O Arcebispo de Los Angeles (Estados Unidos), Dom José Gómez, afirmou que é imprescindível que “mantenhamos a unidade familiar no coração da nossa política migratória”.

Assim indicou o Prelado de origem mexicana em um artigo publicado em 13 de fevereiro, intitulado ‘Debatendo a reforma migratória’, no qual afirma que “a família vai além de só o pai, a mãe e os irmãos. Também inclui os tios, as tias e os primos”.

“Em toda a história dos Estados Unidos, a imigração sempre foi algo mais do que simplesmente economia. Sempre trataram das famílias e não dos indivíduos. A migração baseada na família serviu de forma maravilhosa ao nosso país, pois as famílias de migrantes desenvolveram bairros, igrejas e instituições vivas em todo o país”, ressalta o Arcebispo.

Em sua opinião, “receber as famílias permitiu ao país integrar as gerações de migrantes no tecido da vida norte-americana, permitindo-lhes contribuir com a sua fé, os seus valores e talentos para tornar grande o nosso país”.

O Arcebispo publicou sua coluna em ‘Angelus News’, da Arquidiocese de Los Angeles, quando o Congresso dos Estados Unidos debate uma solução possível para a decisão do presidente Donald Trump de encerrar o programa de Ação Diferencial para Chegados na Infância (DACA, na sigla em inglês).

O prazo para uma solução terminará no próximo dia 5 de março e tem cerca de 800 mil imigrantes indocumentados que correm o risco de ser deportados.

O DACA é uma ordem executiva assinada por Barack Obama que entrou em vigor em 15 de junho de 2012.

Seu objetivo é proteger imigrantes indocumentados que chegaram ao país antes de completar 16 anos e que permaneceram por mais de cinco anos.

Embora não seja uma lei que proporcione status legal, o DACA protege contra a deportação e dá acesso à permissão de trabalho.

O Prelado assinala em seu artigo que “é cruel que os nossos políticos usem os jovens como ‘peças de troca’. E esta não é a maneira de uma grande nação fazer política em um tema crucial como a migração”.

Além disso, o Arcebispo explica que o debate sobre as políticas migratórias se enquadra no recente Discurso da União do presidente Trump, no qual indicou algumas medidas a serem tomadas, como fortalecer a segurança da fronteira, acabar com a loteria de vistos e restringir a imigração baseada na família.

Depois de explicar que concorda com alguns temas gerais, como a segurança, mas “não concorda com muitas das coisas específicas do plano do presidente Trump”, o Arcebispo de Los Angeles manifestou a esperança de que membros do Congresso e ativistas “finalmente possam comprometer-se” para “mostrar compaixão por aqueles que chegaram aqui buscando uma vida melhor”.

“Nos últimos 30 anos vi ambos os partidos”, republicanos e democratas, “explorar este tema a fim de conseguir uma vantagem política. Isso só provocou uma maior divisão e polarização da nossa política. E o nosso povo ainda continua sofrendo e causou muita dor. E o nosso sistema de migração ainda continua quebrado”, lamenta o Arcebispo.

O Prelado também sublinha que “seria inconsciente permitir que este momento passe e corramos o risco de um pesadelo humanitário de mais de um milhão de jovens sendo deportados e vendo as suas famílias quebradas. Não existe um objetivo político que possa justificar isso”.

Entretanto, Dom Gomez assinalou que o debate atual mostra que “os nossos líderes reconhecem o que lhes dizemos durante muitos anos: não importa como essas pessoas entraram no país. São irmãs e irmãos que tentam fazer a sua própria contribuição ao sonho americano”.

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