Em 2015, o Papa Francisco lançou um apelo para que as paróquias da Europa acolhessem os refugiados, o qual foi atendido por diversas instituições católicas em Portugal, onde famílias fugidas dos conflitos no Oriente Médio encontraram “mãos amigas” que as ajudaram a começar uma nova vida.

Ao percorrer o Santuário de Fátima, por exemplo, é possível encontrar uma família do norte do Iraque, formada pelos pais e cinco filhos. Eles chegaram em julho de 2016, falando apenas árabe.

Quatro dias após chegarem, foi preparada uma equipe para ajudá-los com o português; as crianças foram logo matriculadas em uma escola e o pai começou a trabalhar nos jardins do Santuário.

“Estou muito grato ao Santuário por ter acolhido a minha família e me ter dado condições para poder viver aqui com ela em paz e com qualidade, até pelo meu emprego. O Santuário também faz parte da minha família e estou muito, muito agradecido ao Santuário e a Portugal”, expressou ao site da Diocese de Leiria-Fátima este pai de família.

De acordo com Joaquim Dias, membro da equipe que acolheu esta família iraquiana, sabe-se que “o percurso é um pouco longo, dada a história que carregam de quase três anos em fuga com sofrimentos, medos, perda dos seus bens, ficar separados dos seus familiares e amigos, etc., mas já se sentem bem”.

Para Dias, realizar este trabalho “vale a pena”. “Não há maior tesouro do que os sorrisos de cinco crianças ou o abraço que recebo todas as vezes que os visito”.

Outra entidade que abriu suas portas aos refugiados é a Misericórdia da Marinha Grande, pois, de acordo com um de seus membros, João Pereira, “as sucessivas e chocantes imagens passadas na televisão sobre as condições difíceis em que os refugiados atravessavam o mar e viviam nos campos da Grécia, rejeitados por alguns países europeus, despertou em nós um sentimento de forte solidariedade, a que um cristão não pode ser indiferente”.

Entre os refugiados que acolheram, está um casal de iraquianos vindos da Grécia, cuja mulher estava grávida. Conforme recordou Pereira, ao entrarem em sua nova casa, “perante o acolhimento recebido e o ambiente da sua futura residência, choraram de alegria e, em inglês rudimentar, só agradeciam insistentemente”.

“É uma experiência muito boa, que me enche de satisfação. Acolher alguém que vem da guerra, que refaz a sua vida, começa a sorrir e diz que nós somos a sua família, enche-nos a alma. É bom amar alguém sem esperar nada em troca”, garantiu.

Ainda na Diocese de Leiria, o iraquianos Ayoub e Chya e seus três filhos Rawand, Raviar e Rabin chegaram em maio deste ano, sendo acolhidos pela Cáritas Paroquial da Caranguejeira.

Ayoub já está trabalhando e os meninos estão bem integrados na escola e em um clube desportivo.

Embora diga que “não professa qualquer religião”, o pai desta família “tem participado de algumas celebrações religiosas e colaborado com alguns eventos da paróquia”, contou a presidente da Cáritas local, Fernanda Fernandes.

“Tem sido uma experiência muito enriquecedora, pois, apesar de algumas dificuldades, nomeadamente as burocracias necessárias para a legalização destas pessoas e a comunicação com elas, as alegrias superam tudo isso”, declarou Fernandes.

De acordo com ela, “para ver as pessoas felizes, vale a pena todo o esforço”.

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