O Papa Francisco recebeu “com alegria” os bispos da Lituânia em visita ad Limina na manhã deste sábado em Roma. Sua intervenção começou destacando a juventude e o heroísmo de alguns bispos. “Entre vocês há alguns jovens irmãos, mas, sobretudo, alguns prelados que atravessaram o triste período da perseguição”.

O Pontífice destacou que a Lituânia “sempre teve Pastores próximos e solidários ao próprio rebanho”.

“Eles acompanharam com prontidão as pessoas não só no caminho da fé e em enfrentar as dificuldades materiais, mas também na construção civil e cultural da sociedade, que encontra o próprio substrato histórico e sua identidade na força do Evangelho e no amor à Santíssima Mãe de Deus”.

Para o Papa, os bispos lituanos são “herdeiros desta história, deste patrimônio da caridade pastoral”, algo que demonstram “com a energia de suas ações, a comunhão que lhes anima e a perseverança em buscar as metas que o Espírito lhes indica”.

Continuando, assegurou conhecer “os seus cansaços apostólicos”. “Se durante muito tempo a Igreja em seu país foi oprimida por regimes fundados em ideologias contrárias à dignidade e à liberdade humana, hoje devem enfrentar outros perigos, por exemplo, o secularismo e o relativismo”.

Por isso, indicou, “junto a um anúncio incansável do Evangelho e dos valores cristãos, não podem esquecer um diálogo construtivo com todos, mesmo com aqueles que não pertencem à Igreja ou estão afastados da experiência religiosa”.

Francisco pediu aos prelados que velem para que “as comunidades cristãs sejam sempre lugares de acolhida, de um debate aberto e construtivo, estímulo para toda a sociedade na busca do bem comum”.

Além disso, recordou-lhes que acima de tudo é necessário “rezar a Deus para ter sacerdotes generosos e capazes do sacrifício e da decisão” e “também por leigos convictos, para que saibam assumir responsabilidades dentro da comunidade eclesial e dar uma valiosa contribuição cristã à sociedade civil”.

Durante a sua intervenção, o Papa falou também da família, tema central na reflexão da Igreja durante 2014 e 2015. “Animo também vocês, como Pastores, a fazerem a sua contribuição nesta grande obra de discernimento e, sobretudo, a cuidarem da pastoral familiar, de forma que os cônjuges sintam a proximidade da comunidade cristã e sejam ajudados a não se conformar com a mentalidade deste mundo, mas renová-la continuamente no espírito do Evangelho”.

Sobre isto, o Papa destacou que a Lituânia “está exposta ao influxo de ideologias que gostariam de introduzir elementos de desestabilização nas famílias, fruto de um mal compreendido senso de liberdade pessoal”.

Francisco aconselhou os Bispos a terem uma “especial atenção pelas vocações ao sacerdócio e à vida consagrada”.

Com relação a isso, pediu-lhes “uma adequada formação, inicial e permanente dos sacerdotes, das pessoas consagradas, dos seminaristas, prestando particular atenção a sua vida espiritual e moral, também à educação na pobreza evangélica e na gestão dos bens materiais segundo os princípios da Doutrina Social da Igreja”.

“Amem os seus presbíteros, procurem estar disponíveis quando eles lhes buscarem, e não esperem sempre que eles se aproximem, não lhes deixem sozinhos diante das dificuldades. Também tenham um cuidado especial com os catequistas, transmitam-lhes com o seu testemunho a alegria de evangelizar”.

O último conselho do Papa foi sobre a assistência aos pobres. “Apesar do atual desenvolvimento econômico, há muitos necessitados, desocupados, doentes, abandonados”.

“Sejam próximos a eles”, pediu Francisco aos bispos.

“Não se esqueçam daqueles que, sobretudo entre os jovens, por vários motivos, deixam o país e procuram encontrar um novo caminho no exterior. O seu número crescente e as exigências requerem atenção e cuidado pastoral por parte da Conferência Episcopal, para que possam conservar a fé e as tradições religiosas lituanas”, assinalou.