O Cardeal André Vingt-Trois, Arcebispo de Paris e Presidente delegado do Sínodo dos Bispos, iniciou suas sessões nesta manhã e afirmou que os que esperam como resultado deste importante evento eclesial uma mudança “espetacular” na doutrina católica ficarão decepcionados.

Assim o indicou o Cardeal francês durante a primeira coletiva de imprensa realizada na Sala de Imprensa do Vaticano, no primeiro dia das sessões dos Padres Sinodais provenientes mundo inteiro.

Respondendo uma das perguntas dos jornalistas, o Cardeal afirmou que “se veio à Roma com a ideia de que voltará com uma mudança espetacular na doutrina da Igreja, voltará ao seu país desiludido”.

“Não é necessário ter a assembleia sinodal para afirmá-lo, basta escutar o Papa semana após semana, durante as audiências das quartas-feiras”, adicionou.

“Em segundo lugar: se você imaginou apenas por um instante que a teoria que o Cardeal Kasper elaborou há vinte anos (sobre a Eucaristia para os divorciados em nova união) e que ele atualizou no ano passado, abriria um acesso a comunhão sem que façam reflexões e (o tema) da decisão pessoal, então você se equivoca”.

“Não é necessário que o Sínodo recomende ao Papa uma disposição geral que evitará confrontar o tema da liberdade pessoal e a responsabilidade individual das pessoas. Se houver um caminho de abertura, este supõe um esforço e, portanto, essa liberdade pessoal”.

“Acho que devemos ser sinceros com vocês (a imprensa) a fim de evitar que nos perguntem amanhã e recebam a mesma resposta que lhes estamos dando agora”.

A respeito do tema da doutrina, o Cardeal Peter Erdö, Relator Geral do Sínodo, explicou que “desde a época do Cardeal John Henry Newman, temos uma visão suficientemente clara daquilo que pode significar o desenvolvimento da doutrina cristã. Não se trata de um desenvolvimento sem limites, sem relação com a tradição, mas é um desenvolvimento orgânico que pode existir e que pode ser legítimo”.

“O órgão principal deste desenvolvimento é o pontificado romano, que com a ajuda do episcopado do mundo pode ser muito eficiente. Então, a ajuda neste sentido, algo que é sensato, é possível”, afirmou o Cardeal.

Por sua parte, o Arcebispo de Chieti-Vasto, Dom Bruno Forte, recordou que o Sínodo dos Bispos sobre a família “não é doutrinal, mas pastoral” e procura enfrentar as novas realidades, “os desafios ante os quais a Igreja não pode ficar insensível”.

“Esta é a verdadeira aposta do Sínodo, com responsabilidade e obediência em torno do Sucessor de Pedro”.

A respeito da pressão da mídia e da influência que pode ter no Sínodo, o Cardeal Vingt-Trois pediu para que seja feita uma distinção entre “os sinais dos tempos” e o “ar dos tempos’.

Para entender e compreender “os sinais dos tempos”, disse, é que os Padres sinodais se reuniram, com “total liberdade”.

O Cardeal explicou que os sinais dos tempos têm a ver com “a interpretação da realidade das coisas”, enquanto o ar dos tempos poderia ser compreendido como uma pressão midiática, por exemplo.

“Pessoalmente, não acredito que os padres estejam submetidos ao ar dos tempos, pois são completamente livres” para discutir acerca dos temas do Sínodo, ressaltou.

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