O Papa Francisco canonizou nesta quarta-feira o Padre José Vaz. Segundo o Santo Padre, o primeiro santo do Sri Lanka é um exemplo de missionário que saiu rumo às periferias para tornar Jesus conhecido e amado. “Sua obediência à vontade de Deus demonstra que a autêntica adoração de Deus leva, não à discriminação, ao ódio e à violência, mas sim ao respeito pela sacralidade da vida, ao respeito pela dignidade e a liberdade dos outros e a um solícito compromisso em prol do bem-estar de todos”.

A missa, que foi realizada no Galle Face Green, em Colombo, reuniu cerca de 500 mil fiéis. José Vaz foi beatificado há 20 anos por São João Paulo II, considerado por ele “o maior missionário que a Ásia já teve”. Durante a missa, as leituras litúrgicas e petições foram lidas em cingalês, a língua oficial do Sri Lanka.

Em sua homilia, o Papa Francisco enfatizou o zelo do novo santo, que, como muitos missionários, respondeu o mandamento do Senhor após a ressurreição “fazer discípulos entre todas as nações", com palavras e mais ainda com o exemplo de vida.

"Em São José Vaz vemos um sinal esplêndido da bondade e do amor de Deus para o povo do Sri Lanka, um incentivo a perseverar, crescer em santidade e testemunhar o Evangelho”, disse.

Francisco lembrou que por causa da perseguição religiosa em, ele vestia-se como um mendigo, cumpria os seus deveres sacerdotais encontrando secretamente os fiéis, muitas vezes durante a noite.

“Os seus esforços deram energia espiritual e moral à população católica assediada. Sentia uma ânsia particular de servir os doentes e atribulados. O seu ministério em favor dos enfermos, durante uma epidemia de varíola em Kandy, foi tão apreciado pelo rei, que lhe foi concedida maior liberdade de ministério. A partir de Kandy, pôde alcançar outras partes da ilha. Deixou-se consumir pelo trabalho missionário e morreu, exausto, aos cinquenta e nove anos de idade, venerado pela sua santidade.

Na homilia, o Papa também disse que o novo santo é um modelo para os cristãos, por muitas razões, mas se concentrou em três razões principais. Em primeiro, é que ele era um sacerdote exemplar.

“Hoje temos aqui muitos sacerdotes, religiosos e religiosas, que, como ele, estão consagrados ao serviço do Evangelho de Deus e do próximo. Encorajo cada um de vós a olhar para São José como para um guia seguro. Ensina-nos a sair para as periferias, a fim de tornar Jesus Cristo conhecido e amado por toda a parte. Ele é também um exemplo de sofrimento paciente por causa do Evangelho, de obediência aos superiores, de solícito cuidado pela Igreja de Deus. São José Vaz é um exemplo de paciência, alguém que sofreu por causa do Evangelho, a obediência aos superiores, de interesse para a Igreja de Deus de amor", ressaltou.

Em segundo lugar, falou sobre a importância de transcender as divisões religiosas no serviço da paz.

“O seu amor indiviso a Deus abriu-o ao amor do próximo; gastou o seu ministério em favor dos necessitados, sem olhar quem fosse e onde estivesse. O seu exemplo continua a inspirar hoje a Igreja no Sri Lanka, a qual, de bom grado e generosamente, serve todos os membros da sociedade. Não faz distinção de raça, credo, tribo, condição social ou religião, no serviço que proporciona através das suas escolas, hospitais, clínicas e muitas outras obras de caridade. Nada mais pede do que liberdade para exercer a sua missão. A liberdade religiosa é um direito humano fundamental. Cada indivíduo deve ser livre de procurar, sozinho ou associado com outros, a verdade, livre de expressar abertamente as suas convicções religiosas, livre de intimidações e constrições externas. Como nos ensina a vida de José Vaz”, ensinou.

Em terceiro lugar, o Pontífice disse que São José oferece um exemplo de zelo missionário. “Deixando para trás a sua casa, a sua família, o conforto dos lugares que lhe eram familiares, ele respondeu à chamada para ir mais longe, para falar de Cristo onde quer que se encontrasse”, destacou.

O Papa afirmou que São José sabia como oferecer a verdade e a beleza do Evangelho num contexto plurirreligioso, com respeito, dedicação, perseverança e humildade.

“Este é, também hoje, o caminho para os seguidores de Jesus. Somos chamados a ir mais longe com o mesmo zelo, com a mesma coragem de São José, mas também com a sua sensibilidade, com o seu respeito pelos outros, com a sua ânsia de partilhar com eles a palavra da graça que tem o poder de os edificar. Somos chamados a ser discípulos missionários”.

Finalmente, o Papa pediu que os cristãos desta nação possam ser confirmados na fé para dar uma contribuição ainda maior para a paz, a justiça e a reconciliação na sociedade srilanquesa.

“Isto é o que Cristo espera de vós. Isto é o que São José vos ensina. Isto é o que a Igreja precisa de vós. Confio-vos todos à intercessão do nosso novo Santo, para que, em união com toda a Igreja espalhada pelo mundo inteiro, possais cantar um cântico novo ao Senhor e proclamar a sua glória até aos confins do mundo. Porque grande é o Senhor e mui digno de ser louvado. Amém", concluiu.

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