Na tarde da última terça-feira, 2 mil pessoas acompanharam o enterro de Irmã Dorothy Stang, missionária norte-americana naturalizada brasileira assassinada a tiros por pistoleiros no dia 12 no município de Anapu, Estado do Pará. A religiosa foi sepultada em uma chácara da Igreja Católica, às margens do Rio Anapu, afluente do Rio Xingu.

Nesse mesmo dia as Conferência dos Religiosos do Brasil, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Via Campesina, organizaram um ato ecumênico em memória da missionária.

A celebração, que ocorreu no saguão da Assemléia legislativa do Pará, contou com a presença de religiosos, deputados e representantes de movimentos sociais.

Durante o ato foi lembrado o o exemplo da irmã norte-americana, de 73 anos, que atuava em Anapu em defesa dos pequenos agricultores e da Floresta Amazônica, e contra a violência promovida pelo latifundio na região.

"A morte dela estava marcada há tempo, mas ela não recuou", lembrou a CPT em nota distribuída no ato. O nome da irmã constava em lista da CPT, distribuída anualmente às autoridades da região. Dados da própria CPT sobre os conflitos no campo revelam que 1349 pessoas morreram entre 1985 e 2003.

De acordo com o jornalo Estado de São Paulo, o momento de maior comoção ocorreu durante a homenagem prestada por representantes dos movimentos sociais de Anapu, na missa de sepultamento, celebrada por Dom Erwin Kräutler, Bispo Prelado de Xingu.

O líder comunitário João dos Santos, que acompanhou o trabalho de Irmã Dorothy por 23 anos, lembrou o modo despojado com que a religiosa atuava nas comunidades carentes da região, trajando camiseta, tênis e uma mochila nas costas, na qual carregava o que ela mesma chamava de sua arma, a bíblia.