do Papa e não falta no Vaticano quem colabore com ela, em plena lealdade e com todas as suas forças”, assegurou o porta-voz.

A respeito do conteúdo das obras, o porta-voz explicou que “se pode dizer que grande parte destas são informações já conhecidas, embora a maioria com menos amplitude e detalhe, mas, sobretudo, observa-se que a documentação publicada é, em sua maior parte, relacionada a um notável compromisso de recolher dados e informações iniciados pelo próprio Santo Padre, a fim de desenvolver um estudo e uma reflexão de reforma e de melhorar a situação administrativa do Vaticano e da Santa Sé”.

Por outra parte, o Pe. Lombardi explica que não se trata "em sua origem, informações obtidas contrárias a vontade do Papa ou dos responsáveis pelas distintas instituições, mas, em geral, são informações obtidas ou subministradas com a colaboração dessas mesmas instituições, a fim de cooperar em um objetivo positivo e comum".

Por sua vez, recordou que uma destas duas instituições, conhecida como COSEA, a Comissão de Estudo das estruturas econômicas e organizativas da Santa Sé, que foi instituída pelo Papa Francisco em 18 de julho de 2013.

Neste sentido, indicou que “uma grande quantidade de informações deste gênero é estudada, compreendida e interpretada com cuidado, equilíbrio e atenção. Normalmente, existem possíveis leituras diversas a partir dos mesmos dados”, reconheceu.

Um dos temas mais mencionados nos livros é sobe os bens materiais da Igreja. “Bens que em conjunto são muito grandes, têm na realidade a finalidade de sustentar no tempo a atividade de serviço de muitíssimas gestões da Santa Sé ou instituições conectadas, em Roma ou outras partes do mundo”.

“As origens das propriedades destes bens são várias e há muito tempo estão à disposição; como também os instrumentos adaptados para conhecer a história e os desenvolvimentos”.

Outro dos temas com os que polemiza o livro é o destino dos donativos recolhidos a cada ano no conhecido Óbolo de São Pedro (donativos dos fiéis do mundo inteiro).

O Pe. Lombardi explica que “suas tarefas são várias, também segundo as situações, segundo o juízo do Papa, a quem o Óbolo é dado com confiança pelos fiéis a fim de sustentar seu ministério”.

“As obras de caridade do Papa para os pobres são certamente uma das finalidades essenciais” e o Pontífice “pode avaliar as urgências e o modo de responder a cada uma delas, à luz de seu serviço para o bem da Igreja universal”.

Pe. Lombardi assegura que “o serviço do Papa abrange também a Cúria romana, suas iniciativas fora da Diocese de Roma, a comunicação de seu magistério para os fiéis em diferente partes do mundo também pobres ou afastadas, o apoio às 180 missões diplomáticas da Santa Sé no mundo inteiro, que servem às Igrejas locais e intervêm como os principais agentes a fim de distribuir a caridade do Papa nos diversos países, assim como seus representantes ante os governos locais”. Enfim, “a história do Óbolo mostra tudo com claridade”.

Sobre os dois livros e as informações que contêm, assinalou que “com o passar do tempo estes temas retornam periodicamente, mas sempre gera curiosidade e muitos comentários”.

“Seria necessário ter a seriedade para aprofundar as situações e os problemas específicos, para reconhecer o muito que é completamente justificado, normal e bem administrado” e distinguir onde estão os inconvenientes que devem ser corregidos, a escuridão que deve ser iluminada, os comportamentos errados ou ilegalidade que precisam ser eliminados.

O porta-voz do Vaticano recorda também que o caminho de reformas iniciado pelo Papa Francisco é um trabalho “difícil e complexo”.

Por último, esclareceu que o Escritório do Promotor de Justiça do Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano, por motivo de um relatório da Autoridade de Informação Financeira, em fevereiro de 2015, começou a investigar uma série de operações de compra e venda de títulos e transações por parte de Gianpietro Nattino, um banqueiro italiano que aproveitou da administração do Patrimônio da Santa Sé para lavar dinheiro.