O presidente da Cáritas Argentina e Bispo de Merlo-Moreno, Dom Fernando Bargalló, advertiu que "existe no país uma realidade concreta e evidente de pobreza e exclusão que reclama todo nosso esforço e compromisso para transformá-la", e assegurou que "não podemos nos desentender, nem negar sua existência".

O Prelado disse além que "tampouco podemos ficar apanhados na discussão teórica a respeito de índices e percentagens, enquanto está em jogo a vida de milhões de crianças, jovens, adultos e anciãos, cuja dolorosa situação não se modifica da noite para o dia, por mais que cresça ou diminua um determinado algarismo".

No editorial do periódico “Pegadas de Esperança”, porta-voz da Caritas, o Bispo sustentou que "o primeiro passo para encontrar a solução a um problema é ver com claridade as causas que o originam".

Depois de considerar que "neste caso, seria alarmante considerar que se deve só a uma questão econômica", porque, explicou, "todos sabemos que as razões de fundo são muito mais profundas: o drama da pobreza tem relação com uma crise de valores e uma crise moral".

Trata-se, disse, de "uma crise assinada pelo individualismo, o egoísmo, a escandalosa concentração de riqueza e poder em uns poucos e a conseqüente debilitação dos vínculos pessoais e sociais, que foram arrastando paulatinamente a uma grande maioria a ficar relegados ao longo do caminho, sem possibilidade de reverter sua situação de exclusão".

O projeto de Deus, continuou, "é que todos e todas possam sentar-se como irmãos na mesa da vida, vida digna e vida plena. Para torná-lo realidade, entretanto, se necessita o nosso compromisso, de nossas mãos e nosso coração. Ele quer que sigamos os rastros de seu Filho Jesus, quem em fidelidade ao amor, até o extremo de dar a vida para que tenhamos Vida, ‘passou fazendo o bem’ a todos, especialmente aos pobres e aos que sofrem, marginados pela sociedade".

Para o Presidente da Caritas Argentina "um enorme desafio que temos hoje como nação é aprender a renunciar a interesses meramente particulares ou setoriais e trabalhar juntos na construção do bem comum, convencidos de que as estruturas justas, ‘condição sem a qual não é possível uma ordem justa na sociedade’, nascem e funcionam ‘a partir de um consenso moral na sociedade sobre os valores fundamentais e sobre a necessidade de viver estes valores com as necessárias renúncias, inclusive contra o interesse pessoal’, como expressa o Santo Padre".

"Sem este consenso sobre os valores fundamentais seria ingênuo, de nossa parte, pensar que poderíamos elaborar estruturas justas em ordem a que nossos povos tenham vida digna e em abundância", adicionou.

Logo afirmou que "consenso, diálogo, compromisso, opção pelos pobres, decisão política, somadas a um novo estilo de liderança que priorize o bem comum, são algumas das chaves necessárias para erradicar a pobreza"

Finalmente alentou a que este sábado 17 de outubro, Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza peçamos a Jesus que "fortaleça nossos passos e ilumine nossas decisões pessoais e sociais, para que cada um, desde sua própria vocação, tarefa ou responsabilidade, e todos, da fraternidade que nos une, construamos juntos, cada vez mais, um país com igualdade de oportunidades para todos".