O Papa Francisco lançou um chamado a solucionar de maneira urgente o drama das milhares de crianças migrantes que cruzaram e continuam viajando para os Estados Unidos, fugindo da pobreza e violência do México e outros países da América Central.

Assim o expressou em uma mensagem assinada em 11 de julho e lida pelo Secretário de Estado Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, no “Encontro México e Santa Sé sobre mobilidade humana e desenvolvimento”.

As crianças migrantes aumentam dia a dia, advertiu o Papa. “Esta emergência humanitária requer, em primeiro lugar, intervenção urgente, para que esses menores sejam acolhidos e protegidos. Estas medidas, no entanto, não serão suficientes, a menos que sejam acompanhadas de políticas de informação sobre os perigos de uma tal viagem e, sobretudo, para promover o desenvolvimento em seus países de origem”, expressou.

A seguir a íntegra da mensagem do Papa por cortesia do Portal Canção Nova:

Desejo enviar minha saudação aos organizadores, aos relatores e aos participantes do “Encontro México e Santa Sé sobre mobilidade humana e desenvolvimento”.

A globalização é um fenômeno que nos desafia, especialmente em uma de suas principais manifestações que é a emigração. Trata-se de um dos “sinais” deste tempo em que vivemos e que nos traz de volta para as palavras de Jesus: “E por que não julgais vós mesmos o que é justo?” (Lc 12,57). Apesar do grande fluxo de migrantes presentes em todos os continentes e em quase todos os países, a migração ainda é vista como uma emergência, ou como uma questão circunstancial e esporádica, porém já se tornou uma marca e um desafio de nossa sociedade.

É um fenômeno que traz consigo uma grande promessa com muitos desafios. Muitas pessoas forçadas a emigrar sofrem e muitas vezes morrem tragicamente; muitos de seus direitos são violados; elas são obrigadas a deixarem suas famílias e, infelizmente, continuam a ser objeto de atitudes racistas e xenófobas.

Diante desta situação, repito o que afirma a Mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado deste ano: “É necessário mudança de atitude para com os migrantes e refugiados por parte de todos. A transição de uma atitude de defesa e medo, desinteresse ou exclusão – que, no final, corresponde precisamente à ‘cultura do descartável’ – a uma atitude que tenha na base a ‘cultura do encontro’, a única capaz de construir um mundo mais justo e fraterno, um mundo melhor”.

Eu também gostaria de chamar a atenção para as dezenas de milhares de crianças que migram sozinhos, sem acompanhamento, para escapar da pobreza e da violência, e esta é uma categoria de migrantes da América Central e do México que atravessam a fronteira com os Estados Unidos, em condições extremas, em busca de uma esperança, que a maioria das vezes é vã. Eles estão aumentando dia a dia.

Esta emergência humanitária requer, em primeiro lugar, intervenção urgente, para que esses menores sejam acolhidos e protegidos. Estas medidas, no entanto, não serão suficientes, a menos que sejam acompanhadas de políticas de informação sobre os perigos de uma tal viagem e, sobretudo, para promover o desenvolvimento em seus países de origem. Finalmente, é necessário, diante deste desafio, chamar a atenção de toda a comunidade internacional para a adoção de novas formas de migração legal e segura.

Desejo pleno sucesso à louvável iniciativa do Ministério das Relações Exteriores do governo mexicano de organizar um colóquio de estudo e reflexão sobre o grande desafio da imigração. Dou, de coração, a cada um dos presentes,  a minha Bênção Apostólica.

Papa Francisco

Vaticano, 11 julho de 2014