Em meio ao mar de lama que causou destruição em Mariana (MG), no dia 5 de novembro, após o rompimento de duas barragens de rejeitos, um quadro de Santa Rita de Cássia reforça a fé dos moradores, que lutam para retomar suas vidas, no distrito de Paracatu de Baixo. O objeto permaneceu pendurado em uma parede cortada por rachaduras e um pouco acima da marca do lamaçal. A casa em que estava foi quase toda destruída. 

 

Segundo o jornal Estado de Minas, Paracatu de Baixo foi o segundo distrito mais devastado pelo rompimento das barragens de Fundão e Santarém, da empresa Samarco. Mas, o quadro de Santa Rita de Cássia, a padroeira das causas impossíveis, que permaneceu intacto, tem renovado o ânimo dos moradores.

A imagem fica na casa do irmão do lavrador Raimundo Gonçalves, de 48 anos. De acordo com o jornal, a casa quase foi abaixo, o telhado ficou dependurado, as paredes trincadas e a lama chegou à altura do queixo.

Mesmo diante desse cenário, o quadro da santa permaneceu onde estava, apenas um centímetro acima da altura em que a lama chegou. 

“É impressionante como só sobrou o quadro. É uma mensagem de Deus de que nossa fé não foi destruída pela lama”, disse Raimundo ao Estado de Minas.

Conforme indicou a publicação, o distrito de Paracatu de Baixo é uma das áreas atingidas pelo desastre onde os próprios moradores, agora desabrigados, se mobilizaram para resgatar juntos documentos, móveis, lembranças familiares. Trata-se de uma região onde a população partilha não só essa unidade, mas também a fé. Neste distrito é comum encontrar em cada casa um altar dedicado a um santo.

Em Missa pelas vítimas da tragédia, no dia 11 de novembro, o Arcebispo de Mariana recordou o caso de uma moradora da região atingida. “Encontrei uma senhora que se aproximou de mim e disse: 'Perdi tudo, só não perdi a fé'. Então, me lembrei da passagem da carta de São Paulo aos Romanos: ‘Nada pode nos separar do amor de Cristo’”, lembrou.

O desastre causado pelas duas barragens da Samarco teve início no dia 5, quando uma grande onda de lama varreu o distrito de Bento Rodrigues e causou destruição a outros distritos da região central de Minas Gerais. Até hoje, ainda havia 12 pessoas desaparecidas. Quatro corpos ainda aguardam identificação e outros sete já foram identificados.

A lama atingiu o Rio Doce, causando danos a outras cidades mineiras e também do estado do Espírito Santo. Provocou a morte de peixes e prejudicou o abastecimento de água em vários municípios banhados pelo rio.

Nesta quarta-feira, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, classificou o caso como “a maior catástrofe do país” e afirmou que a revitalização do Rio Doce vai levar no mínimo dez anos. Ela reconheceu a vida animal deste rio “foi perdida” e que será preciso “fazer um estudo das espécies” para a recuperação. Além disso, citou que será necessário recuperar as nascentes, “que são estruturantes para a manutenção da qualidade ambiental na bacia”.

Neste primeiro momento, a ministra disse que estão sendo feitas “ações emergenciais”, como conter a lama, atender os desabrigados e identificar as vítimas.

Em todo o Brasil, vários municípios, Dioceses e instituições estão promovendo campanhas para arrecadar água e outras doações para os afetados pela tragédia.

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