Na noite de quinta-feira, 8 de março, fiéis da Paróquia Cristo Operário e Santo Cura D’Ars, no Rio de Janeiro, participavam de um mutirão de confissão, preparando-se para a Páscoa, quando foram surpreendidos por homens encapuzados que os assaltaram dentro da igreja.

Conforme relatou à ACI Digital o pároco, Padre Cláudio de Aguiar, era por volta de 19h e 20h, quando o assalto aconteceu na Igreja da Vila Kennedy, zona oeste do Rio de Janeiro, na qual estava um sacerdote e cerca de 15 paroquianos.

“Como estava chovendo e havia tido a intervenção militar pela manhã, acredito que isso amedrontou um pouco os nossos paroquianos de vir às confissões. Em média, nós atendemos 300, 400 pessoas, e neste dia tinha um quarto dessas pessoas. Então, resolvemos dar uma parada um pouco mais cedo e adiantar o jantar para juntar um pouco mais de pessoas. Fomos um grupo de dez padres para jantar e um ficou atendendo uma pessoa, enquanto foram chegando outras”, contou o sacerdote.

Segundo ele, “nesse intervalo, um elemento chegou, rendeu nosso funcionário que estava tomando conta do portão, já encapuzado. Outros elementos ficaram no carro e depois saíram e ficaram fazendo uma espécie de ronda”.

“O homem entrou na Igreja com uma sacola na mochila, pedindo que as pessoas colocassem tudo dentro daquela mochila, todos os tipos de valores. As pessoas, inclusive o padre, tiveram que colocar celulares, alianças, carteiras, tudo dentro da mochila”, relatou o pároco, acrescentando que o assaltante “ameaçou que se alguém olhasse para a cara dele, ia atirar”.

Em seguida, o indivíduo “pediu que todos fossem se enclausurar na Capela do Santíssimo e, segundo quem estava lá, ele usou a expressão Capela do Santíssimo”, contou o presbítero, ressaltando como o assaltante tinha conhecimento dos espaços da Igreja.

Logo após, Pe. Cláudio, que estava jantando com os demais sacerdotes, foi avisado do ocorrido por uma paroquiana que conseguiu sair da Capela do Santíssimo. “Eu vim para dar socorro às pessoas, para acalentar, acalmar toda aquela situação e o grupo ainda estava saindo da capela”.

Pe. Cláudio registrou um boletim de ocorrência em nome da paróquia e outras duas paroquianas fizeram o mesmo, após orientação de um policial, “porque, como teve celulares roubados, ele informou que, pelo número de série, eles conseguem fazer uma busca maior”.

Após este fato vivido na última quinta-feira, o sacerdote admitiu estar “muito assustado”, pois, além de pároco, diz que também é “morador da Vila Kennedy”. “Nasci e me criei aqui, sempre me senti seguro no bairro. E, agora, com uma situação dessas, fiquei assustado, porque a gente se sente inseguro até dentro de casa”, lamentou.

Agora, a Paróquia segue com suas atividades, porém, com maior precaução. Segundo o pároco, Missas e reuniões que acontecem à noite foram transferidas para um horário mais cedo, “porque o mais cedo nos dá certa segurança para que as pessoas voltem ainda com luz clara para as casas, pois a gente observa que determinadas ocorrências, com mais frequência, costumam acontecer após as 22h”.

Assim, “as Missas que eram sempre às 19h, agora passamos para 18h, O número de reuniões que sempre ocorriam após as Missas, às 20h ou 20h30, agora passa a ser 19h. Com relação à Semana Santa, nós já tínhamos passado as Missas que ocorriam às 20h para as 19h”.

Além disso, assinalou que pretendem, “futuramente, instalar câmeras de segurança, para que possamos ter uma visualização melhor das coisas”.

A comunidade da Vila Kennedy é uma das localidades do Rio de Janeiro onde é grande a presença de traficantes, refletindo-se na violência local. Nos últimos dias, a região tem recebido várias operações que acontecem sob a coordenação do Gabinete de Intervenção Federal.

Diante desse momento vivido pela comunidade, Pe. Cláudio indicou que a Igreja “tem escutado, acolhido as pessoas, dando apoio com palavras e orações”. “A gente procura estar sempre com eles”, concluiu.

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