A Diocese de Brescia, na Itália, anunciou em 23 de outubro que a Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) no Vaticano informou em julho que Tomslav Vlasic, ex-sacerdote e ex-diretor espiritual dos “videntes” de Medjugorje, incorreu em excomunhão.

Vlasic, que vive em Brescia, foi expulso do estado clerical em 2009, há 11 anos. Naquela época, estava sob suspeita de "heresia e cisma" e foi acusado de "propagar doutrinas questionáveis, manipular consciências, misticismo suspeito, desobediência às ordens legítimas e desacato contra o sexto mandamento", que ordena não cometer atos impuros.

Também se apresentava como diretor espiritual dos "videntes" e assinalava que a Virgem Maria os visitou pelo menos 40 mil vezes.

A Diocese de Brescia informou em um comunicado que o decreto da CDF “declarou que o Sr. Vlasic incorreu na pena de excomunhão”, que só pode ser levantada pela Santa Sé. Isso aconteceu porque, nestes anos, Vlasic “nunca cumpriu as proibições que lhe foram impostas no preceito penal canônico emitido em relação a ele pela mesma Congregação em 10 de março de 2009”.

Quando foi expulso do estado clerical, foi proibido a Vlasic o trabalho apostólico e a formação, especialmente com relação a Medjugorje.

“De fato – prossegue o comunicado –, nestes anos na Diocese de Brescia e em outros lugares, (Vlasic) seguiu desenvolvendo atividades de apostolado perante indivíduos e grupos através dos meios informáticos, seguiu se declarando religioso e sacerdote da Igreja Católica, simulando a celebração de sacramentos inválidos, continuou suscitando grave escândalo entre os fiéis, com atos gravemente prejudiciais à comunhão eclesial e à obediência à autoridade eclesiástica”.

Com a excomunhão, Vlasic fica explicitamente proibido de "participar de qualquer forma como ministro na celebração da Eucaristia ou de qualquer outra cerimônia de culto público, celebrar sacramentos ou sacramentais ou receber os sacramentos, exercer funções ou ministérios ou encargos eclesiásticos quaisquer que sejam, ou realizar atos de governo”.

Finalmente, o comunicado especifica que, se “o senhor Vlasic quisesse participar da celebração da Eucaristia ou de qualquer ato de culto público, deveria ser afastado ou a ação litúrgica interrompida, se isso não se opõe a uma causa grave”.

Medjugorje

Em maio de 2019, o Papa Francisco autorizou a organização de peregrinações ao santuário mariano de Medjugorje, na Bósnia Herzegovina, desde que não impliquem um reconhecimento das supostas aparições, uma vez que ainda estão em estudo pelo Vaticano.

As supostas aparições começaram em junho de 1981, quando seis crianças asseguraram experimentar fenômenos que seriam aparições da Virgem Maria com uma mensagem de paz para o mundo, um chamado à conversão, à oração e ao jejum, assim como certos segredos que cercam acontecimentos futuros.

Além disso, diz-se que três das seis crianças que agora são jovens adultos continuam recebendo aparições todas as tardes porque não foram revelados todos os "segredos" que lhes foram propostos.

Desde seu início, as supostas aparições têm sido fonte de controvérsia, mas também de conversão. Em janeiro de 2014, uma comissão do Vaticano, presidida pelo Cardeal Camillo Ruini, concluiu uma investigação de quase quatro anos sobre os aspectos doutrinários e disciplinares das supostas aparições de Medjugorje e apresentou um documento à CDF que ainda está em estudo.

Quando a Congregação terminar seu trabalho, enviará um relatório ao Santo Padre e ele tomará a decisão final.

Segundo disse o Papa Francisco em maio de 2017, durante o voo de volta a Roma após sua visita a Fátima, o documento em estudo faz uma distinção entre as primeiras aparições marianas em Medjugorje e as posteriores.

Sobre as "supostas aparições atuais", disse Francisco, "o relatório tem suas dúvidas".

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

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