Mais pessoas precisam conhecer o Beato Titus Brandsma, sacerdote holandês, e sua morte heroica em um campo de concentração nazista, segundo um padre da Flórida (Estados Unidos), que afirmou que a sua intercessão levou a uma cura milagrosa do câncer.

“Ele era ousado. Ele era corajoso”, disse Pe. Michael Driscoll, de 76 anos à CNA, a agência em inglês do Grupo ACI.

“Ele sabia que, quando estava no púlpito, havia pessoas entre os fiéis que contavam para os nazistas sobre o que ele estava dizendo. Mesmo assim, ele continuava”.

Pe. Driscoll enfrentou as suas próprias lutas. Ele foi diagnosticado com melanoma avançado em 2004. Pouco tempo depois, alguém lhe deu um pequeno pedaço do terno preto do beato Brandsma, que o sacerdote norte-americano colocava todos os dias cabeça.

Ele passou por uma cirurgia importante, na qual os médicos removeram 84 gânglios linfáticos e uma glândula salivar. Logo depois, fez um tratamento de radiação durante 35 dias.

Entretanto, devido ao câncer, tinha poucas possibilidades de sobrevivência: de 10 a 15% depois de 10 anos.

Em um comunicado publicado em 13 de dezembro de 2017, a Diocese de Palm Beach anunciou que “os médicos asseguraram que o câncer do Pe. Driscoll desapareceu e disseram que o seu bom estado de saúde nos últimos 12 anos desafia todas as probabilidades”.

“Asseguraram que a sua cura e recuperação do câncer no estágio 4 não pode ser explicado medicamente”.

O suposto milagre poderia levar à canonização do Beato Titus Brandsma e a Diocese de Palm Beach, onde Pe. Driscoll é sacerdote já aposentado, enviou as suas descobertas e evidências ao Vaticano, em dezembro do ano passado.

Pe. Brandsma, sacerdote carmelita holandês, foi professor, jornalista e um grande crítico da ideologia nazista. Depois que os nazistas ocuparam o seu país, em maio de 1940, perseguiram os cidadãos judeus e impuseram fortes restrições aos demais.

O sacerdote defendeu a liberdade de educação e a imprensa católica contra as pressões nazistas.

Devido em parte ao seu rechaço em expulsar as crianças judias das escolas católicas e porque era contra a propaganda nazista obrigatória nos jornais católicos, foi preso pelos nazistas em janeiro de 1942.

Finalmente, enviaram-no ao campo de concentração de Dachau, na Alemanha, onde se uniu aos 2.700 sacerdotes que estavam lá, sofrendo condições desumanas e abusos.

Como somente os sacerdotes alemães estavam autorizados a celebrar Missa no campo de concentração, eles levavam escondidos a Eucaristia para Pe. Brandsma, para que pudesse entregá-la a vários presos.

“Ele percorria o local encorajando outros presos e também lhes dava a Eucaristia”.

Pe. Brandsma, que sempre teve um estado de saúde frágil, foi enviado ao hospital da prisão.

Segundo Pe. Driscoll, uma enfermeira aplicou a injeção letal no Pe. Brandsma em 26 de julho de 1942 e ele morreu imediatamente. Os seus restos foram cremados. Ele tinha 61 anos.

Uma enfermeira que estava de plantão no dia da morte do sacerdote testemunhou depois que a Gestapo, a polícia secreta nazista, havia ordenado a sua morte.

“Antes de morrer, ele entregou o seu terço para essa pessoa, era um terço muito primitivo”, e “pediu-lhe para que rezasse o terço. Ela se recusou, disse que não sabia como rezar e que já não era crente”.

“Ele disse que tudo o que precisa fazer é rezar em cada pedrinha ‘rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte, Amém’. E somente continuar dizendo ‘rogai por nós, pecadores, rogai por nós pecadores’. E isso é suficiente”, recordou Pe. Driscoll.

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Pe. Brandsma foi beatificado em novembro de 1985 como um mártir da fé.

Segundo Pe. Driscoll, a vida do sacerdote holandês ensina a “anunciar o Evangelho com audácia, força e a não ter medo”.

Pe. Mario Esposito, sacerdote carmelita de Nova York e vice postulador da causa, disse ao ‘Sun-Sentinel’ que ele não conhece outros milagres atribuídos ao Padre Brandsma que estejam sendo investigados.

“Esperamos que isso possa ser, mas existem padrões muito rígidos, e Roma investigará este caso com um pente fino”, disse Pe. Esposito.

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