O Pe. Rebwar Basa, sacerdote iraquiano que participou do Meeting de Rimini, assinalou que a perseguição que os cristãos sofrem no Iraque nas mãos do Estado Islâmico (ISIS) deve ser definida como “genocídio” e exigiu que a comunidade internacional cumpra o seu dever de salvar o que “ainda é salvável” e proteger esta minoria religiosa.

“Sou um sacerdote iraquiano e conheço bem a situação dos cristãos no Iraque e seus grandes sofrimentos. Pelo que diz respeito ao Iraque, confirmo com firmeza que não só ‘pode’, como ‘deve’ ser definido como genocídio. E sublinho que a comunidade internacional deve cumprir seu dever de salvar aquilo que ainda é salvável, garantir a segurança dos cristãos e defender os seus direitos”, expressou ao Grupo ACI.

Entretanto, o Pe. Basa assinalou que, desde seu início, a Igreja no Iraque foi “uma Igreja mártir, que viveu um êxodo silencioso. Por isso, expressou seu desejo de que agora “que falam de perseguição”, passem à ação antes que seja tarde demais.

O sacerdote denunciou que há “uma séria intenção de apagar tudo o que nos une como cristãos” e, por isso, os terroristas islâmicos primeiro foram rotulados com a letra “n” árabe para marcá-los como nazarenos, “nossa identidade cristã”, e logo tiraram suas propriedades, violaram e venderam as mulheres como escravas, destruíram as igrejas ou as transformaram em mesquitas; além de outros crimes “simplesmente pela identidade cristã”.

Apesar disso, o Pe. Basa afirmou que “para nós é uma bênção ser perseguidos” por ser discípulos de Cristo. “Os cristãos no Iraque – com uma presença milenar – dão um exemplo muito concreto de como devemos seguir o Senhor Jesus, negando-se a si mesmos, carregando a sua cruz e seguindo-o”, assinalou.

Além disso, recordou que os cristãos do Oriente Médio têm um “papel indispensável” no diálogo entre as diversas culturas.

“Por exemplo: os cristãos mostraram ao mundo árabe a filosofia grega traduzindo do grego ao aramaico e do aramaico ao árabe. E hoje, mais do que nunca, têm este papel de fazer ponte entre o Oriente e o Ocidente, graças ao seu conhecimento do mundo árabe e muçulmano de um lado e da fé e, de outro lado, a cultura cristã compartilhada com o Ocidente”, explicou.

Durante a entrevista, o sacerdote também exigiu que seja “garantido o direito dos cristãos a existir e a viver uma vida digna como filhos de Deus e seres humanos”.

“É somente graças à Igreja local e universal que os cristãos perseguidos pelo autoproclamado Estado Islâmico conseguiram sobreviver durante estes dois anos”, junto com o constante apoio da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre, afirmou.

Nesse sentido, embora acredite que seja “muito difícil” um futuro para os cristãos no Iraque “se a situação continuar assim”, o sacerdote recordou que “para Deus nada é impossível”.

“Se os direitos humanos são respeitados e a liberdade religiosa é garantida para todos, os cristãos de hoje no Iraque não terão somente um futuro, mas muitos se converterão. Assim a famosa frase de Tertuliano ‘o sangue dos mártires é a semente dos cristãos’ poderá ser realizada nesta terra de perseguição”, assegurou.

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